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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

Amor sempre....

Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

08 maio, 2025

Minha religião é amar

Aleatoriamente um toque de poesia

Hoje, uma amiga me perguntou: Fê, me responde com sinceridade… qual é a religião certa para ti? Olhei para ela com carinho. E, por dentro, um silêncio bonito se fez. Respirei fundo, como quem ouve uma Voz antiga, que mora lá dentro, aonde nenhuma doutrina chega. E respondi, sem pensar muito, porque o coração foi mais rápido que a razão: Para mim, a religião certa é amar. É isso. Amar. Não conheço verdade mais simples nem mais exigente.

Já vi gente com os joelhos marcados pela reza, mas com o coração fechado para o outro. Já vi quem soubesse de cor os livros sagrados, mas não enxergasse a dor de quem dormia no mesmo quarto. E também vi o contrário: pessoas sem religião, mas com um amor tão verdadeiro que iluminava tudo ao redor.

Amar é a única prática que não precisa de templo, porque faz do próprio corpo um altar. É a única oração que se reza com os braços estendidos, com o prato dividido, com o perdão oferecido mesmo quando dói.

Talvez, no fim das contas, a gente não seja salvo por pertencer a essa ou àquela religião. Talvez sejamos salvos cada vez que escolhemos amar, quando seria mais fácil virar as costas. Amar quando há espinho. Amar quando há silêncio. Amar, mesmo sem retorno.

Se um dia me perguntarem no Céu qual era a minha religião, quero poder dizer com serenidade:  Senhor, tentei amar. Escolhi amar. Porque vi de perto o que o desamor faz. Vi a fé ser pretexto para julgar e vi Deus sendo usado como ameaça. Mesmo pequena, mesmo falha. Mas amei.

Amar é a oração mais profunda que conheço. E se Deus habita mesmo em algum lugar, e sei que habita em todos os lugares. Deve ser naquele instante em que alguém escolhe amar em vez de revidar. Amar em vez de condenar. Amar, simplesmente amar.

Escolhi amar, essa é minha fé. Essa é minha estrada. Porque amar me devolve à essência e me aproxima do Céu, mesmo com os pés na terra.


6 comentários:

  1. Olá, querida amiga Fernanda!
    Sou católica coo deve saber, mas o amor é minha prioridade também.
    Também já vi gente como as que relata aqui...
    Faço de tudo para não ser uma delas pois iria ferir o Coração Divino que é o que não quero.
    Já feri, já fui ferida, agora, quero ficar ao lado de Deus Amor pois só assim conseguirei perdoar aos que me feriram.
    O mais é com o próximo.
    Viver o céu cá na Terra é possível, independente de teorias e de adversidades.
    Gosto das pessoas sinceras, creio, piamente, que Deus também. O que não quer dizer que sejamos sem ética.
    Tenha os dias abençoados e cheios de Amor!
    Beijinhos fraternos de paz





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    1. Querida Roselia, que palavras doces e tão profundamente verdadeiras!
      É bonito ver sua fé expressa com tanto amor e simplicidade. Sim, o que fere o Coração Divino não é a dúvida, nem as quedas, mas a falta de amor e de verdade. Todos já ferimos e já fomos feridos, como você disse tão bem… mas há uma beleza sagrada no recomeço, no desejo sincero de caminhar ao lado do Amor.
      E eu também creio nisso: viver o céu aqui na Terra é possível não por ausência de dor, mas pela escolha diária de perdoar, de acolher, de ser presença. Deus habita o coração sincero, aquele que se oferece inteiro, mesmo ferido.
      Obrigada por compartilhar sua luz comigo.
      Que o Amor siga sendo teu norte e também tua morada.

      Com carinho e paz,
      Fernanda

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  2. Você respondeu bem. É mais ou menos isso que Tiago diz em sua epístola. Toda religião, de forma geral, busca comunhão com Deus (ou com os Deuses) e uma relação sadia com o próximo. O problema é que a religião foi criada pelo homem, bichinho difícil de entender...capaz de gestos de bondade e de gestos de violência e desamor.
    Não sou um "religioso", mas me considero quase um "místico" no sentido em que a existência de tudo me faz contemplar o absurdo que é haver alguma coisa ao invés do nada. Conheço bem a teologia cristã, já que há muito tempo, cursei um seminário protestante. Mas como você bem diz, não é "doutrina certa" que é mais importante, e sim, suas atitudes.
    Porque ainda que a fé esmoreça, sempre temos nossas ações para mostrar nossa fé, como também escreveu Tiago.

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    1. Eduardo, suas palavras ampliam com muita sensibilidade o que eu também acredito: mais do que um rótulo religioso, é a coerência entre fé e atitude que revela o que verdadeiramente cremos.
      Tiago realmente nos chama à prática, à vivência concreta ao cuidado com o outro como expressão do divino em nós.
      E você descreve isso com beleza, especialmente quando fala desse “espírito místico”, que contempla o mistério da existência com humildade.
      A religião pode ser um caminho, mas quando ela se distancia do amor e da compaixão, perde sua essência.
      Obrigada por essa partilha tão lúcida e humana.

      Fernanda

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  3. Gosto das suas confissões, gosto do modo que você as diz ou as faz. Suas palavras, o modo de encadeá-las passam ao leitor uma confiança. Esse é caminho que se aprende em todas as religiões ou é o ensinado, não sabemos se é o aprendido. Mas suas palavras ecoam fortemente no leitor, mexem com os seus brios ou suas convicções. Claro, eu sei que não é a sua intenção. Não escreve para convencer o leitor das suas convicções; às vezes, as escrevemos para que tenhamos a certeza de que é o caninho que desejamos fazer. Ou o fazemos segundo as nossas convicções...
    Gosto da sua estética, da sua liberdade para dizer a si mesmo o que você deseja ouvir e ecoar no outro.
    Um abraço, Fernanda!

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    1. Prezado Eros,

      Agradeço, com sincera consideração, suas palavras tão generosas e reflexivas.
      É raro encontrar quem leia não apenas o conteúdo exposto, mas também o que se insinua nas entrelinhas e o senhor o fez com grande sensibilidade.
      De fato, não escrevo para convencer, mas para compreender. Há momentos em que preciso nomear o que sinto, organizar o que me inquieta, e as palavras tornam-se um espelho onde busco reconhecer o caminho que desejo trilhar.
      Se, nesse processo íntimo, minhas reflexões alcançam o outro e o tocam de alguma forma, recebo isso como um presente, não como um mérito.
      Sua leitura atenta e seu retorno delicado me confirmam que a escrita, mesmo quando nasce de um gesto solitário, tem o poder de construir sintonias silenciosas.
      Receba minha gratidão e o respeito de sempre.

      Atenciosamente,
      Fernanda

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)