Não são flores.
São feridas que aprenderam a florir.
O rosa arde.
Não pede permissão ao branco do papel,
invade
como emoção antiga que volta sem avisar.
Um pincel atravessa o silêncio
e, no rastro do gesto,
a vida se espalha em fios,
em nervos,
em respirações abertas.
Cada pétala é um excesso:
do que não coube no peito,
do que doeu bonito,
do que insistiu em ficar.
Essas flores não nascem da calma.
Nascem do tremor da mão,
da coragem de tocar o vazio
e chamá-lo de cor.
O papel aceita.
Sempre aceita.
Porque sabe:
há sentimentos que só existem
quando alguém tem a ousadia
de pintá-los até sangrar luz.
Fernanda
Que este sábado venha
com a delicadeza do cuidado Divino e a força das bênçãos que trabalham em silêncio.
Que cada casa seja tocada por paz, cada coração encontre descanso,
e cada passo seja amparado
mesmo quando ninguém percebe.
Que não falte luz nos pensamentos,
nem esperança nos pequenos gestos,
nem amor, esse milagre simples, que sustenta tudo.
Um sábado inteiro de bênçãos, dessas que chegam mansas
e ficam.🙏🏻🥰

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)