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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

11 maio, 2025

O batalhão que me completa

Aleatoriamente um toque de poesia
Diário 



Muitas vezes, ao olharem para quem mora nas calçadas, veem ameaça. Desvio de rota, pressa no passo, olhos que não querem encontrar os olhos. Mas eu aprendi cedo que nem tudo que assusta é perigoso, e que às vezes, o que parece desordem por fora é apenas dor que ninguém soube acolher.

Convivi com tantos rostos esquecidos gente com fome de pão, sim, mas também com fome de abraço, de escuta, de uma chance. Meu batalhão vem daí: das margens, dos descuidos do mundo. São meus porque me reconheço neles. Porque vi nos olhos deles o mesmo desejo que me habitava: o de ser vista, o de ter uma história, o de ser amados.

Quando eu era pequena, queria tanto aprender a escrever que catava folhas sujas no lixo. Nenhuma palavra me era dada de graça  eu fui juntando letras como quem costura retalhos, formando frases com os restos do descaso. Mesmo assim, aprendi. E escrevi. E continuo escrevendo.

A vida, por mais dura, me ensinou mais com seus silêncios do que com seus discursos. E se hoje posso ensinar alguma coisa, que seja isso: o amor precisa ser exemplo, não só palavra. Amor é ato. É olhar sem medo, é acolher sem julgamento, é resistir ao egoísmo cotidiano com pequenos gestos de dignidade.

Meu batalhão é grande. E não é feito de soldados, mas de sobreviventes. De corações que não se renderam. De gente que sorri com os olhos, mesmo quando os” bolsos” estão "vazios". E eu, no meio deles, me sinto inteira, privilegiada, agraciada! Nenhum deles carrega diferenças, carregam o sangue do meu coração.


7 comentários:

  1. Olá, querida amiga Fernanda!
    "Fome de abraço, de escuta, de uma chance. "

    Com toda certeza o mundo e nós com ele precisamos de tudo o que disse aqui...
    Somos famintos de afeto.
    Só Deus pode nos plenificar de todo o necessitado pelo nosso interior tão destroçado.
    Ele é Amor verdadeiro.
    Sermos sobreviventes da vida nos põe em posição privilegiada em relação a quem tudo teve e não valoriza.
    Sejamos resilientes, guerreiras e agradecidas ao Bom Deus por tudo e por tanto.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinhos fraternos de paz.


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  2. É um lindo batalhão e contigo marcha e marchará sempre em frente! beijos, chica

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  3. Olá Fernanda um final feliz neste dia dedicado às mães, estas guerreiras que fazem de tudo pela prole. Posso entender bem suas palavras e sei como teceu sua colcha de palavras. Há um exercito de seres invisíveis pela sociedade, seres que só desejam um olhar, uma palavra doce.
    A gente precisa muito aprender a ver nestes olhos o desejo de acolhimento, que os tirem da invisibilidade.
    Bom fim de noite e feliz semana Fernadinha.
    Bjs e paz no coração.

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  4. "Meu batalhão é grande. E não é feito de soldados, mas de sobreviventes."
    Seu texto é fabuloso. Li e reli e fiquei encantado com as suas palavras, com um conteúdo que merece uma reflexão atenta.
    Boa semana querida amiga Fernanda.
    Um abraço.

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    1. Querido Jaime,

      Obrigada por suas palavras tão generosas e atentas. Saber que o texto te tocou dessa forma me alegra profundamente porque escrevê-lo foi como abrir uma janela da alma.

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  5. Olá.

    O mundo está cheio (cheio até demais) de gente perdida, de infâncias corrompidas, de gente sem rumo. Gente com fome. Também de gente que tem tudo e que não tem paz.

    O ser humano é uma cauda perdida, já disse alguém. O ser humano é um projeto que fracassou, disse outro. Mas um outro disse algo poderoso, que poderia mudar tudo: Amai-vos uns aos outros.
    De tão elevado, parece até utopia.

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  6. Eduardo,
    Tua reflexão toca fundo é como um espelho da realidade que muitos evitam olhar.
    “Amai-vos uns aos outros” parece utopia, sim… mas talvez seja justamente essa utopia que ainda nos salva.

    Com carinho,
    Fernanda

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)