Muitas vezes, ao olharem para quem mora nas calçadas, veem ameaça. Desvio de rota, pressa no passo, olhos que não querem encontrar os olhos. Mas eu aprendi cedo que nem tudo que assusta é perigoso, e que às vezes, o que parece desordem por fora é apenas dor que ninguém soube acolher.
Convivi com
tantos rostos esquecidos gente com fome de pão, sim, mas também com fome de
abraço, de escuta, de uma chance. Meu batalhão vem daí: das margens, dos
descuidos do mundo. São meus porque me reconheço neles. Porque vi nos olhos
deles o mesmo desejo que me habitava: o de ser vista, o de ter uma história, o
de ser amados.
Quando eu
era pequena, queria tanto aprender a escrever que catava folhas sujas no lixo.
Nenhuma palavra me era dada de graça eu
fui juntando letras como quem costura retalhos, formando frases com os restos
do descaso. Mesmo assim, aprendi. E escrevi. E continuo escrevendo.
A vida, por
mais dura, me ensinou mais com seus silêncios do que com seus discursos. E se
hoje posso ensinar alguma coisa, que seja isso: o amor precisa ser exemplo, não
só palavra. Amor é ato. É olhar sem medo, é acolher sem julgamento, é resistir
ao egoísmo cotidiano com pequenos gestos de dignidade.
Meu batalhão
é grande. E não é feito de soldados, mas de sobreviventes. De corações que não
se renderam. De gente que sorri com os olhos, mesmo quando os” bolsos” estão "vazios". E eu, no meio deles, me sinto inteira, privilegiada, agraciada! Nenhum
deles carrega diferenças, carregam o sangue do meu coração.
Olá, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluir"Fome de abraço, de escuta, de uma chance. "
Com toda certeza o mundo e nós com ele precisamos de tudo o que disse aqui...
Somos famintos de afeto.
Só Deus pode nos plenificar de todo o necessitado pelo nosso interior tão destroçado.
Ele é Amor verdadeiro.
Sermos sobreviventes da vida nos põe em posição privilegiada em relação a quem tudo teve e não valoriza.
Sejamos resilientes, guerreiras e agradecidas ao Bom Deus por tudo e por tanto.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos de paz.
É um lindo batalhão e contigo marcha e marchará sempre em frente! beijos, chica
ResponderExcluirOlá Fernanda um final feliz neste dia dedicado às mães, estas guerreiras que fazem de tudo pela prole. Posso entender bem suas palavras e sei como teceu sua colcha de palavras. Há um exercito de seres invisíveis pela sociedade, seres que só desejam um olhar, uma palavra doce.
ResponderExcluirA gente precisa muito aprender a ver nestes olhos o desejo de acolhimento, que os tirem da invisibilidade.
Bom fim de noite e feliz semana Fernadinha.
Bjs e paz no coração.
"Meu batalhão é grande. E não é feito de soldados, mas de sobreviventes."
ResponderExcluirSeu texto é fabuloso. Li e reli e fiquei encantado com as suas palavras, com um conteúdo que merece uma reflexão atenta.
Boa semana querida amiga Fernanda.
Um abraço.
Querido Jaime,
ExcluirObrigada por suas palavras tão generosas e atentas. Saber que o texto te tocou dessa forma me alegra profundamente porque escrevê-lo foi como abrir uma janela da alma.
Olá.
ResponderExcluirO mundo está cheio (cheio até demais) de gente perdida, de infâncias corrompidas, de gente sem rumo. Gente com fome. Também de gente que tem tudo e que não tem paz.
O ser humano é uma cauda perdida, já disse alguém. O ser humano é um projeto que fracassou, disse outro. Mas um outro disse algo poderoso, que poderia mudar tudo: Amai-vos uns aos outros.
De tão elevado, parece até utopia.
Eduardo,
ResponderExcluirTua reflexão toca fundo é como um espelho da realidade que muitos evitam olhar.
“Amai-vos uns aos outros” parece utopia, sim… mas talvez seja justamente essa utopia que ainda nos salva.
Com carinho,
Fernanda