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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

Amor sempre....

Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

15 julho, 2025

O que nós blogueiros somos mesmo?

Aleatoriamente um toque de poesia


( Enquanto escrevo meu parceiro me ajuda )


Somos cronistas do abstrato.
Gente que senta diante da tela em branco como quem senta diante de um espelho não para se admirar, mas para se decifrar.

Somos testemunhas da vida comum, poetas das entrelinhas, colecionadores de pensamentos soltos que ousam se transformar em texto. Escrevemos porque sentimos demais. E, talvez, porque falar não dá conta.

Blogueiros não são apenas autores; são ouvintes atentos do mundo. Transformamos um passeio no mercado, uma conversa na fila, uma lembrança antiga ou um incômodo persistente em matéria-prima literária. Às vezes com humor, outras com zanga, e muitas vezes com aquela melancolia doce que só quem escreve entende.

Escrevemos no silêncio, mas não queremos solidão. O blog é esse lugar meio mágico, meio datado, onde a palavra ainda pulsa sem algoritmos, sem dancinhas, sem filtro. Onde cada comentário é um abraço, cada amigo, um cúmplice.

Somos também resistentes. Em um mundo acelerado, que corre atrás do imediato e do descartável, a gente senta e escreve. Demora. Reescreve. Publica. E espera.

Blogueiros são, no fundo, ligamos entre o íntimo e o mundo. A gente escreve pra entender a si, mas torce, no fundo, pra que alguém se reconheça. E quando isso acontece ah!  quando alguém comenta “parece que fui eu quem escreveu”, a gente sorri. Porque aí tudo fez sentido.

É isso.
Blogueiros somos os que escrevem.
Mesmo quando ninguém pediu.
Mesmo quando ninguém entende.
Mesmo assim.

Blogueiros somos os que insistem.
Insistem na palavra quando o mundo grita imagem.
Insistem na escuta quando o ruído reina.
Insistem em dizer “olha isso aqui que pensei” mesmo que a reflexão pareça maior que a plateia.

A gente não escreve por vaidade  embora um elogio nos faça bem. A gente escreve por necessidade. Porque se não escrevesse, adoecia. Porque tem coisa que só se organiza quando vira texto. E porque existe um prazer quase secreto em dividir esse texto com o mundo, mesmo que o mundo nem esteja prestando atenção.

Blogueiros vivem entre o diário e o artigo, entre a poesia e o protesto. Às vezes somos jornalistas amadores, às vezes somos ficcionistas do cotidiano. Às vezes só queremos desabafar, e outras vezes, só responder a um desafio.

Tem quem nos ache ultrapassados. Talvez sejamos. Mas isso nos torna mais livres.
Fora do espetáculo das redes, nosso palco é íntimo. Nosso público é pequeno, mas atento.
E isso nos basta.

Blogueiros são como gente que escreve bilhetes e deixa em garrafas jogadas ao mar.
Nunca se sabe quem vai encontrar, quando vai ler, ou o que vai sentir.
Mas a beleza está nisso:
Na entrega sem garantia.
Na partilha sem contrato.
Na escrita que vive… só porque sim.

Seguimos por aqui.
Com nossos textos, nossas dúvidas, nossas crônicas imperfeitas.
Somos o que somos:
Blogueiros.
Com alma de página e coração de comentário.




 Fernanda 

8 comentários:

  1. Depois de ler atentamente cada definição, de me desvestir de pensamentos no ser blogueiro, confesso que assinaria com você este belo texto. Somos isso e mais que eu não saberia dissecar tão bem como o fez. Blogamos e somos estes seres pulsantes no prazer de divagar pelos sentimentos de um mundo no seu todo.
    Lindo Fernanda e gostei de ver o ajudante já no contato com a folha em branco.
    Bjs e paz na feliz semana amiga.

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    1. Toninho querido,

      Que alegria ler suas palavras tão generosas e cúmplices. Senti como se você tivesse caminhado comigo por entre cada linha, descalço de certezas, aberto ao que pulsa. É isso que mais me encanta nesse nosso ato de blogar: somos mais que escritores somos viajantes da alma, escutando o mundo por dentro. Obrigada por dividir comigo essa verdade sensível. Que nunca nos falte folha em branco nem coragem de sentir.

      Um beijo com carinho,
      Fernanda!

