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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

27 novembro, 2025

Tudo que uma mulher leva na bolsa😉

Aleatoriamente um toque de poesia




Hoje  acordei com uma vontade súbita de falar sobre bolsas. Mas o dia foi só correria então, deixei pra escrever a noite.

Bolsas? Sim, bolsas. Porque, se tem um objeto que denuncia quem somos sem precisar abrir a boca, é ela. E como eu mesma vivo tropeçando na minha e no que mora dentro dela achei justo trazer esse assunto pra mesa. Então, vamos falar de bolsa?

Toda mulher carrega uma bolsa que, de tão misteriosa, merecia constar no catálogo das sete maravilhas contemporâneas. Não porque seja bonita embora muitas sejam mas porque ali dentro vive um pequeno universo portátil, um cosmos dobrado, amassado, esquecido, urgente, e às vezes até vencido.

Se um dia alguém me pedisse para definir a alma feminina, eu não usaria metáforas grandiosas. Eu apontaria para a bolsa. Aquela companheira silenciosa, sempre estufada de mais vida do que o mundo imagina.

Porque ali, entre o batom e o boleto, mora a mulher inteira.

Na minha, por exemplo, tem sempre um hidratante. Porque mulher desidratada não pensa, não ama, não filosofa 😊e eu tenho a pretensão de fazer as três coisas. Tem também um caderninho, meio torto, onde escrevo pensamentos que surgem no cafezinho, na fila do banco ou no meio de alguma dor inesperada. Nele, há frases começadas e nunca terminadas, como muitas das minhas conversas comigo mesma.

E sempre há um elástico de cabelo, mesmo quando estou de cabelo solto, talvez um lembrete de que tudo pode ser reorganizado, amarrado, domado, ainda que apenas por alguns minutos.

Carrego uma coleção involuntária de recibos do mercado, que insistem em sobreviver mais do que meus planos financeiros. Tem um remédio para dor de cabeça haha porque ser mulher em 2025 exige preparo para as pressões externas e internas. Tem também uma caneta que nunca funciona, mas que me recuso a jogar fora porque, em algum nível, acredito que um dia ela se redima.

E não posso esquecer a chave da casa, que se esconde no fundo como se tivesse medo de assumir responsabilidade. A chave é a mais rebelde; sempre desaparece quando estou com pressa, mas aparece num instante quando estou tranquila. Parece até gente.

Mas o que pesa mesmo não é o objeto é o que ele significa.

Cada mulher leva na bolsa aquilo que não pode deixar cair no mundo: sua pressa, sua falta de tempo, seu desespero contido, sua ternura, seus cuidados, seu improviso.

Carrega também memórias: de uma maternidade iminente ou negada, de um amor que tentou e outro que desistiu, de uma amiga que disse “tá tudo bem?” e não estava, de um perfume que lembra alguém que não volta mais.

A bolsa é o lugar onde a gente coloca aquilo que ninguém vê, mas que sustenta a gente enquanto atravessamos a vida.

E por isso eu digo: desconfie da leveza de uma bolsa. Se ela pesa pouco, é porque a mulher está carregando tudo dentro de si.

A bolsa é só o arquivo externo.

Nós somos o HD.
E seguimos haha 😛 elegantes, atrasadas, caóticas, fortes, equilibrando o mundo inteiro dentro de um zíper. E você? Me diga, o que carrega na sua? 

Será,  que os meninos, irão falar sobre as bolsas de suas princesas? Quem sabe? 🤗


Fernanda

2 comentários:

  1. Nossa minha bolsa rsrs tem tantas coisas, e sim tem sentimentos, dores, segredos tudo dentro de uma bolsa. Rsrs
    Que lindo texto, tão sensível, profundo, amei. Parabéns!

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  2. Olá, Fernanda, ainda não consigo entender por que as mulheres levam tantas coisas nas suas bolsas.
    Em casa, às vezes a Taís me pede para apanhar alguma coisa que está na sua bolsa, eu digo a ela que não farei isso, porque tenho medo de encontrar coisas
    que possam morder ou ter veneno, então pego a bolsa fechada e levo no local onde ela está, para que abra a sua bolsa.
    A bolsa da Taís está 3 vezes mais pesada do que a pasta que carrego.
    Gostei muito dessa sua crônica!
    Grande abraço, amiga Fernanda, um bom final de semana.

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)