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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

Amor sempre....

Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

06 maio, 2025

Perguntas com olhos de criança

Aleatoriamente um toque de poesia

Clara e José têm o dom de perguntar como quem planta estrelas no silêncio. Eles chegam com olhos atentos, cheios de mundo, querendo saber tudo: por que o céu muda de cor? Como é que o amor começa? Deus também sente saudade?

E eu, mesmo quando não sei todas as respostas, tento respondê-las com doçura porque mais do que a resposta, eles ouvem o tom. Eles e esperam que eu seja macia com o mundo, como quem acolhe, como quem traduz o mistério com afeto.

Às vezes, eu paro o que estou fazendo, respiro fundo, e digo: “Ah, meus filhotes… que pergunta bonita vocês fizeram.” E então, devagarinho, vou concebendo um caminho entre o que sei e o que sinto, entre a razão e a poesia.

Eles não querem precisão querem presença. E eu quero que eles saibam, desde agora, que amor também se escreve assim: com escuta, com tempo, com olhos nos olhos.


4 comentários:

  1. Olá, querida amiga Fernanda!
    Meus olhos se enchem de lágrimas diante de perguntas do tipo:
    Deus também sente saudade?
    Ele aguentaria, na certa.
    Eu, quase morro de tanta saudade dos meus amados.
    Criança é num protótipo do ser humano legítimo, eles querem o mesmo que nós: presença marcante e fiel.
    Estou amando conhecer seus amores do coração.
    Tenha dias novos abençoados!
    Beijinhos fraternos

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    1. Querida Roselia,
      Suas palavras me tocam fundo, como um sussurro terno vindo de alguém que também já sentiu o peso doce da saudade. Sim, criança é esse espelho puro da alma querem presença, abraço, verdade. E talvez seja isso que Deus mais entende em nós: essa fome de amor contínuo. Fico feliz demais por você estar conhecendo meus amores do coração. Eles são meu chão e meu céu em dias nublados. Que seus dias também sejam abençoados e repletos de carinho.

      Com gratidão,
      Fernanda

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  2. Fernanda,
    Quanta delicadeza há no seu texto para falar da curiosidade de Clara e José. E como você não perde a oportunidade para falar do amor que deve ser cultivado desde a mais tenra idade. É claro que esse jeito de “acolher, como quem traduzo mistério com afeto” deve ser tônica com os pequenos e os grandes, com olhos nos olhos, sempre. Talvez possamos ter um mundo melhor.
    Um abraço,
    P.S.:
    Obrigado pela lucidez do seu comentário lá no meu blogue.

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    1. Eros,
      Que alegria ler suas palavras! Elas me abraçam como um eco do que acredito e tento viver todos os dias: que o amor, quando semeado cedo, floresce para sempre. Traduzir mistérios com afeto é, para mim, a forma mais bonita de ensinar e de aprender também. Que bom saber que esse olhar encontrou ressonância no seu. Sim, talvez e que esperança bonita há nesse “talvez” possamos ter um mundo melhor se cultivarmos mais encontros assim: olhos nos olhos, palavra com alma.

      Um abraço com gratidão,

      Fernanda

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)