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  2. Boa noite de paz, querida amiga Fernanda!
    Em tantos anos de blogueira, já vi tanta coisa, cheguei à conclusão de que é um chamado ímpar a aprender sem ninguém ensinar, não teorias de escola, mas sim de vida.
    Os relacionamentos foram os que mais me surpreenderam. Tive a grata alegria de conhecer muitos amigos virtuais pelo Brasil e fui sem medo, em lugares seguros e públicos, sem riscos aparentes. No fundo do coração, sabia que eram boas gentes. Não me enganei.
    Tive tanto carinho de pessoas bonitas por dentro e por fora, sabe?
    Nosso 'coração' parece que intui o coração do outro...
    Nunca me arrependi de ter meu filho criado meu primeiro blog, há dezessete anos num hospedeiro já extinto.
    De lá para cá, aprendi muito e, quando parece que o mundo dos blogs vai ter fim, alguma Fernanda reaparece para dar uma injeção de ânimo e ver que tudo vale a pena. Sem contar que os resistentes amigos de mais de década, são pessoas de fibra e não desistem fácil.
    Se somos sinceras, tudo dá certo. Transparência e ética na doce arte de blogar vale muito a pena. Todos merecem respeito.
    Só temos a ganhar.
    Blogar não é para desocupados...
    Dá trabalho, mas é prazeroso demais.
    Muito obrigada pelo exímio texto.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos fraternos
    (pequeno lindo no seu ofício aí)

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    1. Vim ler os pareceres dos amigos.
      Do seu texto, eu endosso, piamente:
      "A gente escreve por necessidade. Porque se não escrevesse, adoecia."
      Também:
      "Blogueiros são como gente que escreve bilhetes e deixa em garrafas jogadas ao mar."
      Que lindo, amiga!
      Tenho o mar pertinho e ele me joga inspiração todo dia. Nada mais justo que eu lhe lance o que escrevi em garrafinhas gratas cheinhas de amor com maresia.
      Beijinhos

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    2. Roselia querida,

      Sua mensagem é como uma carta guardada com laço de fita: cheia de memórias, verdades e afeto costurado à mão. Senti, em cada linha, a experiência de quem viveu esse ofício de blogar como um chamado do coração e é justamente isso que o torna tão especial. A blogosfera que você descreve não é feita de algoritmos, mas de encontros, confiança e intuições que sabem reconhecer a bondade mesmo à distância. Que coisa bonita isso: confiar no abstrato e colher ternuras reais. Fico comovida em saber que, depois de tantos anos, você ainda se encanta. E mais ainda por saber que, de alguma forma, minhas palavras também chegaram até aí com essa faísca de vida. Isso é mais do que recompensa é comunhão. Sim, blogar dá trabalho mas é trabalho do coração. E o coração, quando bem ocupado, é sempre casa habitada.

      Um beijo com carinho e gratidão,
      Fernanda

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    3. Roselia,

      Ah, que imagem linda você trouxe: garrafinhas gratas cheias de amor e maresia… Só você para transformar a escrita em oferenda salgada, doce e viva.
      Fico feliz por essas palavras terem lhe tocado e mais ainda por saber que você as retribui com essa delicadeza que é só sua. O mar te inspira, e você, generosamente, devolve ao mundo poemas engarrafados de ternura.
      Escrever é isso mesmo: um gesto de esperança lançado ao desconhecido e quando ele chega em mãos como as suas, tudo faz sentido.

      Com carinho e brisa boa,
      Fernanda😘

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  3. Em primeiro lugar ,parabéns pela linda definição do que somos.
    Muitas vezes, em conversas, quando falo que tenho blogues, ficam curiosos paraq saber sobre qual tema:se decoração, moda, coisas assim. Quando digo que já tive blogs só de céus e agora os tenho de escritos, de brincadeiras , não acreditam que AINDA tenha público para tal. E resistimos...Enquanto der, vamos levando e nos visitando, lendo, interagindo...Isso é muito bom e mesmo virtuais, os laços são fortes!

    Adorei o pequeninho já escrevendo. Será blogueirinho um dia? rs beijos, tudo cde bom,chica

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    1. Querida Chica,

      Você é dessas presenças que sustentam a blogosfera com leveza e firmeza como quem planta afeto em terreno bom e segue colhendo laços, mesmo quando dizem que “isso já passou”. Admiro sua constância, sua criatividade que se reinventa em brincadeiras, em céus, em gestos simples e verdadeiros. Sim, ainda há quem leia, quem sinta, quem responda. E isso basta pra que a roda siga girando.
      O “pequeninho”, aliás, já vive cercado de palavras… quem sabe não herda essa mania bonita de escrever com o coração?

      Beijo grande,
      Nanda!

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)