(Crônica com ternura e firmeza)
O segundo comentário chegou como quem bate à porta sem ser convidada, já entrando com sapato sujo e olhar atravessado. Veio me perguntar por que voltei, como se a minha presença fosse um alarme que perturbasse o sossego de um templo. Disse que mudei o ritmo dos comentários, dos textos, como quem muda o ritmo da cidade sem consultar o relógio dos outros.
Ah, minha cara leitora sensível ao barulho dos meus passos,
eu voltei porque sou casa, não visita.
Voltei porque a escrita me chama, como um velho amigo chama pra um café no meio da tarde.
Voltei porque tenho histórias nas pontas dos dedos e silêncios que só se desfazem quando viram crônica.
Não sei se te tirei a paz mas se a tua paz é frágil a ponto de se abalar com palavras, talvez seja hora de rever o que anda te sustentando.
Minha escrita não é grito, mas também não é sussurro.
É o que é:
minha.
E se por acaso mudei o ritmo dos comentários ou abalei o clima do salão, te convido a respirar fundo.
A internet é grande.
Tem espaço pra quem dança e pra quem prefere o silêncio.
Mas não cabe censura disfarçada de opinião.
Voltei porque aqui é chão que me reconhece.
Porque cada texto é também cura.
E porque escrever, pra mim, não é vaidade é sobrevivência.
Se ainda incomodo, peço perdão…
Mas não silêncio.
E veja bem, não te escrevo isso de peito inflado nem com as mãos armadas.
Te escrevo com a alma arejada de quem já viu muita coisa, já ouvi outras tantas, e ainda assim escolhe o caminho da palavra esse caminho estreito, mas livre.
Sim, eu mudei.
Mudei os ritmos, os tons, as pausas.
Porque o tempo passou em mim também.
E só não muda quem está empalhado no museu das certezas imutáveis.
Não te devo justificativa.
Mas por delicadeza, deixo essa explicação como quem oferece água a quem parece estar com sede ainda que não admita.
Se te perturba minha presença aqui, talvez o incômodo não esteja exatamente em mim.
Mas em algo aí dentro, que se vê refletido nos meus espelhos e não gosta do que enxerga.
Voltei, sim.
E volto quantas vezes for preciso.
Com as palavras que tenho, com os temas que escolho, com os silêncios que quebro ou que mantenho.
Não escrevo pra agradar.
Escrevo pra respirar.
E se isso bagunça o teu sossego, que assim seja.
Há bagunças que limpam, e ventos que, ao revirar, também arejam.
No mais, desejo que tu também encontres tua voz.
Porque quem tem voz ocupada com o que pulsa, não perde tempo tentando calar a dos outros.
E antes que me esqueça:
não, não direi teu nome.
Não por medo, nem por polidez exagerada.
Mas porque te nomear seria te dar um lugar maior do que o que mereces neste texto.
Eu não sou justiceira, nem tua iamgem do espelho, nem tua terapeuta.
Sou apenas alguém que escreve e que cansou de pedir licença para existir em voz alta.
Teu comentário, embora enviesado, serviu.
Serviu como fósforo: riscou o silêncio e acendeu a chama.
E olha só, cá estou, com a crônica acesa, escrevendo não por tua causa, mas apesar de ti.
Sabe o que é curioso?
Esse tipo de crítica não me silencia me afina.
Não me assusta me reafirma.
E quanto mais me tentam dobrar, mais firme fico no eixo onde meus pés sabem pisar.
Se te incomoda que eu tenha voltado, talvez seja porque a minha presença escancara a tua ausência.
Se meu ritmo novo te tira o compasso, talvez seja porque o teu compasso estava baseado na ilusão de que ninguém voltaria a dançar.
Mas voltei.
E danço, sim.
Com minhas palavras, meus afetos, minhas idas e voltas.
E com os que sabem dançar junto, sem empurrar ninguém da pista.
Fica à vontade pra continuar lendo ou não.
Pra comentar ou seguir em silêncio.
Mas saiba que eu continuo, com ou sem tua permissão.
Porque o que me move não é tua aprovação.
É a necessidade visceral de contar as coisas que me atravessam.
E isso, amore , só Deus me tira.
Com ternura,
e firmeza,
Fernanda.
Uai, mas se tem alguém incomodado com um blog, a melhor receita é: Não sega esse blog!!!
ResponderExcluirTem cada uma que paerce duas!
E Fernanda, não se irritre com nada.
Continue escrevendo e postando e assim desopilando o fígado e criando casca para aguentar comentários não muito amigáveis!
Mas cuidado também, para não interpretar mal, algum comentário que nem seja mal, mas que à primeira vista, pareça ser.
A gente as vezes interpreta mal.
Um abraço minha amiga!
Vida longa à seu blogue.
André, meu querido,
ExcluirRi alto com o “parece duas”! Vou adotar essa expressão pro vocabulário afetivo da semana.Obrigada pelo carinho de sempre sigo escrevendo, sim, desopilando o que precisa sair e t entando não levar tudo tão a ferro e fogo.Mas confesso: às vezes a gente até entende mal… outras vezes, entende bem demais. E aí é respirar fundo, escrever um texto e seguir.Tenho deletado outros comentários mal criados comigo do mesmo SER, e resolvi postar esse texto, não por gosto de polêmica, mas pra ver se agora dá uma pausa, sabe? Às vezes, o silêncio diante do desrespeito parece consentimento. E eu sigo tentando encontrar o meio do caminho entre a delicadeza e o limite.😂
Obrigada por estar aqui.
