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10 junho, 2025
O Pão e a Palavra
5 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Que lindeza de texto… Tocou-me profundamente. Dona Alzira é dessas almas raras que enxergam além das aparências e nos lembram do essencial: ver com o coração, acolher com palavras e amar com pequenos gestos. Que nunca nos falte essa luz.
ResponderExcluirCom carinho,
Daniela Silva
https://alma-leveblog.blogspot.com
Convido-te a visitar o blog e deixar o teu coração repousar por lá.
A história de Alzira, Nanda, me lembrou a de Stella. Por razões que a própria razão esclarece ela era devota de Santo Antônio. E toda terça-feira ela comprava pão e o seu filho levava à igreja do seu bairro. Uma terça-feira ele chegou sobraçando três sacos de pão. O padre agradeceu ao menino extensivo à mãe. Quinze minutos depois o menino voltava com mais três sacos. E o padre não se conteve e perguntou: sua mãe é dona de padaria?
ResponderExcluirSão tantas as histórias dessa estrela.
Falarei delas em outra oportunidade. Agora só agradecer o seu olhar tão clínico, cirúrgico e cuidadoso. É sempre sedutor.
Fique com o meu afeto,
Eros / José Carlos Sant Anna
¡Que bonito mensaje!
ResponderExcluirEn nuestro paso por la vida, debemos estar disponibles para escuchar al otro, compartir el pan y dar amor tambien en los pequeños gestos, leerte me ha gustado muchisimo, volveré si me lo permites
Un abrazo
Maravilhosa D.Alzira e todas as pessoas que sabem olhar, ver, escutar com o coração! Seus dias são melhores e fazem o dos outros assim também! Adorei! beijos, chica
ResponderExcluirIsso é muito verdadeiro, muitas vezes as pessoas só querem ser ouvidas. Não é exatamente isso que se faz numa terapia?
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