A madrugada sempre teve esse poder de me desnudar sem pressa.
É quando o mundo silencia que os meus passos sem sentidos ecoam mais alto vão e voltam pela casa como se estivessem buscando algo que eu mesma escondi.
Hoje, por exemplo, a brisa entrou pela janela com um cheiro antigo,
um toque leve que me trouxe você.
Você e nós dois, naquela versão que só mora na memória.
Tentei não pensar.
Mas minha saudade é artista: pega o pincel do tempo e começa a pintar.
Cada lembrança tem nuances que eu não sei mais apagar.
Você dizendo meu nome baixinho,
a curva do seu sorriso quando queria disfarçar o cansaço,
o som do riso, dos silêncios, dos dias que pareciam ter sido inventados só pra nós.
É curioso como o tempo brinca com os tons das coisas.
O que era claro vira sombra,
o que era dor vira moldura.
E mesmo aquilo que machucou,
vira tela e fica bonito de longe.
Agora, sentada aqui no escuro,
descubro que os passos sem sentidos
eram só minha saudade
procurando onde você foi parar dentro de mim.
E talvez nunca tenha saído.
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Tenho olhado o tempo...
Quando estou tomando um café, ou na varanda.
Quando estou mergulhada nos livros, ou no trabalho.
Ele me diz: Paciência Fernanda.
Sim tempo, eu tenho paciência...
Fernanda Marinho
Ah posso pedir para me conhecer melhor?
Então vem aqui ó!
https://linguagem-miuda.blogspot.com.br/