Eles quase nunca têm estátuas. Não aparecem nas fotos históricas nem nas capas de jornais. Não ganham medalhas, nem discursos de vitória.
Os grandes homens da paz quase sempre passam despercebidos.
É que a paz não faz barulho.
Ela chega pelas bordas, senta em silêncio, e olha tudo antes de agir.
Não grita.
Não se impõe.
Ela escuta e age com uma força que, de tão calma, parece até fraqueza. Mas não é.
Os grandes homens da paz não são os que fogem da luta, são os que escolhem onde ela vale a pena.
São os que seguram a palavra antes que ela machuque.
Os que respiram fundo antes de responder.
Os que entendem que vencer não é esmagar, é sustentar. Sustentar o diálogo, o respeito, o vínculo.
Alguns têm nomes conhecidos: Gandhi, Mandela, Luther King.
Outros, a gente chama só de vô, pai, vizinho, professor.
Aquele senhor da feira que sorri com os olhos.
Aquele moço que segura a porta mesmo quando tá com pressa. O amigo que não responde com raiva, mesmo quando tinha todos os motivos.
Homens da paz são os que não têm medo de parecer gentis. Que não acham que ceder é fraqueza.
Que sabem acolher até quem não os entende.
São eles que seguram o mundo pelas beiradas.
Que impedem as rachaduras de virarem abismos. Que plantam palavras boas onde só havia cansaço.
Hoje eu quis escrever pra eles. Pra esses homens que não se anunciam, mas fazem diferença.
Pra esses corajosos da calma. Para os que salvam, mesmo quando ninguém vê.
Porque em tempos de grito e pressa, ser paz é um ato radical. E amar em voz baixa é, talvez, a forma mais revolucionária de existir.
A verdadeira força está na calma, e os verdadeiros heróis da paz são aqueles que escolhem o diálogo quando poderiam escolher o confronto.
Fernanda
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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)