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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

30 maio, 2025

Quando escrevo, me escuto

Aleatoriamente um toque de poesia

A vida sempre foi cheia de barulhos. O choro abafado nos corredores do orfanato. Os passos apressados de quem nunca voltava. Os ruídos da rua, misturados ao silêncio dentro de mim. Isto sempre irei lembrar.

Eu fui aprendendo a montar as letras em folhas soltas. Ali, montei meus cadernos cheios de erros de português, mas eram as mais bonitas palavras. pois eram minhas vivências.

Mas escrever… escrever era o único som que fazia sentido.

Era como se, ao riscar o papel, eu abrisse uma fresta entre o mundo e minha alma. Ali, eu não precisava ser forte, nem invisível. Ali, eu podia ser só… eu.

Não escrevia para ser lida. Escrevia para me escutar. Era minha forma de conversar comigo mesma, de ordenar o caos, de entender o que eu sentia antes mesmo de saber o nome daquilo.

Havia noites em que tudo doía demais e então eu escrevia. Outras em que o mundo parecia gentil e eu também escrevia. Era como respirar com palavras. Como juntar os cacos do dia para não me perder de mim.

Hoje, ainda é assim. A escrita continua sendo minha casa secreta, meu espelho mais honesto. Quando escrevo, me escuto. E, ao me escutar, volto a me encontrar.


5 comentários:

  1. E que bom que esse som te fez e faz escrever. E isso cada vez mais lindamente ! Tão bom te ler e saber que te faz bem, colocar no papel o que vai dentro de ti!

    beijos, lindo fds! chica

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    1. Chica querida,
      tuas palavras são como abraço em forma de comentário.
      É mesmo isso: escrever me salva, me organiza, me devolve. E saber que alguém como você se toca pelo que escrevo… ah, isso também me faz bem!
      Obrigada sempre pelo teu olhar tão generoso.
      Beijos e um fim de semana iluminado pra ti! 🙏🏻

      Nanda!

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  2. Olá, Fernanda,
    Me pergunto, se leio ou a escuto. Ou se leio seus escritos, escutando-a. Mas o faço silenciosamente para não interromper o seu escutar, o seu ouvir. Escutar-se para descobrir-se, para revelar-se. Poder escutar a si mesma é sempre uma descoberta, seria como uma terapia a sós. Me pergunto isto existe? Se não existia, passou existir neste divã que você criou para si pela escrita de si. É preciso ler-se para cuidar-se e deixar como exemplo de como se revestiu sua vida. Tomo a sua escrita como uma fatia de sol e nela nos renovamos com o seu exemplo.
    Um abraço, Fernanda!

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  3. Eros querido,

    que comentário mais delicado… me senti escutada nas entrelinhas, como se você ouvisse até o que escrevo em silêncio.
    Sim, talvez escrever seja isso: sentar-se no próprio divã e escutar as camadas escondidas da alma.
    E quando alguém lê com esse cuidado sem interromper, como você tão bem disse algo se cura em mim. Obrigada por transformar a leitura em acolhimento. Tua “fatia de sol” me aqueceu.

    Um abraço cheio de gratidão, 🙏🏻
    Fernanda!

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  4. Querida amiga Fernanda, mais uma vez venho aqui me abastecer de espiritualidade.
    Cheguei há pouco da missa dominical e venho plena de lá.
    Aqui, continuo a oração...
    "A escrita continua sendo minha casa secreta, meu espelho mais honesto. "
    Em meus livros, costumo colocar a frase de Anne Frank como mote de vida:
    O papel tem mais paciência do que as pessoas.
    Vejo que, ´para nós, a escrita é pura catarse e encontro com nosso eu real.
    Tenha um junho abençoado e inspirado!
    Beijinhos fraternos de paz e bem

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)