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15 maio, 2025
O Grilo Falante
3 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Que lindo,Nanda e temos sempre que abrir espaço ao silêncio que fala...Pode um grilinho nos aconselhar ou, pelo menos, fazer pensar! Adorei! Bjs,tuuuudo de bom,chica
ResponderExcluirO problema, querida Nanda, são aqueles seres, ditos humanos, cuja consciência está maculada pelos valores invertidos. Para eles O Grilo Falante nem fala mais.
ResponderExcluirLindo texto, linda e oportuna Fábula.
bjs, marli.
Olá, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirAmo o silêncio e só produzo muito porque tenho uma vida em silêncio de agitações, tumultos ou similares.
Aprendi sobre o silêncio, em como fazê-lo mesmo em meio aos demais, nos retiros espirituais beneditinos e inacianos.
Como me fez bem!
O silêncio fecundo é povoado... de tanto.
Gostei do tema.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos fraternos de paz