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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

07 novembro, 2025

Guimarães e eu

Aleatoriamente um toque de poesia


Guimarães e eu nos encontramos entre linhas e silêncio. Ele, com sua densidade de palavras, com aquela urgência de quem carrega mundos inteiros em cada frase; eu, com meu desejo de me perder nas palavras, de ouvir o que se esconde nos espaços entre elas.

Há algo em Guimarães que não se explica, apenas se sente. É como um vento que passa devagar, que remexe memórias, que deixa rastros de inquietude e encantamento ao mesmo tempo. Cada personagem seu parece atravessar a pele, tocar a alma e sussurrar segredos que só quem lê com atenção consegue ouvir.

Eu o leio e, de repente, percebo que não estou apenas diante de uma obra, mas diante de meu reflexo: meus medos, meus desejos, minhas contradições tudo refletido com honestidade quase cruel. E, ainda assim, há beleza nessa franqueza, há abraço naquilo que poderia ser desconfortável.

Guimarães e eu temos conversas silenciosas. Ele fala entre as páginas; eu respondo com pensamentos que nem sempre ouso escrever. E no meio desse diálogo, descubro que ler não é apenas decifrar palavras, mas compreender o mundo, e a mim mesma através da lente sensível de outro ser.

Ele me ensina que a vida, como a literatura, é complexa, cheia de nuances, e que não há pressa para entendê-la por completo. Basta sentir, basta se deixar tocar pelas palavras, pelas ideias, pelo ritmo que pulsa entre o que está escrito e o que se guarda em silêncio.

Guimarães e eu: dois viajantes em universos distintos, unidos por páginas que respiram, que inquietam, que amam. E, no fim, descubro que essa companhia literária é também companhia da minha própria alma, que aprende, cresce e se reconhece nas sombras e nas luzes que ele tão generosamente me empresta.





(Fernanda)

18 comentários:

  1. Bom dia de Paz, querida amiga Fernanda!
    Ja ia me levantar da cama...
    Quando me deparo com algo que me diz muito...
    Feliz de quem na literatura se confia!

    "Não estou apenas diante de uma obra, mas diante de meu reflexo".

    Ah! Se todo leitor descobrisse a riqueza de uma obra, de um escrito ou de um post!
    Era muito mais feliz, certamente!
    A identificação obra/ leitor é o prêmio do Escritor.
    Só me resta aplaudir Guimarães e todos autores que se desnudam sem preconceitos para transmitir sua mensagem autêntica.
    Aplausos a você, leitora além das letras!
    Valeu vir aqui para começar meu dia muito melhor ainda...
    Tenha dias abençoados!
    Vamos desnudando nossa alma em palavras...
    Beijinhos fraternos

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    1. Roselia querida,

      É tão bonito perceber quando a palavra desperta em alguém esse encantamento silencioso o instante em que a leitura deixa de ser apenas encontro com um texto e passa a ser espelho da alma.

      Também creio que a verdadeira literatura nasce desse desnudamento que mencionas quando o autor se permite ser humano, inteiro, sem medo de sentir, e o leitor, então, reconhece ali um pedaço de si.

      Teu olhar é de quem lê com o coração desperto.
      Obrigada por essa presença tão afetuosa e por começares o dia comigo, entre letras e bênçãos.

      Com carinho e gratidão,🙏🏻 😘

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  2. Que maravilha quando leitor e autor são conectados pelo mesmo fio! Lindo como relatas isso!
    Obrigadão pelo carinho lá e vamos seguindo pelas curvas, retas e ... da vida,rs...
    beijos,chica, ótimo fds!

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    1. Chica querida,


      É verdade quando leitor e autor se encontram algo mágico acontece: as palavras deixam de ser apenas letras e viram uma ligação bonita e profunda. Abraço e reconhecimento.
      Adorei o novo cantinho 🥰e esse teu jeito leve de olhar a vida entre curvas, retas e risadas, seguimos sempre aprendendo e sentindo.
      🙏🏻

      Obrigada pelo carinho e pela presença doce de sempre.
      Beijos, e um fim de semana cheio de luz e inspiração!

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  3. Fernanda.
    Realmente.
    Guimarães Rosa é sensacional.
    Um escritor, que se fosse americano ou europeu, seria do tamanho do Alexandre Dumas, Mark Twain, Jack London...
    Para o meu gosto pessoal, ele (dos que eu conehço), só não é maior, que o Erico Verissimo.

    Te desejo, ótimas leituras.
    Um abraço.

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    1. Andre,

      Concordo contigo Guimarães Rosa é de uma grandeza que ultrapassa fronteiras. Sua escrita tem a força do sertão e a delicadeza da alma humana. Talvez por isso seja tão difícil compará-lo: ele criou um idioma próprio dentro da nossa língua.

      E que bela lembrança trazes de Érico Verissimo outro gigante, com aquele olhar terno e lúcido sobre o Brasil e as pessoas. Dois mestres, cada um com seu universo, mas igualmente inesquecíveis.

      Obrigada pelo carinho e pela boa conversa literária.
      Um abraço cheio de admiração,🤗

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  4. Nunca li Guimarães Rosa.
    Me assustei com Grandes Sertões Veredas, acho que por causa da linguagem. Acho, não sei se foi isso mesmo.
    De Guimarães Rosa só tenho um Resumo no livro: Literatura Comentada.
    Beijo,

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    1. Liliane,

      entendo perfeitamente tua impressão, muita gente se assusta de início com Grande Sertão: Veredas. A linguagem de Guimarães Rosa é mesmo um território novo: ele inventa, torce e reinventa o português como quem descobre um idioma dentro do idioma.

