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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

Amor sempre....

Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

26 junho, 2025

Na palma do instante

Aleatoriamente um toque de poesia


Hoje, acordei com uma estranha paz  dessas que não se explicam, apenas se aceitam.
Talvez por saber que, apesar das máculas do passado, ainda existe encanto em olhar o dia pela fresta da janela e ver que o universo, lá fora, continua insistindo em florescer.

Tenho a certeza de que felicidade não se alcança por inteiro, mas se reconhece nos detalhes: no repousar da tua cabeça no meu ombro, no silêncio confortável, no riso que vem sem motivo.
Ser teu mundo não significa te cercar, mas abrir espaço. É deixar que em ti repouse também o que sou  com minhas "fúrias" e minhas esperanças, com a ternura que sobrevive ao tempo.

A natureza nos ensina a não temer o porvir. Ela mesma se refaz em ciclos, se estilhaça em tempestade para depois florescer com calma. Talvez amar seja isso: aceitar a pausa, acolher o recomeço, anunciar com delicadeza aquilo que ainda não tem nome.

E então, sem prometer muito, eu digo:
Se amanhã o tempo nos testar, se o mundo girar mais rápido do que conseguimos alcançar, que ao menos reste essa memória gravada na palma da minha mão 
o instante em que tudo coube em nós.


2 comentários:

  1. Existem momentos em que a comunhão com Deus está na alma. Um abraço, Yayá.

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    Respostas
    1. Sim, Yayá…
      E nesses momentos, não há barulho, nem ritual, nem palavra certa.
      Só um silêncio que aquece por dentro como se Deus respirasse dentro da gente.
      Obrigada por esse abraço de alma. Receba o meu também.

      Com carinho,
      Fernanda

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)