A vida
sempre foi cheia de barulhos. O choro abafado nos corredores do orfanato. Os
passos apressados de quem nunca voltava. Os ruídos da rua, misturados ao
silêncio dentro de mim. Isto sempre irei lembrar.
Eu fui
aprendendo a montar as letras em folhas soltas. Ali, montei
meus cadernos cheios de erros de português, mas eram as mais bonitas palavras.
pois eram minhas vivências.
Mas escrever…
escrever era o único som que fazia sentido.
Era como se,
ao riscar o papel, eu abrisse uma fresta entre o mundo e minha alma. Ali, eu
não precisava ser forte, nem invisível. Ali, eu podia ser só… eu.
Não escrevia
para ser lida. Escrevia para me escutar. Era minha forma de conversar comigo
mesma, de ordenar o caos, de entender o que eu sentia antes mesmo de saber o
nome daquilo.
Havia noites
em que tudo doía demais e então eu escrevia. Outras em que o mundo parecia
gentil e eu também escrevia. Era como respirar com palavras. Como juntar os
cacos do dia para não me perder de mim.
Hoje, ainda
é assim. A escrita continua sendo minha casa secreta, meu espelho mais honesto.
Quando escrevo, me escuto. E, ao me escutar, volto a me encontrar.
E que bom que esse som te fez e faz escrever. E isso cada vez mais lindamente ! Tão bom te ler e saber que te faz bem, colocar no papel o que vai dentro de ti!
ResponderExcluirbeijos, lindo fds! chica
Chica querida,
Excluirtuas palavras são como abraço em forma de comentário.
É mesmo isso: escrever me salva, me organiza, me devolve. E saber que alguém como você se toca pelo que escrevo… ah, isso também me faz bem!
Obrigada sempre pelo teu olhar tão generoso.
Beijos e um fim de semana iluminado pra ti! 🙏🏻
Nanda!
Olá, Fernanda,
ResponderExcluirMe pergunto, se leio ou a escuto. Ou se leio seus escritos, escutando-a. Mas o faço silenciosamente para não interromper o seu escutar, o seu ouvir. Escutar-se para descobrir-se, para revelar-se. Poder escutar a si mesma é sempre uma descoberta, seria como uma terapia a sós. Me pergunto isto existe? Se não existia, passou existir neste divã que você criou para si pela escrita de si. É preciso ler-se para cuidar-se e deixar como exemplo de como se revestiu sua vida. Tomo a sua escrita como uma fatia de sol e nela nos renovamos com o seu exemplo.
Um abraço, Fernanda!
Eros querido,
ResponderExcluirque comentário mais delicado… me senti escutada nas entrelinhas, como se você ouvisse até o que escrevo em silêncio.
Sim, talvez escrever seja isso: sentar-se no próprio divã e escutar as camadas escondidas da alma.
E quando alguém lê com esse cuidado sem interromper, como você tão bem disse algo se cura em mim. Obrigada por transformar a leitura em acolhimento. Tua “fatia de sol” me aqueceu.
Um abraço cheio de gratidão, 🙏🏻
Fernanda!
Querida amiga Fernanda, mais uma vez venho aqui me abastecer de espiritualidade.
ResponderExcluirCheguei há pouco da missa dominical e venho plena de lá.
Aqui, continuo a oração...
"A escrita continua sendo minha casa secreta, meu espelho mais honesto. "
Em meus livros, costumo colocar a frase de Anne Frank como mote de vida:
O papel tem mais paciência do que as pessoas.
Vejo que, ´para nós, a escrita é pura catarse e encontro com nosso eu real.
Tenha um junho abençoado e inspirado!
Beijinhos fraternos de paz e bem