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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

10 julho, 2016

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O dia chega todo prosa, o sol aponta lá no horizonte.
Caminho fazendo o mesmo trajeto e uma voz me chama antes que eu suba o primeiro degrau da calçada. Uma voz conhecida, amiga e carinhosa. Senhor Josias, o dono da padaria.

- Olá Fernanda! Bom dia sol da manhã!
Eu lhe dou um sorriso escancarado e o cumprimento com alegria.
Bom dia Senhor Josias, sua alegria faz a minha alegria tão feliz.
- Você tem cada frase bonita menina.
Lhe respondo: é o amor.
Então o banquete me espera, olho o jeito dele organizar o meu café da manhã com o esmero de uma princesa. Lhe agradeço e cheiro o pão que está quentinho e a manteiga leve lhe dando um sabor majestoso. O café com leite bem quentinho penso: Não existe banquete melhor que este por certo, obrigada Senhor do alto, por este café da manhã tão gostoso e cheio de amor. Dona Ana, esposa do senhor Josias pega o seu café também e vem sentar-se comigo à mesa, chega dona Laura e também já se organiza em outra cadeira, enfim vão chegando os meus companheiros de café da manhã e eu olho aquela mesa rodeada de amigos que eu amo, e meus olhos “sorriem” animadoramente enquanto a boca mastiga o pão num encostar a cabeça ao ombro dos dois que sentam mais próximos a mim. Senhor Josias e dona Ana, os donos da padaria.

Experimentar essa sensação todos os dias é um presente dos céus, consigo sentir a fortaleza da alegria deles nesse compartilhar familiar nosso de todos os dias. Cada um distribui a mim um carinho sem timidez, onde as palavras são o cobertor para o sopro frio da hora e da manhã. Dizer o tamanho desse carinho seria impossível já que o amor faz tudo ficar tão imenso quando o seu toque é certeiro. Obrigada Deus, por semear na minha vida estes milagres de “pequenos” mimos ao meu coração.

Assim vou me despedindo de cada um e levando comigo o desejo deles de que o meu dia seja de bênçãos e de proteção. Saio e entro no ônibus que parece mais um lugar onde podemos afagar a tristeza ou aplaudir a felicidade de alguém. Tenho alguns amigos que já conheço da viagem de todos os dias, então quase tenho um lugarzinho guardado à minha espera.

“Ajoelho” minha mente, quero dizer, fecho meus olhos para terminar a minha oração do pai nosso, que parei para falar com os meus amigos de ônibus e agora rendo-me “Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém!”

Sei que as palavras movem rumos, assim como o sorriso, o bom dia, boa tarde, boa noite. É tão bom ver que alguém nos percebe e se importa.
Li na primeira frase da camisa de uma moça: “gosto de ser prosaica e daí? ” Fiquei imaginando se ela sabia o que quer dizer aquela palavra “prosaica”. Continuei refletindo, e de repente ela chega e senta na cadeira que Andréia havia deixado vazia. Eu a olho e sorrio, e ela baixa a cabeça. Então vejo a capa do livro que ela tem nas mãos
 (As Cinzas de Ângela de Frank Mccourt.)

Lhe perguntei se era bom o livro, ela me disse que ainda estava folheando, mas não tinha ainda um assunto por ele. Eu lhe disse que achei interessante o nome e se eu poderia anotá-lo. Ela concordou e eu anotei o nome do livro. Mas fiquei tentando de alguma forma me aproximar da moça, porque gostei muito dela. Antes de chegar no meu ponto já sabia que ela se chamava Vânia, e que era revoltada com muitas coisas e uma delas era ter descoberto no mês passado que o seu pai não era o pai que ela conhecia, e que por conta de um exame de sangue precisou se revelar a bomba que ela agora carregava com ela, palavras dela. Trocamos e-mails e eu lhe perguntei, se gostava mesmo daquela frase em sua camisa. Ela disse que desde esse dia se sente prosaica porque é coisa de genética.

Então lhe disse que não poderia pensar desta forma, sua mãe deveria ter suas explicações para aquilo, e que mesmo estas explicações não lhe agradando, ela ficou com ela porque a amava, e quem carrega amor não pode ter uma genética prosaica.

Fiquei pensativa... Pode ser um incomodo isto tudo agora, porque a sua história estava toda completa na visão de uma pessoa jovem, e que não teve muito aprendizado lá fora na vida, e que talvez, tudo isso seja pesado demais para a sensibilidade que ela deve carregar, mas se precisa refletir de todos os ângulos numa questão.

E se de repente sua mãe tem uma resposta que seja coerente para aquelas interrogações? Mirrar e se calar não vai trazer claridade para a moça. Só sua mãe pode trazer-lhe a segurança para aquela posição de revolta. Mas para isso ela precisa dar a essa senhora uma chance.

Quando você percebe que o mundo é imenso e que carrega várias histórias de vida, você compreende mais forte a base de Deus nessa imensidão. Deve ser um imenso trabalho organizar este planeta hein Deus? Há muitas pessoas que não encaram o caminho e acham muito mais fácil virar a esquina e deixar para trás a compreensão, o entendimento, o aprendizado.

Na vida há encontros e desencontros. No dia que eu nasci eu já desencontrei a minha mãe, mas o seu amor por mim, me deixou num lugar que ela julgava bom para a minha meninice. E confortou seu coração dizendo que voltaria para me buscar. Eu a amei, sempre a amarei, sei que ela teve seus motivos e eu não posso julgá-la. Hoje tenho uma mãe tão preciosa e ela para mim é um tesouro valioso.

A resistência de entender o que nos acontece é que torna alto demais para a chegada da resposta. Espreguice-se, role na cama, mande a pena que sente de si próprio ir caminhar em outra direção. Abarque os problemas de frente, afinal você se acha um adulto agora, ou já até seja. Não culpe ninguém por coisas que você nem sequer quis entender. Se temos um problema, precisamos resolver. Encare como enfermidade que precisa ser curada. Se você não compreende mas pelo menos tentou entender, só não faça disso uma esculhambação com sua dignidade, não se maltrate gritando sua raiva para o mundo com frases chulas. Ao invés disso escreva: (Nunca é tarde para amar).

 
Autoria: Fernanda
Imagem: Net

2 comentários:

  1. E eu pensei na Fernandinha e disse:
    Vou lá dar um abraço nela e desejar que tenha sono bom e lindo amanhecer.
    E vi que seu amanhecer ter gosto,nome,poesia e isto é muito bom, é carícias.
    Manhã com gosto de pão quente na crocante e o som na boca invade a alma e faz agradecer o pão, que veio lá do trigo, que alguém que não sabemos plantou.
    Compartilhar sentimentos, dores,alegrias nos faz melhores e maiores e assim ousadamente pensamos mais perto do Pai. Carregar as dores do mundo, não assimilar o sofrimento faz sofrer ainda mais.
    Bonito texto Fernandinha e que a vida lhe sorria em cada manhã e faça festa neste lindo coração.
    Bom lhe ver e ler e saber acima dos sofrimentos.

    Um abração com todo carinho amiga.
    Bju no seu coração.
    Um bom domingo abençoado.

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    Respostas
    1. E eu senti o seu pensar, seu abraço e o desejo, que dormi feito anjo.Meu querido, tão querido Toninho existem pessoas anjos, e você com certeza é uma delas.
      A poesia é destes gritos que te habitam, e habitam todos que sentem a humildade refletida na essência. Obrigada pela visita, o abraço e o carinho.
      Um beijo nesse seu coração tão humilde.

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)