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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

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Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

25 novembro, 2025

Não Culpe a Deus pelos Seus Infortúnios

Aleatoriamente um toque de poesia



Há dias em que a vida parece decidir brincar de ser vento forte. Abre as janelas sem pedir licença, vira nossos papéis, espalha nossas certezas pelo chão e ainda reclama que fizemos bagunça. É nesses dias que muita gente, num suspiro impaciente, olha para o céu e diz:  Por quê, meu Deus?

Mas, com o tempo e com alguns "tropeços" que não nego aprendi uma coisa que mudou tudo: Deus não é o autor dos meus infortúnios. É o amparo que segura minha coluna quando eles chegam.

A gente tem mania de transformar Deus em gerente de destino, como se Ele estivesse lá em cima distribuindo sol e tempestade conforme humor ou merecimento. Mas a vida é muito mais complexa que isso. A vida é consequência. É semeadura. É escolha. É retorno. É estrada que se faz ao caminhar  inclusive com as pedras que nós mesmos colocamos.

Lembro-me de uma senhora que encontrei na clinica  outro dia. Sentou-se na minha frente, com olhos marejados, e desabafou: Deus me castiga demais.
Eu segurei sua mão e respondi com a doçura que aprendi com os mais velhos:
Minha querida… Deus não castiga. Deus sustenta.

E sustenta mesmo.
Sustenta quando a perda parece arrancar o chão.
Sustenta quando o corpo não acompanha a alma cansada.
Sustenta quando o sonho que demoramos a bordar se desfaz como renda velha.
Sustenta nos instantes em que só conseguimos chorar porque, às vezes, é só isso que conseguimos.

O que Ele não faz é nos colocar no sofrimento como quem coloca um aluno de castigo. A vida, com suas curvas e descaminhos, já se encarrega de nos ensinar. E, cá entre nós, quase sempre aprendemos mais com os tropeços do que com os acertos.

Culpar Deus é simples. É rápido. É quase automático.
Difícil mesmo é assumir que parte dos nossos infortúnios nasce das nossas decisões, da nossa pressa, das nossas teimosias. Difícil é reconhecer que, às vezes, fomos nós que entramos em portas fechadas, insistimos em afetos que já tinham ido embora, gastamos nossas forças com o que não nos nutria.

Deus não cria nossas dores, Ele cria caminhos para que a gente passe por elas.

E quando o sol volta, porque volta, é sempre Ele quem colore o céu primeiro.

Quando algo me acontece, respiro fundo e digo:
Senhor, me ajuda a entender.
Não “por quê?”, mas “para quê?”.
Não “por que comigo?”, mas “o que devo aprender?”.

E aí a vida, generosa como quem sabe esperar, vai desvelando aos poucos os fios que antes pareciam nós. No fundo, essa é a grande verdade: não culpe a Deus pelos seus infortúnios. Agradeça pelo ombro que sustenta você enquanto atravessa cada um deles.



Fernanda

Um comentário do nosso amigo Luciano me fez refletir.
E criei este texto!
Obrigada amigo poeta






2 comentários:

  1. Durante muito tempo eu acreditei, seguindo as doutrinas cristãs, que Deus não somente criou tudo mas também intervinha nos negócios humanos. Durante os anos, depois de muitas leituras e reflexões, cheguei à conclusão que isso não pode ser assim. Primeiro que nem mesmo temos certeza que haja um ser tal qual chamamos de "Deus" - só podemos acreditar pela via da fé. Inda mais se esse Deus a todo momento estiver mexendo nas pecinhas da história humana premiando alguns e castigando a outros ao seu bel prazer, apenas por ser "absoluto e pode fazer o que quiser", como pensa o ramo calvinista do cristianismo.
    Cada cabeça de devoto é uma cabeça diferente e uma crença diferente. Você acredita que Deus não faz assim, outro tem certeza que ele faz.
    E o que realmente Deus faz? Quem dá mais...?

    abraços.

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  2. Eduardo, querido,

    que reflexão rica a sua.
    E é bonito ver alguém pensar a própria fé ou a ausência dela com tanta honestidade.

    Eu apenas vejo de um outro jeito, mais simples talvez.
    Para mim, Deus não é esse “manipulador de pecinhas”, movendo destinos, premiando uns e punindo outros. Também não acho que Ele interfira como quem escolhe favoritos. Se fosse assim, realmente seria incoerente, injusto e até cruel.

    O que acredito e claro, é só a minha vivência é que Deus não interfere nos acontecimentos, mas sim em nós. Não muda os fatos: muda as forças. Não impede a dor: oferece amparo para atravessá-la. Não controla o mundo: sustenta a gente dentro dele.

    E isso, para mim, não precisa nem de prova.
    Basta perceber quando uma serenidade inesperada aparece no meio de uma falta de ordem, quando uma coragem chega “do nada”, quando uma pessoa surge justamente no momento em que mais precisamos.
    Alguns chamam de acaso.
    Eu chamo de Deus fazendo o que sempre fez: sussurrando força onde parecia não haver nenhuma.

    Mas é como você disse cada cabeça vive Deus
    (ou não) de um jeito.
    E talvez o mais bonito seja isso: a fé não é para convencer ninguém, é para iluminar quem sente.

    De toda forma, sua reflexão traz um ponto que vale ouro: se existe ou não, se intervém ou não, ainda assim vale a pena pensar sobre o que fazemos com a vida, com a dor e com a esperança.

    Porque, no fim, Deus pode até ser uma dúvida mas o bem que fazemos no mundo nunca é.

    Abraço fraterno, Eduardo.
    Tenha uma linda noite 🙏🏻

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)