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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

02 outubro, 2025

Você é sua própria cura

Aleatoriamente um toque de poesia




Cheguei tão alegre no trabalho e uma de minhas amigas já estava cinza. Não era a cor da roupa, era a cor da alma. Os olhos baixos, o sorriso apagado, o corpo ali, mas a presença distante.

Naquele instante, percebi como muitas vezes a gente se acostuma a andar cinza por dentro, esperando que algo ou alguém venha nos devolver o colorido. Mas as cores não caem do céu: elas precisam nascer de dentro de nós.

Olhei para ela e pensei em quantas vezes nos deixamos acinzentar! Silenciamos, esperando que a vida nos cure. Até descobrir que: a cura não chega se não a convido. É quando decido me acolher, quando me permito rir de novo, quando respiro fundo e escolho não me abandonar, que tudo flui.

Há feridas que ninguém vê, mas que sangram por dentro. Há dores que não se explicam, apenas se sentem. E, diante delas, quase sempre esperamos que alguém venha nos salvar, nos resgatar, nos devolver ao que acreditamos ter perdido.

Mas a verdade é que a cura raramente vem de fora. Ela nasce dentro, no instante em que você decide se acolher. Quando escolhe se ouvir, se perdoar, se respeitar. Quando entende que não precisa mais fugir de si, mas aprender a caminhar ao lado das próprias sombras.

Não tenha medo de ser sua própria cura. Isso não significa carregar tudo sozinho, mas assumir a parte que é sua: o gesto de se levantar, a coragem de recomeçar, o cuidado de se tratar com amor.

Você é seu próprio remédio quando descobre que pode se reinventar, quando troca a rigidez pela ternura, a cobrança pela paciência, o medo pela confiança.

A cura não é mágica nem instantânea.
É um processo. Mas começa quando você decide: 
“não vou me abandonar”. 
E a partir daí, a vida se abre.


Fernanda
A maior cura começa quando você escolhe permanecer ao seu próprio lado.😜


14 comentários:

  1. Sabes,Nanda o que acontece comigo? Parece que em qualquwer lugar onde vou ou chego, há alguém precisando "ser levantada"...E precisam pouco, conversar, ser ouvidas! Pra nós nada custa, mas elas saem muito melhores! E depois parecem engender que devem se colorir por dentro, ter reserva de brilhos e cores interiores, pois asim podem enfrentar os "cinzas" da vida que sempre aparecem.... Adorei te ler! beijos praianos, chica

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    1. Chica,

      que coisa mais linda o que você disse!
      É isso mesmo: muitas vezes o que o outro precisa é tão simples, um olhar, uma escuta, uma palavra… e já se abre espaço para que a cor volte por dentro.
      Fiquei encantada com essa imagem de “reserva de brilhos e cores interiores”, tão necessária para atravessar os cinzas da vida.

      Beijos com carinho,😘

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  2. Olá Fernanda!
    Isso é um aprendizado constante minha amiga.
    A gente não se deixar abater pelos problemas da vida não é fácil.
    Ainda mais pra nós ocidentais, que somos imediatistas,não é fácil.
    O cristianismo não trata isso, como as religiões orientais, que tratam de karmas e crescimento espiritual.
    A gente, normalmente, não entende bem essas coisas.
    Guardamos mágoas, rancores e pensamentos ruins que se deixarmos, nos acompanharão pela vida toda.
    Saber rir dos problemas e saber que eles vão passar, não é pra todo mundo.
    Por isso, vamos encontrar ao longo do caminho, muitas pessoas tristes.
    Nossa missão: Entender e ajudar, mas sem pegar o problema pra gente.

    Tenha um lindo dia... Colorida Fefê!!!

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    1. Andre,

      que comentário profundo e cheio de verdade!
      Realmente, aprender a atravessar os problemas sem se deixar sufocar por eles é um exercício diário. Como você bem disse, rir das dificuldades é quase um dom mas também pode ser um aprendizado, se a gente se permitir. E é isso: podemos acolher, entender, estender a mão, mas sem carregar o peso que não nos pertence. Obrigada pela partilha tão rica, meu amigo.
      Um lindo e iluminado dia pra você também!

      Com carinho,😘

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  3. Boa tarde de paz, querida amiga Fernanda!
    Meu Deus! Parece que você anda lendo mentes...
    "Era a cor da alma. "
    Ontem, no Clube de Leitura, enquanto eu fazia uma dinâmica com o grupo, surgiu a questão da cura... partilhei a regressão que fiz, falamos do amor próprio. Do amar-se, em primeiro lugar. É questão de misericórdia... O nosso primeiro próximo somos nós.
    Assim podemos auxiliar as cores acinzentadas dos irmãos que necessitam de um abraço, uma palavra de apoio, um carinho sincero.
    Eu já me acinzentei muito, desisti de tal cor, preciso estar azul, querida. Os anos que me restam, primo por estar azul...
    Eu não posso viver meus dias restantes querendo amores que não me querem, por exemplo (cinzenta cor), não posso me deprimir por quem não me valoriza (cinzenta cor).
    Preciso reagir... tomar novo rumo, novo tom.
    Tenho feito assim, o sorriso brota mais fácil, independente das lágrimas quererem competir com meu eu real.
    “não vou me abandonar”.
    NINGUÉM merece tal disparate, amiga.
    Adoro o tipo de post assim.
    Onde você fala e eu respondo...
    Muita sabedoria em suas palavras.
    Tenha um outubro abençoado!
    Vou colorir minha tarde agora, pegar um pão de café com passas fresquinho na padaria aqui pertinho.
    Vem tomar café comigo?
    Beijinhos fraternos