      Mas sabe o que é bonito? Quando a gente se permite entrar devagar nesse mundo, percebe que há música nas palavras, um sertão inteiro de emoção escondido entre as frases. Talvez começar por alguns contos dele como os de Sagarana, seja uma boa porta de entrada.

      Beijo grande, e que a curiosidade te leve, aos poucos, a se encantar com esse Rosa imenso.

      😘🙏🏻

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  5. Quando venho aqui, querida Fernanda, leio sempre o que tens escrito, aleatoriamente, como dizes, mas com mensagens importantes sobre a vida e sua complexidade; vejo que não tiveste um caminho fácil, mas, com essa dificuldade, aprendeste a ter fé, coragem e resiliência. Quanto às leituras, Amiga, digo-te que sempre gostei muito de ler e, apesar das dificuldades, os meus pais tudo faziam para que eu tivesse um livrinho para ler. Aqui há tempos andei a fazer uma triagem em livros que estavam numa arrecadação ; havia livros dos meus filhos, alguns da primária e outros da faculdade; devolvi-os à casa deles, mas o interessante, é ter encontrado alguns meus, não de estudo, mas de leitura ( hobby ). Estou a relê--los com grande satisfação. Conheço Guimarães Rosa, claro, mas nunca li um livro dele. Falta imperdoável, a minha ! Sabes o que me entristece, Amiga? É a impossibilidade que a maioria dos pais tem para comprarem um livro para os filhos, pois são muito caros; há escolas, principalmente as privadas que têm livros à disposição das crianças ; elas pegam um, comprometendo-se a devolvê -los dias depois. Mas, as crianças mais desfavorecidas? Ficam sem esse bem tão fundamental. Temos as bibliotecas públicas, mas, claro, mais para os adolescentes que podem lá ir sozinhos. E aqui está vida, " complexa, cheia de nuances ", abençoada para muitos, injusta e cruel para tantos outros. Eu estou no grupo dos " abençoados " pela vida e por quê? Que fiz eu de melhor? Nada ! Simplesmente, tive uns pais dedicados, que apesar das dificuldades ( o meu pai era taxista de uma aldeia ) tudo fizeram para que o meu irmão e eu estudassemos e tivessemos um livrinho para ler. Foi esta a minha maior benção, querida Fernanda. Desculpa o tamanho do comentário, mas já deu para perceber que eu gosto de uma boa conversa, não é verdade? Beijinhos
    Emília 🌻 🌻

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    1. Emília querida

      que alegria imensa receber um comentário tão cheio de sabedoria. Tuas palavras são um retrato delicado daquilo que mais me comove: a forma como a leitura se entrelaça com a vida, como um fio silencioso que nos sustenta mesmo nos dias difíceis.

      Fiquei tocada ao imaginar-te reencontrando teus antigos livros há nisso uma ternura quase sagrada, como se cada página guardasse um pedacinho de quem fomos.
      E tens toda a razão: é triste pensar que tantas crianças ainda crescem sem esse bem essencial que é o livro, essa janela para outros mundos. A leitura, quando chega cedo, ensina não apenas a sonhar, mas também a compreender e isso é uma forma profunda de amor e de justiça.

      Agradeço de coração por tua partilha tão generosa e pela sensibilidade com que te aproximas das palavras.
      É sempre um presente te ler tua presença ilumina o espaço e faz a conversa valer a pena.
      Amei!

      Um abraço afetuoso, cheio de gratidão e ternura,

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  6. Que maravilha de texto, Fernandinha, a literatura é isso, um encontro sempre, às vezes bem mais intenso.
    O que seria deste mundinho sem Literatura, sem os grandes escritores que nos levam a pensar, e a descobrir valores as vezes silenciosos no fundinho de nossa alma?
    Magnífico, e seus escritos sempre são maravilhosos!
    Um bom fim de semana, com toda a alegria que existe em você!
    Beijinho, querida. 🌹💜🌻

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    1. Tais querida,

      que alegria ler teu comentário tão cheio de calor e sensibilidade! Tens toda razão a literatura é esse encontro mágico que ultrapassa tempo e distância, que nos faz ver o o que o coração sussurra baixinho.

      Sem ela, o mundo seria mesmo mais estreito, mais mudo. É pelos livros, pelos autores e por leitoras como tu que seguimos descobrindo novos sentidos para a vida e para nós mesmos.

      Obrigada pelo carinho tão doce e constante.
      Desejo que teu fim de semana seja leve, cheio de poesia e daquela alegria mansa que só as almas sensíveis conhecem.

      Com afeto,🙏🏻😘

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  7. Olá Fernanda!
    Gosto de ler Guimarães Rosa. Há muito que não leio nada dele. "Noites de Sertão" é um livro que li há já algum tempo e que gostei muito.
    Como escritor de narrativas, novelas e romances, é um dos grandes nomes do Brasil.
    Por aqui... a chuva continua....

    Um bom fim de semana para ti querisa amiga!
    Grande abraço.

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    1. Albino!

      Guimarães Rosa é realmente um desses autores que a gente não lê a gente escuta, sente, quase conversa com ele, não é? “Noites do Sertão” tem esse encanto de fazer o sertão virar alma. Fico feliz que tenhas lembrado dele!
      Por aqui também chove dessas chuvas que pedem recolhimento e leitura.
      Um bom fim de semana para ti também, meu amigo.
      Abraço com carinho,

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)