Nosso mascote pitoco
Bom dia, querido Pai,
Bom Dia domingo.
Obrigada por este dia!🙏🏻
Há algo de deliciosamente encantador em acordar neste dia que, embora pertença ao calendário como qualquer outro, insiste em se apresentar com uma suavidade que os restantes parecem desconhecer. O domingo chega sem alarde, mas com a distinta habilidade de nos recordar que a vida, por vezes, é mais generosa do que ousamos admitir.
É o dia em que até os pensamentos parecem caminhar com mais delicadeza, como se usassem luvas de renda. Um leve sopro de sossego passeia pela casa, convidando-nos a apreciar as pequenas coisas: o sol atravessando a janela com modos impecáveis, o café que se demora na xícara, e essa rara sensação de que o mundo, por um instante, decidiu não exigir nada de nós.
Que cada um encontre, neste domingo, não apenas descanso, mas aquele gosto sutil de esperança que cada um de nós apreciaria, essa esperança que nasce quando o coração, finalmente, tem tempo de ser ouvido.
Desejo que seu dia, siga com alegria, saúde e a graça dos melhores encontros literários: simples, sincero e repleto de bons presságios.
Com delicadeza,
Fernanda

Nenhum comentário:
Postar um comentário
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)