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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

02 novembro, 2025

O balão vermelho

Aleatoriamente um toque de poesia



Aysha me perguntou por que, entre os balões que mandamos para o papai, havia um vermelho, e era o meu. Olhou pra mim com aquela curiosidade que só as crianças têm, esperando uma resposta que fizesse sentido até para o coração.

Expliquei, com voz mansa:
Filha, o amor de vocês, de filhos, é tão puro que vai até ele como um abraço leve, cheio de gratidão. O meu balão é vermelho porque carrega algo a mais…

Ela me olhou, intrigada.
Algo a mais, mamãe?

Antes que eu pudesse continuar, Clarinha, sempre a primeira a entender o que nem foi dito, se adiantou:
Manos, vocês não entendem mesmo, né? O da nossa mãe é de mãe. E de mãe tem mais coisas.
Ela tá dizendo pro papai que continua amando ele, mesmo longe.
E também vai um pouco de saudade, de gratidão, de prece… né, mãe?

Sorri. E naquele sorriso cabia tudo o que eu não precisava explicar.
É isso, minha filha. O meu balão é vermelho porque o amor de mãe é assim: mistura o que foi, o que ficou e o que ainda continua existindo, mesmo sem presença.

Ficamos ali, olhando o céu.
Os balões subiam devagar, sumindo entre as nuvens como quem sabe o caminho de casa.
E eu pensei que talvez o amor fosse exatamente isso: algo que o vento não leva, só espalha.



Fernanda

8 comentários:

  1. Que concepção bonita sobre o amor, que texto delicado e bonito. Me sinto enternecida. Obrigada por esse momento.

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    1. Querida Jacilene,

      fico feliz que o texto tenha tocado teu coração. Obrigada por sentir comigo esse momento tão singelo.

      🙏🏻😘

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  2. Tão belo o que acabo de ler Fernanda!
    Tens dois anjos maravilhosos que a vida te deu. No coração de uma criança, o mundo e a vida têm cores diferentes, são aquelas cores que os olhos vêm sem filtros, na sua original pureza.
    Ninguém fica indiferente a tanta ternura.
    E os balões sobem... levando consigo a mais bela das mensagens!

    Mais uma semana que passou, querida amiga. Passou também a chuva, mas está ficando frio. Daqui a pouco vou olhar o crepúsculo do final da tarde....

    Deixo para ti, um terno abraço.

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    1. Albino,

      Agradeço por suas palavras! Elas, são um abraço suave, que aquece o coração. É exatamente assim: as crianças nos lembram das cores puras da vida e dos pequenos milagres cotidianos. Que teu crepúsculo seja sereno e terno, como a amizade que compartilhamos.

      🙏🏻😘

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  3. Boa tarde de domingo, querida amiga Fernanda!
    Que texto lindo!
    Mais belo é toda a carga afetiva contida nele.
    Hioje na missa, houve uma mesa com uma linda coroa posta. Antes do início, todos podiam colocar, num folheto impresso, os nomes dos nossos falecidos. No final, uma belíssima oração por todos eles.
    Mensagem final:
    "Só se vive uma vez e só se morre uma vez".
    No jazigo da nossa famíia, as flores foram depositadas...
    Sim, sua filhinha tem toda razão:
    "O amor de mãe é assim: mistura o que foi, o que ficou e o que ainda continua existindo, mesmo sem presença."
    Bem sei...
    Eu também ofereceria um balão vermelho pelo mesmo motivo seu, junto das minhas lágrimas de MUITA SAUDADE.
    Tenha dias de novembro abençoados, querida!
    Beijinhos fraternos


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    1. Querida Roselia,

      suas palavras tocaram meu coração… há tanta beleza e verdade nesse misto de lembrança, amor e saudade. Que novembro nos permita momentos serenos e cheios de afeto, mesmo entre lágrimas. Beijinhos com carinho.

      🙏🏻😘

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  4. Muito lindo,Nanda e que bom ver tua filha já sabemdo bem exprtessar o que sente e o que tu sentes! Linda homenagem fizeram para o pai! Emocionante! beijos praianos, chica( Adorei aqui e o teu comentário lindo lá!)

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    1. Obrigada querida Chica, pelo carinho sempre!🙏🏻😘

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)