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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

26 dezembro, 2025

Sobre o ano que se aproxima

Aleatoriamente um toque de poesia


O ano que se aproxima vem descalço.
Traz os pés sujos de estrada e um pouco de vento nos bolsos.
Vem sem promessas exageradas, sem fogos de artifício dentro do peito 
mas com uma luz pequena, firme, dessas que não apagam na primeira ventania.

Ele me encontra na porta.
Eu, com as mãos ainda ocupadas com restos de dias antigos,
tentando desaprender as culpas,
tentar não tropeçar no medo de recomeçar.
Ele sorri não exige que eu esteja pronta.
Basta que eu esteja aqui.

O novo ano não pede metas de aço.
Não quer planos que engolem a alma.
Ele pede ternura,
como quem pede um copo d’água depois de uma viagem longa.

Ele sussurra:
que eu me permita ser começo,
mesmo no meio.
Que eu me deixe florescer,
mesmo em terrenos que não compreendo.
Que eu confie naquilo que cresce devagar.

Porque o tempo não corre ele inaugura.
Inaugura modos de olhar.
Inaugura a coragem de ficar.
Inaugura o afeto como quem abre janelas.

O ano que vem vem assim:
como um abraço tímido,
como um domingo que se espreguiça,
como um silêncio que sabe conversar.

E se houver dias de tempestade e haverá 
que eu me lembre de guardar um guarda-chuva no coração,
daqueles feitos de fé.
E se houver dias de sol e haverá 
que eu me permita sentir a pele queimar um pouquinho,
só para lembrar que estou viva.

O ano que se aproxima vem com uma pergunta mansa:
o que é que você deseja continuar sendo?

E eu respondo baixinho,
como quem costura um pedido dentro do peito:
que eu continue sendo caminho.
Que eu continue sendo casa.
Que eu continue sendo.

E o ano, generoso, me diz:
isso já é um começo.


Fernanda

Um comentário:

  1. Bom dia:- Aqui, os poemas não são meras palavras. São perfeitos Hinos à Poesia. São ternura, amor, mensagem, que adoro ler. Elogio e aplaudo a sua inegável inspiração poética.
    .
    Continuação de boas festas
    ..
    “” Poema: - Corações em Chama “
    .

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)