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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

14 dezembro, 2025

Branca de Neve

Aleatoriamente um toque de poesia
Texto que surgiu de um atendimento ontem.



Branca de Neve cresceu acreditando que precisava ser pura, bela e silenciosa para merecer amor.
Que sua maior virtude era não incomodar.
Que sobreviver era agradar.

A madrasta não era apenas uma mulher má diante do espelho 
era o mundo lembrando, todos os dias, que existe sempre alguém mais jovem, mais bonita, mais desejável.
E que, para algumas mulheres, isso basta para virar sentença.

Branca de Neve foge.
Como tantas fogem.
Vai morar com anões que a acolhem, mas logo a colocam no lugar conhecido:
cuide da casa, cozinhe, sorria.
Mesmo protegida, continua servindo.

O conto diz que ela cai por causa de uma maçã.
Eu acho que caiu de cansaço.
De confiar demais.
De acreditar que gentileza sempre encontra gentileza de volta.

E então vem o príncipe.
Beija.
Acorda.
Salva.

Mas gosto de imaginar outra versão.
Uma em que Branca de Neve acorda sozinha.
Entende que não precisa competir com espelhos.
Nem provar pureza.
Nem esperar resgate.

Talvez o verdadeiro despertar seja esse:
quando a mulher percebe que não precisa ser a mais bela da história para ser a protagonista da própria vida.

E segue.
Sem madrasta, sem anões, sem maçã.
Inteira.



Fernanda

Moral da história:
O conto não ensina sobre beleza ou bondade,
ensina sobre o cansaço de mulheres, que aprendem cedo demais a se calar para sobreviver.
 E o verdadeiro final feliz não é ser escolhida,
é escolher-se.😉


Bom Domingo queridos.

2 comentários:

  1. Muito bom!
    Que todas mulheres entendessem assim ! Se valorizassem, ficassem inteiras, sem competições!!! Adorei!
    beijos, chica

    ResponderExcluir
  2. Todas essas histórias infantis eu nunca me preocupei em fazer análises.
    Sempre vi só como histórias infantis.
    Beijo,

    ResponderExcluir

depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)