Crônica
Estes tempos eu estava sem tempo para escrever.
Não por falta de vontade, mas por excesso de trabalho, ainda está assim.
Mas quando consigo então é como um extravasar e eu amo.
O cotidiano muitas vezes chega em ondas altas, e eu, muitas vezes, apenas aprendo a respirar entre um plantão e outro. Há rascunhos espalhados pelo blog na edição, textos começados e interrompidos, ideias ainda quentes esperando um colo. Mas, eu queria escrever algo vivo, pulsante, algo da hora mas a hora nunca sobrava.
Foram dias de muitos atendimentos dentro e fora da clínica. Escutas profundas, histórias que se agarravam à gente mesmo depois que a porta se fechava. Há cansaços que não moram no corpo, mas na alma. E quando a alma cansa, o silêncio se torna a única língua possível.
Eu estava exausta.
Mas connseguindo conciliar um pouco agora.
Num desses dias, entre um compromisso e outro, fui ao refeitório. Queria apenas um café forte, desses que tentam acordar o que já está além do despertador. Sentei-me por um instante. Só um. E o corpo, traindo qualquer disciplina, desligou. Adormeci ali mesmo, vencida pelo cansaço.
E foi nesse espaço mínimo entre o sono e o esgotamento que o céu me visitou.
Sonhei com Nossa Senhora. Não uma imagem distante ou solene, mas a mesma que, quando eu era pequena, afirmava com convicção infantil e fé absoluta: ela é a minha mãe. No sonho, ela vinha até mim com passos leves, como quem não quer assustar quem já sofreu demais. Seu olhar tinha aquela calma que não pergunta nada, apenas acolhe.
Ela acariciava meu rosto.
Beijava-me com ternura.
Chamava-me de filha.
Não havia palavras longas, nem sermões, nem explicações. Só presença. Só aquele amor que não cobra, não exige, não pesa. Um amor que sustenta. E ela me abençoava não como quem faz um gesto, um ritual, mas como quem cobre alguém com um manto de cuidado.
Acordei devagar, como quem retorna de um lugar sagrado. E antes mesmo de organizar os pensamentos, percebi o ar diferente. Um cheiro. Um perfume suave e inconfundível de rosas. Tão bonito, tão real, que por um instante pensei que ainda estivesse sonhando.
Mas não estava.
Olhei ao redor. Outras pessoas também perceberam. Não fui só eu quem sentiu. O Céu , quando quer, se faz testemunho. E naquele refeitório comum, sem altar nem velas, algo extraordinário havia acontecido.
Naquele momento entendi que nem sempre o descanso vem em forma de sono longo, férias ou pausas planejadas. Às vezes, ele vem como visita. Vem como lembrança antiga. Vem como mãe que chega quando a filha já não consegue pedir ajuda.
Escrever pode esperar.
O mundo pode aguardar alguns minutos.
Mas a alma, quando chama, precisa ser atendida.
Naquele dia, aprendi que mesmo exausta, mesmo sem tempo, eu não estava só. Fui cuidada. Fui lembrada de quem sou. E voltei diferente mais inteira, mais serena, mais filha.
E talvez seja isso a fé:
um colo que nos encontra exatamente quando a gente adormece de cansaço.
Então com a ajuda da mãezinha, surgiu este texto.
Fernanda
Bom.dia de Paz, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirSalve Maria!
A ùnica Mãe que Deus me deixou aqui na Terra para me dar colo, carinho foi Nossa Senhora, Maria Santíssima... nossa Mãezinha para quem crê.
Sim, é ela que nos cuida e protege.
É ela que nos dá novo motivo de viver, com a permissão do seu Filho, somos cuidadas como filhas.
É ela que nos banha no cansaço, como se fôssemos uma bebê.
Temos tido dias cheios e de coisas boas que também dispendem energia...
Näo fosse nossa Mâe do céu, estaríamos à mercê dos vendavais e cansaços diários.
Amiga, descanse nos Braços da nossa Mãe toda vez que estiver exausta.
Temos uma doce Mãe que nos põe em seu útero toda vez que precisamos.
Tenha dias abençoados e descansados em dezembri!
Beijinhos fraternos
Maravilhoso colo que te aconchegou no sonho!
ResponderExcluirÉ incrível e tu, na certa nunca mais o esquecerá!
Tens razão, quando a alma precisa falar ela sabe mandar recados... Adorei!
Lindo dia!
beijos, chica