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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

Amor sempre....

Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

08 maio, 2025

Pares de mãos

Aleatoriamente um toque de poesia
Entrada de diário:

Hoje, sem que fosse combinado, os quatro estavam sentados na cozinha ao mesmo tempo. Meus sogros  os pais do Felipe, e meus pais adotivos. Duas histórias tão diferentes, duas formas de amor que me sustentaram em épocas distintas da vida… agora dividindo o mesmo pão, o mesmo café, o mesmo silêncio cheio de significado ali.

Olhei para as mãos deles. As mãos que me seguraram em tantos momentos. Mãos que cuidaram dos meus filhos, que embalaram netos, que ajudaram a me reerguer quando eu mesma duvidei que conseguiria.

Meu pai adotivo contava uma história antiga daquelas que já ouvi mil vezes, mas que sempre vem com um sorriso. Minha mãe ria baixo, enquanto minha sogra mexia o chá como quem mexe o tempo, descrevendo dos dias em que Felipe chegava correndo da escola.

Houve um instante em que todos riram juntos. Riram de algo simples, cotidiano, mas a risada deles parecia costurar o passado e o presente numa manta quente de pertencimento. E ali, naquele instante, entendi que  a vida me deu mais de um lar. Mais de um colo.

Eles me ensinaram que o amor não tem forma única, nem exige sangue para ser real. E que, mesmo depois da dor, é possível acolher de novo. Sentar-se à mesa com o que foi, com o que é, e brindar a vida como ela se apresenta cheia de surpresas e novas chances.

Andre me aconchegou em seus braços e eu sorri. Hoje, vi nos olhos deles um acordo silencioso.Todos ali ainda estão cuidando de mim, à sua maneira. E eu tão agradecida por tudo!


8 comentários:

  1. Olá, querida amiga Fernanda!
    Vir aqui é encher o coração de ternura.
    "Costurar o passado e o presente numa manta quente de pertencimento. "
    Sinto o mesmo quando estou com meu padrinho que meu pai me deixou de herança ao partir.
    Sim, é possível amar mesmo sem ser amado até.
    Mesmo que a vida não nos dê mais novas chances, vale a pena viver.
    Tenha dias assim de pertencimento abençoados!
    Beijinhos fraternos

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    1. Querida Roselia,
      Suas palavras aquecem como esse “manto de pertencimento” que mencionei. Que linda herança a vida te deixou no carinho do seu padrinho é nesse tipo de afeto que a gente costura os fios da memória com o presente, mesmo quando há ausências. E sim, como você disse com tanta sensibilidade, amar mesmo sem ser amado também é parte da grandeza de viver. Que nossos dias sigam assim: feitos de afeto, fé e pertencimento.
      Beijinhos com carinho e gratidão pelo seu olhar sempre tão generoso.

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  2. Olá, tudo bem?

    Que belo cenário este quando famílias se reúnem e o resultado da reunião são esses doces sentimentos que você compartilhou.
    É pra agradecer aos céus ,a Deus, a quem estiver lá em cima, porque família é uma negócio complicado. A convivência quase sempre é cheia de contratempos, brigas e discussões. Principalmente quando entra herança no meio...

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    1. Olá, Eduardo, querido. Tudo em paz por aqui, e contigo?
      Sim… quando a família se reúne e o que nasce disso é ternura, é preciso agradecer e muito. Porque família, como você bem disse, é um mistério divino e humano ao mesmo tempo. É onde a alma aprende, se testa, se cura e, muitas vezes, também se fere.
      As heranças materiais, tantas vezes, expõem o que estava escondido vaidades, disputas, ausências. Mas as espirituais… ah, essas são eternas. São os gestos que viram bênçãos, as memórias que viram oração, os vínculos que nem a morte desfaz. Deus, na sua infinita sabedoria, nos coloca em famílias não para que tudo seja perfeito, mas para que cresçamos no amor mesmo quando ele é desafiador.
      Sigamos, então, com fé.
      Pois onde houver uma fresta de luz, ali há espaço para recomeço.

      “Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito.”
      (Colossenses 3:14)
      Abraço!

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  3. Lindo e tocante e momentos assim nos alegram, renovam!
    Aviso que resolvi voltar só com um blog!
    beijos, chica

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    1. Chica querida,
      Que alegria saber que decidiu continuar com o blog! Sua presença é dessas que renovam mesmo com leveza, sensibilidade e aquele jeitinho tão seu de tocar o coração da gente com palavras simples e cheias de alma. Momentos assim nos lembram que estar aqui, partilhando sentimentos e cotidianos, ainda vale muito a pena.
      Bem-vinda de volta ao seu cantinho, que também é nosso!
      Beijos com carinho.

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  4. Ia dizer-lhe estava entrando com o alfabeto do silêncio e ficaria contrito observando a reunião das duas famílias, o congraçamento, a união, a cumplicidade, o amor, mas achei que poderia dizer-lhe quanto alegria saber que você costurar o passado e o presente numa manta quente de pertencimento. Ainda não é tudo, mas o caminho está pavimentado... Vou repetir: gosto da espontaneidade dos seus textos e da poesia que deles emana.
    Abraços, Fernanda!

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  5. Eros, suas palavras são como essa manta que você mencionou aquecem, envolvem e acolhem. Há algo profundamente bonito na sua maneira de observar com delicadeza e expressar com sentimentos. Recebo esse afeto com gratidão e deixo que ele se deite ao lado das minhas memórias costuradas. Sim, ainda não é tudo… mas já é caminho, e isso basta por agora.

    Abraço terno,
    Fernanda

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)