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20 agosto, 2025
Trilhas do Infinito
2 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
E são tantos os momentos que quase nos fazem parar pra melhor viver e contemplar! Adorei! Linda foto,um amor! beijos praianos, tudo de bom,chica
ResponderExcluirEsta é a prática e gosto do exercício do poeta. Aqui, por exemplo, ele nos bafeja com as trilhas do infinito capturadas no processo de criação da vida e comunga com o de poetizar, nos oferecendo de modo próprio e apropriado os caminhos que na sua poética o chamamos de prática, de modelo. Há quem pense como Rabelais que a poesia é uma virtude do inútil, mas ao ler os seus poemas, como este, ela coloca o leitor no caminho de si mesmo. E segue Fernanda abrindo brechas para que o seu leitor encontre sua trilha!
ResponderExcluirAbraços, querida!