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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

30 agosto, 2025

Déjà Vu

Aleatoriamente um toque de poesia


Sentei-me à mesa com Dona Matilde, e antes mesmo de o café tocar meus lábios, senti.
Como uma onda silenciosa quebrando por dentro: eu já estive aqui.
O cheiro do café, o jeito como ela mexia o açúcar,
o modo como a luz da manhã se derramava pela janela…
tudo parecia repetido de uma lembrança que eu nunca vivi.

Era como se o tempo me piscasse os olhos,
soprando segredos de um instante que já foi.
Talvez em outro tempo, outra vida,
ou talvez num sonho que insisti em esquecer.

Olhei para ela. Ela também parou.
A xícara suspensa no ar, os olhos distantes.
Você sentiu? perguntei, sem saber bem o quê.
Ela sorriu com ternura, como quem já sabe o nome dos mistérios.
Às vezes, o coração reconhece o que a mente não alcança.

E assim, seguimos: eu, ela e aquele instante eterno,
repetido como poesia no fundo da alma.
Chamam de déjà vu.
Eu chamo de reencontro.



Fernanda

8 comentários:

  1. Tão impressionante quando essesa momentos acontecem e realmente deste o nome certo: reencontros!
    Chegam a arrepiar! beijos praianos, bom domingo, chica

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    1. Querida Chica,

      como é bonito quando conseguimos dar nome aos momentos certos! Esses reencontros realmente arrepiam e aquecem a alma. Dá para sentir o sol, o mar e a leveza de um domingo vivido com presença. Beijos praianos de volta!

      😘🙏🏻

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  2. Bom final de sábado querida amiga Fernanda!
    Há coisas que tem cheirinho de mistério...
    São sensações inexplicáveis.
    "Às vezes, o coração reconhece o que a mente não alcança."
    Ainda bem!
    Nossas mentes estão insensíveis, muitas vezes... racionalizam tudo e todos.
    Já 'o coração tem razões que a própria razão desconhece'...
    Reencontros são poesias revisadas.
    Teremos muitas ainda na vida que nos farão felizes quando, naquele momento, nada nos faria tão bem.
    Tenha um domingo abençoado!
    Beijinhos fraternos e novos dias felizes


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    1. Querida Roselia,

      que delícia ler você! Concordo plenamente: o coração percebe o que a mente não alcança, e é nisso que mora a beleza dos reencontros e das pequenas surpresas da vida. São poesias vivas que nos tocam na hora certa, trazendo alegria e sentido inesperado. Que seu domingo tenha sido tão leve e abençoado quanto suas palavras! Beijinhos carinhosos.

      😘🙏🏻

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  3. Querida Fernanda,
    Há na vida momentos de um certo misticismo que nos deixam em silêncio, como se algo nos fizesse levitar. Há quem diga que são pensamentos de alguém que nos tocam, com energia bastante para nos suspender no tempo. Eu não acredito em teorias não comprovadas, mas também é verdade que há coisas que váo além da perplexidade... Há tantas coisas na vida que não sabemos explicar ...!!
    Os mistérios da vida são sempre algo perturbador. Mas o melhor é não pensar nisso!

    Tem um bom fim de semana minha querida amiga...
    Um carinhoso abraço!

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    1. Querido Albino,

      ler você é sentir essa leveza que só os mistérios da vida podem trazer. Há momentos que nos fazem levitar, realmente, e mesmo sem explicação racional, eles nos tocam profundamente. Concordo: às vezes o melhor é apenas deixar acontecer, sem tentar entender tudo. Que seu fim de semana seja sereno e cheio de pequenas surpresas que encantam. Um abraço carinhoso de volta!

      😘🙏🏻

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  4. Bacana, isso não é?
    Eu tinha muito quando era mais novo. Acho que envelheci e fechei minha consciência para esses estranhos eventos que se lembra sem ter vivido. Ou vivido sem ser lembrado.

    Fernanda, bom domingo e bons déjà vus.

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    1. Querido Eduardo,

      Eduardo, que interessante o seu olhar! Acho que esses “estranhos eventos” são como gritos da vida, pedaços que se entrelaçam entre memória e sensação. Às vezes, o tempo tem cautela, mas também nos dá a chance de perceber os déjà vus com mais serenidade, quase como pequenos presentes.Que seu domingo seja leve, cheio dessas lembranças misteriosas e deliciosas!

      🙏🏻😘

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)