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    1. Roselia,

      que coisa mais linda esse seu depoimento!
      Tocou profundamente meu coração ver como você transforma suas próprias experiências em aprendizado e força. Essa decisão de não se acinzentar mais, de buscar o azul dos dias e o sorriso apesar das lágrimas, é um verdadeiro ato de amor-próprio. E é isso mesmo: ninguém merece ser abandonado por si mesmo. Sua fala é um lembrete poderoso de que o primeiro abraço precisa ser o nosso.
      Aceito esse café com o coração, amiga! Obrigada por me trazer esse sopro de vida e cores.
      Beijinhos fraternos e um outubro bem azul para você também! 😘

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  4. Excelente o teu texto minha amiga!
    Por vezes as sombras nos envolvem impedindo que a luz do sol nos ilumine. E, não é apenas o olhar que perde o brilho, também fica escuro dentro de nós. É quando a tristeza nos invade, como uma mágoa que persiste em atormentar a alma. Quando isso acontece, devemos não perder o controlo, ter confiança em nós próprios, acreditar nas nossas próprias forças, e esperar que um raio de sol comece, lentamente, a incidir sobre nós, até que a sombra se dissipe e o sorriso volte de novo aos nossos lábios e extinga todas as mágoas.
    Uma palavra amiga... também, tantas vezes, é o que precisamos psra nos alevar a autoestima e a confiança em nós próprios.
    As tuas palavras... são isso mesmo Fernanda. Depois de te ler tudo se torna mais límpido e promissor!
    Que tenhas um fim de semana abençoado.
    Fica o meu abraço.

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    1. Albino,

      que palavras tão generosas e sensíveis!
      Fico imensamente feliz que o meu texto tenha conseguido tocar dessa forma. É exatamente isso: às vezes a sombra nos envolve, mas a confiança, a paciência e uma palavra amiga têm o poder de trazer de volta a luz.
      Agradeço de coração pelo carinho e pela leitura tão atenta. Que o seu fim de semana seja igualmente abençoado, leve e cheio de raios de sol internos.

      Um abraço fraterno,🙏🏻

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  5. É isso.
    As palavras são até fofas, mas desenvolver esse amor próprio não é nada fofo nem lindo, é necessário. E muitas vezes ainda sigamos errando e continunado, se recompondo e se reestruturando.

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    1. Fabiano,

      Quando li teu comentário, o que mais me chamou atenção foi a honestidade. Você tira do amor-próprio aquele verniz de frase de efeito “fofo, lindo, inspirador” e devolve a ele a sua realidade dura: é necessário, não opcional.
      Eu me identifiquei muito com essa ideia de que o processo não é linear. Quantas vezes a gente tenta se amar e, no meio do caminho, tropeça de novo nas mesmas inseguranças? O que você faz aqui é reconhecer essa imperfeição: amar-se não é um evento mágico, é um trabalho constante de se recompor e se reestruturar.
      Gosto do uso das palavras “errando” e “continuando” juntas. Elas carregam um ensinamento silencioso: não existe amor-próprio sem falha, mas também não existe sem persistência. Amar-se, na prática, é cair e levantar muitas vezes, é aprender a se acolher mesmo quando não deu certo. O que parece um texto simples, para mim, é um lembrete profundo: amor-próprio não é poesia bonita de redes sociais, é exercício diário de paciência consigo mesmo, um exercício que pede coragem para recomeçar sempre.
      Valeu!

      Abraço

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  6. Comp alguém disse atras,a vida é de facto uma aprendizagem constante.
    Gostei bastante de ler

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  7. Fernanda, um texto bem intrigante. De fato, tudo começa com a aceitação e a reação. Não julgo o mau humor das pessoas, pois há momentos na vida em que o mau humor domina mesmo e é difícil até forçar um sorriso. Alegria e tristeza também tem muito (ou talvez tudo) de química cerebral. Porém, você está certa ao dizer que se não partir de nós, a mudança não vem. Precisamos até reagir às nossas químicas.

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    1. Querido Eduardo,

      que comentário bonito o seu, cheio de lucidez. Concordo plenamente: todos nós passamos por momentos em que o mau humor domina, e forçar um sorriso seria quase uma violência contra nós mesmos. A vida tem dessas marés químicas e emocionais, e reconhecê-las já é um primeiro passo.
      Mas, como você bem destacou, se a reação não parte de dentro, nenhuma mudança se sustenta. Podemos acolher a tristeza ou a irritação, mas também precisamos escolher o instante em que vamos respirar fundo e virar a chave. É nesse gesto consciente que está a verdadeira liberdade.
      Obrigada pela leitura atenta e pela forma generosa como você amplia a reflexão. É sempre muito enriquecedor receber suas palavras.
      Com carinho, 🙏🏻

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)