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18 agosto, 2025
Conversa
7 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Lendo e viajando Fernanda. Lembranças de uma moradia em Belo Horizonte, um barracão no fundo de uma casa. Barracão de uma só queda de agua e nos dias de chuvas os objetos do terceiro compunha uma sinfonia com os pingos da chuva em goteiras. A chuva tem este lado romantico, se se permite escutar a musica que vem das goteiras. Gostei de relembrar aquele cantinho do jovem estudante numa capital.
ResponderExcluirAbraços e feliz semana amiga.
Chuvinhas leves são sempre boas e nada melhor para dormir com o barulhinho delas! Lindo,Nanda!
ResponderExcluirbeijos praianos, ótimo dia, tudo de bom,chica
Bom dia de paz, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirQue uma noite tão bonita cheia se presença seja indício se um dia confortável em todos os níveis do seu ser!
Amo as presenças que Deus nos envia para acalentar nossa solitude.
Tenha um dia abençoado!
Beijinhos fraternos com chuviscos de carinho
Lindo, Fernannda!!!
ResponderExcluirMuito sutil e inspirada a sua percepção do momento.
Minha esposa fala que eu sou inimigo do silêncio.
Quanto tudo está calmo e ralaxante eu já coloco uma música pra desopilar.
Kkkkkkkkkkkk.
Escrevo com o som em bom e alto volume.
Leio assim.
Eles dizem que sou maluco.
Até pra dormir, se tiver um barulho desses irritantes, tipo, alguém marretando algo... Isso não me incomoda nem um pouco.
Mas no meio da noite, as vezes, antes de dormir, quando estou lendo e as pessoas já estão na cama, eu também curto um silêncio.
O barulinho da chuva também é gostoso.
Seu texto é delicado e sensivel.
Um abraço minha amiga!!!
Nanda, a minha presença na tua presença para agradecer a lucidez do teu comentário lá no meu cantinho.
ResponderExcluirGosto dos teus comentários, pois acho que você não gosta de superfície. Seu mergulho é fundo, e o teu fôlego é invejável.
Certíssima, ao afirmar que há beleza até nos dias cinzas e música até no silêncio.
A beleza está em nossos olhos quando fitamos de alto e baixo e desvelamos tudo de qualquer altura como você sempre o faz, pois aprendeu a olhar o outro lado das coisas,
Um abraço grande, Nanda!
José Carlos
Este post é um abraço silencioso da noite — a autora, Fernanda, descreve com poesia como a chuva transforma o ambiente, criando uma atmosfera de serenidade e introspecção. A metáfora da noite como amiga de silêncios e mistérios nos convida a apreciar a beleza dos momentos simples e a encontrar paz na presença tranquila da chuva.
ResponderExcluirCom amor,
Daniela Silva 🦋
Alma‑leveblog.blogspot.com — espero pela tua visita no meu blog
Olá Fernanda.
ResponderExcluirNo aconchego deste “santuário” delineado em sua escrita, espelha toda a graciosidade de sua alma, os mistérios da natureza e tudo o mais que é belo.
Até parece que a vida à volta de sua poética vira festa até mesmo em dias cinéreos e no silêncio.
Maravilhado, parabenizo-lhe entusiasticamente, querida amiga.
Um abraço com afeto e votos de feliz semana.