Um abraço grande,
Fernanda
Nanda, Nanda, me lembrei de um certo ministro de tempos passados, mas não vou nomeá-lo, tampouco dizer o que ele dizia. É só para dizer que "mesmo brigando", você não sai do salto, rsrs, quem sabe?, talvez o 3.9 deixe-a mais firme, mais segura no salto. E o seu texto é de rara felicidade em termos de linguagem, de coesão, de coerência. Em outras palavras, você não perde a linha, leia-se elegância na escolha das palavras, sabendo o poder delas... Olhe, quase esquecia do ministro, me empolguei, sei que não é para rir, mas é sempre bom descontrair sobretudo se há tensão (não importa o tamanho dela, se é que podemos medi-la). Como diria o otimista, "bola pra frente".
ResponderExcluirAbraços. minha querida!
Eros,
ExcluirVocê sempre chega com essa gentileza travessa que elogia, filosofa, sugere, ri e ainda me faz pensar
(e rir junto).🙃
O tal ministro ficou aqui rondando a memória, mas deixemos ele onde está: no arquivo morto da história.
Adorei o “3.9 no salto” firme, sim, mas com espaço pro tropeço elegante de quem ainda dança com as palavras e com o mundo.
Obrigada pelo carinho de sempre. E sim: bola pra frente, mesmo que em zigue-zague. Risos 🤭
Um abraço grande, querido!
Como boia gaucha, só posso dizer: Mas bah, Nanda!
ResponderExcluirQue pena aconteçam coisas assim, mas segue firme, o blog é teu e ninguém é obrigada a comentar todos os posts. Mas mesmo não o fazendo, ficamos felizes em te ver voltando com energia e força total e alegrais em tuas palavras sempre lindas! beijos, tuuuuuuuuuuuuudo de bom,chica
Chica,
Excluirque delícia te ler por aqui!
Tu sempre chega com esse jeitinho doce e direto, como boa gaúcha que é e me dá um calor bom no peito.
É isso mesmo: sigo firme!
Nem todo mundo precisa comentar, claro. Mas quem comenta com o coração faz toda diferença e tu faz!
Obrigada pelo carinho de sempre. É força de afeto.
Beijos e tuuuuuuuuuuuuudo de lindo pra ti também!
Obrigada!
Nanda!
Boa noite de paz, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirComo te entendo... tem gente que merece até mais... você foi muito gentil com a inconveniente.
"Não te devo justificativa."
Perfeito!
O mundo virtual tem um tiquinho e gentinha e um mundão de "Gentão"...
Fiquemos com o G maiúsculo.
"Parece estar com sede ainda que não admita."
Você sabe ler bem os não amados... sedentos de tudo e de ética, sobretudo.
Tem sempre alguém que pensa que todos temos que ser iguais, pensar igual, sentir igual, escrever igual. O mundo tem que girar em sua órbita como criança birrenta;
O mundo é multiforme e multicolor, ainda bem.
Senti sua firmeza com ternura.
Infelizmente, tem quem só mereça firmeza, sem ternura, você deu até demais. Ainda com direito a flores e água fresca...
"Não escrevo pra agradar.
Escrevo pra respirar."
Sente-se em você exatamente assim e como gosto de quem escreve por prazer, sem competição.
Bem-aventurados os que voltam na paz, dando a volta por cima sem pisar nos demais como você fez.
O salão virtual dá para todos bailarmos. Não pisamos o pé de ninguém e ainda podemos rodopiar à vontade.
"Eu continuo, com ou sem tua permissão."
Para quem sabe ler, um pongo é letra.
"Só Deus me tira" ... assim é com nossa inspiração, é dom e estamos nas Mãos Dele, não mais.
Em outra ordem de coisas, para algo mais tonificante, querida, tive outro chá hoje com outras amigas e o sabor que escolhemos foi o chá indiano, energizante.
Uma tardinha abençoada foi com elas, pessoas bem-amadas nos fazem tão bem.
Fique na paz, querida!
O Senhor é com todos os que primam pela paz e pelo bem comum.
Tenha um anoitecer abençoado!
Beijinhos fraternos
Roselia querida,
Excluirtua presença aqui é como o chá bom no fim do dia: aquece, conforta, assenta as coisas dentro da gente.
Li teu comentário como quem encontra sombra no meio do sol forte e me vi abraçada em cada palavra.
Sim, tem gente que tenta diminuir o que não compreende, mas sigo aprendendo a me manter inteira. Firme, mas com ternura como você tão bem reconheceu. Escrevo mesmo pra respirar, pra não sufocar com as injustiças miúdas e os silêncios obrigatórios que às vezes tentam nos impor.
E sigo, sim, com ou sem aplauso, com ou sem permissão. Obrigada por me lembrar que ainda há “Gentão” nesse salão virtual. Obrigada pela tua paz compartilhada, pela escuta rara e pela delicadeza que é tua marca.
Beijos e flores no teu caminho também.
Com carinho,
Fernanda