✿Aguarde os próximos capítulos...✿

Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

10 junho, 2025

O Pão e a Palavra

Aleatoriamente um toque de poesia


Dona Alzira morava no fim da rua, numa casinha simples, dessas que a gente só nota quando olha com o coração. Toda manhã, ela saía com um pacotinho de pão amanhecido, um terço nas mãos e um sorriso no rosto. Quem a via passar, achava que ela era apenas mais uma senhora solitária, dessas que vivem de lembranças. Mas havia um segredo na rotina de Dona Alzira.

Ela caminhava até a praça, sentava-se sempre no mesmo banco e esperava.
Esperava que a vida lhe enviasse alguém. E a vida nunca falhava.
Certa manhã, um rapaz de olhos cansados se aproximou. Sentou-se ao seu lado, em silêncio.
Dona Alzira apenas sorriu, partiu um pedaço de pão e ofereceu.

Ele aceitou. Comeu devagar, como quem há dias não sabia o que era acolhimento.
Depois de um tempo, ela falou: Às vezes, o pão alimenta o corpo. Mas a palavra… ah, a palavra alimenta a alma. E então, sem perguntar nada, ela começou a falar sobre esperança, fé, sobre um Jesus que entendia as dores e não exigia perfeição.

O rapaz chorou. Não por tristeza, mas porque, pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se visto. Quando se levantou para ir embora, ele disse: Obrigado… por esse pão e por essa luz.
Dona Alzira respondeu com calma: A caridade, meu filho, não é sobre dar muito. É sobre dar com amor. Às vezes, é só escutar. Outras, é lembrar alguém que ele ainda importa.

Naquele dia, a praça parecia mais iluminada.
E Dona Alzira voltou pra casa com o pacote de pão mais leve… e  o coração ainda mais cheio.
Moral da história:
Dona Alzira ensina que ver o outro com o coração escutar, oferecer atenção, partilhar fé é um dos atos mais profundos de amor que podemos realizar. Não é preciso muito para transformar o dia (ou a vida) de alguém. Às vezes, o que salva é ser visto, ouvido, lembrado.

Em essência:
A caridade não está na quantidade do que se dá, 
mas na qualidade do que se oferece com escuta, empatia e verdade.
Mas um ser pousou e escolheu a melhor parte.
Aquela  de ouvir.

5 comentários:

  1. Que lindeza de texto… Tocou-me profundamente. Dona Alzira é dessas almas raras que enxergam além das aparências e nos lembram do essencial: ver com o coração, acolher com palavras e amar com pequenos gestos. Que nunca nos falte essa luz.

    Com carinho,
    Daniela Silva
    https://alma-leveblog.blogspot.com
    Convido-te a visitar o blog e deixar o teu coração repousar por lá.

    ResponderExcluir
  2. A história de Alzira, Nanda, me lembrou a de Stella. Por razões que a própria razão esclarece ela era devota de Santo Antônio. E toda terça-feira ela comprava pão e o seu filho levava à igreja do seu bairro. Uma terça-feira ele chegou sobraçando três sacos de pão. O padre agradeceu ao menino extensivo à mãe. Quinze minutos depois o menino voltava com mais três sacos. E o padre não se conteve e perguntou: sua mãe é dona de padaria?
    São tantas as histórias dessa estrela.
    Falarei delas em outra oportunidade. Agora só agradecer o seu olhar tão clínico, cirúrgico e cuidadoso. É sempre sedutor.
    Fique com o meu afeto,
    Eros / José Carlos Sant Anna

    ResponderExcluir
  3. ¡Que bonito mensaje!
    En nuestro paso por la vida, debemos estar disponibles para escuchar al otro, compartir el pan y dar amor tambien en los pequeños gestos, leerte me ha gustado muchisimo, volveré si me lo permites
    Un abrazo

    ResponderExcluir
  4. Maravilhosa D.Alzira e todas as pessoas que sabem olhar, ver, escutar com o coração! Seus dias são melhores e fazem o dos outros assim também! Adorei! beijos, chica

    ResponderExcluir
  5. Isso é muito verdadeiro, muitas vezes as pessoas só querem ser ouvidas. Não é exatamente isso que se faz numa terapia?

    ResponderExcluir

depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)