Aguarde os próximos capítulos...

Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

Amor sempre....

Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

10 julho, 2025

Para o segundo comentário que NÃO postei

Aleatoriamente um toque de poesia
(Crônica  com ternura e firmeza)



O segundo comentário chegou como quem bate à porta sem ser convidada, já entrando com sapato sujo e olhar atravessado. Veio me perguntar por que voltei, como se a minha presença fosse um alarme que perturbasse o sossego de um templo. Disse que mudei o ritmo dos comentários, dos textos, como quem muda o ritmo da cidade  sem consultar o relógio dos outros.

Ah, minha cara leitora sensível ao barulho dos meus passos,
eu voltei porque sou casa, não visita.

Voltei porque a escrita me chama, como um velho amigo chama pra um café no meio da tarde.
Voltei porque tenho histórias nas pontas dos dedos e silêncios que só se desfazem quando viram crônica.

Não sei se te tirei a paz  mas se a tua paz é frágil a ponto de se abalar com palavras, talvez seja hora de rever o que anda te sustentando.
Minha escrita não é grito, mas também não é sussurro.
É o que é:
minha.

E se por acaso mudei o ritmo dos comentários ou abalei o clima do salão, te convido a respirar fundo.
A internet é grande.
Tem espaço pra quem dança e pra quem prefere o silêncio.
Mas não cabe censura disfarçada de opinião.

Voltei porque aqui é chão que me reconhece.
Porque cada texto é também cura.
E porque escrever, pra mim, não é vaidade  é sobrevivência.

Se ainda incomodo, peço perdão…
Mas não silêncio.

E veja bem, não te escrevo isso de peito inflado nem com as mãos armadas.
Te escrevo com a alma arejada de quem já viu muita coisa, já ouvi outras tantas, e ainda assim escolhe o caminho da palavra  esse caminho estreito, mas livre.

Sim, eu mudei.
Mudei os ritmos, os tons, as pausas.
Porque o tempo passou em mim também.
E só não muda quem está empalhado no museu das certezas imutáveis.

Não te devo justificativa.
Mas por delicadeza, deixo essa explicação como quem oferece água a quem parece estar com sede  ainda que não admita.

Se te perturba minha presença aqui, talvez o incômodo não esteja exatamente em mim.
Mas em algo aí dentro, que se vê refletido nos meus espelhos e não gosta do que enxerga.

Voltei, sim.
E volto quantas vezes for preciso.
Com as palavras que tenho, com os temas que escolho, com os silêncios que quebro ou que mantenho.
Não escrevo pra agradar.
Escrevo pra respirar.

E se isso bagunça o teu sossego, que assim seja.
Há bagunças que limpam, e ventos que, ao revirar, também arejam.

No mais, desejo que tu também encontres tua voz.
Porque quem tem voz ocupada com o que pulsa, não perde tempo tentando calar a dos outros.

E antes que me esqueça:
não, não direi teu nome.
Não por medo, nem por polidez exagerada.
Mas porque te nomear seria te dar um lugar maior do que o que mereces neste texto.

Eu não sou justiceira, nem tua iamgem do espelho, nem tua terapeuta.
Sou apenas alguém que escreve e que cansou de pedir licença para existir em voz alta.

Teu comentário, embora enviesado, serviu.
Serviu como fósforo: riscou o silêncio e acendeu a chama.
E olha só, cá estou, com a crônica acesa, escrevendo não por tua causa, mas apesar de ti.

Sabe o que é curioso?
Esse tipo de crítica não me silencia  me afina.
Não me assusta  me reafirma.
E quanto mais me tentam dobrar, mais firme fico no eixo onde meus pés sabem pisar.

Se te incomoda que eu tenha voltado, talvez seja porque a minha presença escancara a tua ausência.
Se meu ritmo novo te tira o compasso, talvez seja porque o teu compasso estava baseado na ilusão de que ninguém voltaria a dançar.

Mas voltei.
E danço, sim.
Com minhas palavras, meus afetos, minhas idas e voltas.
E com os que sabem dançar junto, sem empurrar ninguém da pista.

Fica à vontade pra continuar lendo  ou não.
Pra comentar ou seguir em silêncio.
Mas saiba que eu continuo, com ou sem tua permissão.

Porque o que me move não é tua aprovação.
É a necessidade visceral de contar as coisas que me atravessam.
E isso, amore , só Deus me tira.




Com ternura,
e firmeza,
Fernanda.

8 comentários:

  1. Uai, mas se tem alguém incomodado com um blog, a melhor receita é: Não sega esse blog!!!
    Tem cada uma que paerce duas!
    E Fernanda, não se irritre com nada.
    Continue escrevendo e postando e assim desopilando o fígado e criando casca para aguentar comentários não muito amigáveis!
    Mas cuidado também, para não interpretar mal, algum comentário que nem seja mal, mas que à primeira vista, pareça ser.
    A gente as vezes interpreta mal.

    Um abraço minha amiga!
    Vida longa à seu blogue.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. André, meu querido,
      Ri alto com o “parece duas”! Vou adotar essa expressão pro vocabulário afetivo da semana.Obrigada pelo carinho de sempre sigo escrevendo, sim, desopilando o que precisa sair e t entando não levar tudo tão a ferro e fogo.Mas confesso: às vezes a gente até entende mal… outras vezes, entende bem demais. E aí é respirar fundo, escrever um texto e seguir.Tenho deletado outros comentários mal criados comigo do mesmo SER, e resolvi postar esse texto, não por gosto de polêmica, mas pra ver se agora dá uma pausa, sabe? Às vezes, o silêncio diante do desrespeito parece consentimento. E eu sigo tentando encontrar o meio do caminho entre a delicadeza e o limite.😂
      Obrigada por estar aqui.

      Um abraço grande,
      Fernanda

      Excluir
  2. Nanda, Nanda, me lembrei de um certo ministro de tempos passados, mas não vou nomeá-lo, tampouco dizer o que ele dizia. É só para dizer que "mesmo brigando", você não sai do salto, rsrs, quem sabe?, talvez o 3.9 deixe-a mais firme, mais segura no salto. E o seu texto é de rara felicidade em termos de linguagem, de coesão, de coerência. Em outras palavras, você não perde a linha, leia-se elegância na escolha das palavras, sabendo o poder delas... Olhe, quase esquecia do ministro, me empolguei, sei que não é para rir, mas é sempre bom descontrair sobretudo se há tensão (não importa o tamanho dela, se é que podemos medi-la). Como diria o otimista, "bola pra frente".
    Abraços. minha querida!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eros,
      Você sempre chega com essa gentileza travessa que elogia, filosofa, sugere, ri e ainda me faz pensar
      (e rir junto).🙃
      O tal ministro ficou aqui rondando a memória, mas deixemos ele onde está: no arquivo morto da história.
      Adorei o “3.9 no salto” firme, sim, mas com espaço pro tropeço elegante de quem ainda dança com as palavras e com o mundo.
      Obrigada pelo carinho de sempre. E sim: bola pra frente, mesmo que em zigue-zague. Risos 🤭

      Um abraço grande, querido!

      Excluir
  3. Como boia gaucha, só posso dizer: Mas bah, Nanda!
    Que pena aconteçam coisas assim, mas segue firme, o blog é teu e ninguém é obrigada a comentar todos os posts. Mas mesmo não o fazendo, ficamos felizes em te ver voltando com energia e força total e alegrais em tuas palavras sempre lindas! beijos, tuuuuuuuuuuuuudo de bom,chica

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Chica,
      que delícia te ler por aqui!
      Tu sempre chega com esse jeitinho doce e direto, como boa gaúcha que é e me dá um calor bom no peito.
      É isso mesmo: sigo firme!
      Nem todo mundo precisa comentar, claro. Mas quem comenta com o coração faz toda diferença e tu faz!
      Obrigada pelo carinho de sempre. É força de afeto.

      Beijos e tuuuuuuuuuuuuudo de lindo pra ti também!
      Obrigada!
      Nanda!

      Excluir
  4. Boa noite de paz, querida amiga Fernanda!
    Como te entendo... tem gente que merece até mais... você foi muito gentil com a inconveniente.
    "Não te devo justificativa."
    Perfeito!
    O mundo virtual tem um tiquinho e gentinha e um mundão de "Gentão"...
    Fiquemos com o G maiúsculo.
    "Parece estar com sede ainda que não admita."
    Você sabe ler bem os não amados... sedentos de tudo e de ética, sobretudo.
    Tem sempre alguém que pensa que todos temos que ser iguais, pensar igual, sentir igual, escrever igual. O mundo tem que girar em sua órbita como criança birrenta;
    O mundo é multiforme e multicolor, ainda bem.
    Senti sua firmeza com ternura.
    Infelizmente, tem quem só mereça firmeza, sem ternura, você deu até demais. Ainda com direito a flores e água fresca...
    "Não escrevo pra agradar.
    Escrevo pra respirar."
    Sente-se em você exatamente assim e como gosto de quem escreve por prazer, sem competição.
    Bem-aventurados os que voltam na paz, dando a volta por cima sem pisar nos demais como você fez.
    O salão virtual dá para todos bailarmos. Não pisamos o pé de ninguém e ainda podemos rodopiar à vontade.
    "Eu continuo, com ou sem tua permissão."
    Para quem sabe ler, um pongo é letra.
    "Só Deus me tira" ... assim é com nossa inspiração, é dom e estamos nas Mãos Dele, não mais.

    Em outra ordem de coisas, para algo mais tonificante, querida, tive outro chá hoje com outras amigas e o sabor que escolhemos foi o chá indiano, energizante.
    Uma tardinha abençoada foi com elas, pessoas bem-amadas nos fazem tão bem.
    Fique na paz, querida!
    O Senhor é com todos os que primam pela paz e pelo bem comum.
    Tenha um anoitecer abençoado!
    Beijinhos fraternos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Roselia querida,
      tua presença aqui é como o chá bom no fim do dia: aquece, conforta, assenta as coisas dentro da gente.
      Li teu comentário como quem encontra sombra no meio do sol forte e me vi abraçada em cada palavra.
      Sim, tem gente que tenta diminuir o que não compreende, mas sigo aprendendo a me manter inteira. Firme, mas com ternura como você tão bem reconheceu. Escrevo mesmo pra respirar, pra não sufocar com as injustiças miúdas e os silêncios obrigatórios que às vezes tentam nos impor.
      E sigo, sim, com ou sem aplauso, com ou sem permissão. Obrigada por me lembrar que ainda há “Gentão” nesse salão virtual. Obrigada pela tua paz compartilhada, pela escuta rara e pela delicadeza que é tua marca.
      Beijos e flores no teu caminho também.
      Com carinho,

      Fernanda

      Excluir

depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)