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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

07 julho, 2025

Textos grandes

Aleatoriamente um toque de poesia


Este texto nasceu daqui:
https://amansim.blogspot.com/
Fui visitar Andre e li seu texto: "Vidas sem letras." Um texto curto, mas que ecoa fundo. Toca na ferida de um tempo em que a palavra virou performance e o silêncio virou curtida. “Vidas sem letra” é o nome perfeito para esse vazio ruidoso onde até o travessão já desistiu de ligar ideias e virou apenas pausa sem sentido. Então criei o meu 😉
___________

Eu sei.
Você não vai ler.

Ou vai ler até a segunda linha e pensar:
“Ah, muito longo.”
Ou pior:
“Resumo?”

Pois não tem resumo.
Nem bullet points.
Nem reels.
Nem dancinha.

Tem texto.
Tem letra, vírgula, parágrafo. Travessão porque gosto de travessões, eles fazem pausa, respiram.
E tem tempo. Tempo meu, escrevendo.
Tempo seu, decidindo se aguenta ou se pula.

Não escrevo pra tela.
Escrevo pra quem tem olhos que demoram, que tropeçam nas palavras e continuam mesmo assim.
Escrevo pra quem carrega dor e quer ver a dor nomeada.
Pra quem não tem pressa de acabar.…

Obrigada por ler
Você podia ter parado.
Na primeira linha.
No primeiro ponto.
Na primeira respiração que parece exagero e talvez seja mesmo.

Mas ficou.

Ficou mesmo depois da vírgula desnecessária, da frase comprida, da metáfora meio cansada. Ficou mesmo quando eu fui fundo demais, ou lenta demais, ou sentimental demais.
E olha… isso me comove.

Porque escrever é um risco.
A gente entrega o coração, dobra bonitinho e espera que alguém abra com cuidado ou que pelo menos não jogue fora sem olhar.

E você abriu.
Leu.

Talvez não tenha entendido tudo. Talvez não tenha concordado com nada.
Mas ficou. Me acompanhou.
Fez companhia às palavras que, sozinhas, tremem.

Então eu te escrevo isso agora com o que tenho de mais simples e mais inteiro:
obrigada.

Obrigada por gostar de letras que não dançam, por amar frases que não cabem em legenda. Obrigada por não ter pressa de ir embora. Por me deixar entrar aí, na sua leitura. Mesmo que por cinco minutos.

É pouco mas pra mim, é tudo.
Gostei da sua presença.
Ela me escreveu também.




Fernanda






19 comentários:

  1. Boa noite de Paz, querida amiga Fernanda!
    Estou aqui recostada no sofá, no celular... livre, leve e solta...
    Um post assim como me cai bem.
    Como uma pluma em meu coração.
    Acarinha meu ego de forma terna.
    Faz poesia em minha alma.
    Cai feliz como companhia boa.
    Escrevi um Poeminha que você já leu e que conta como me escrevi.
    Fico tão feliz de lhe escrever também.
    Amigos nos escrevem com o passar do tempo, ponto por ponto,vírgula por vírgula, travessão por travessão...
    São eteceteras em nosso viver, amiga.
    Como amo reticências!
    As palavras ditas e escritas por amigos nos escrevem ou nos reescrevem...
    Emojis não me dizem mais nada, são tão mentirosos e imparciais, muitas vezes, mas as palavras se desmascsram e não podem vingar, se forem mentirosas, uma vida toda.
    Obrigada por tudo escrito aqui. Cheira veracidade.
    Tenha uma noite abençoada na nova semana!
    Beijinhos fraternos

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    1. *etcetera
      ** cheira à veracidade...
      Desculpe-me.

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    2. Roselia querida,
      te ler é como encontrar abrigo no meio de um dia qualquer. Teu jeito de sentir as palavras e de deixá-las repousar nos outros é coisa rara, dessas que não se aprendem, apenas se vivem.
      Sim, os amigos nos escrevem. E às vezes reescrevem partes que nem a gente sabia que precisava mudar. Obrigada por me escrever com essa leveza que se apoia no afeto e na verdade. As tuas reticências dizem tanto. Boa noite também a ti… e que a semana venha cheia de travessões e ternuras.

      Com carinho,
      Fernanda!

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  2. Então, há textos que dão gosto de ler pois sempre nos tocam de alguma forma. Nem sempre de forma carinhosa ou poética, muitas vezes gosto de textos que me deem um murro no estômago...

    De nada, estou sempre por aqui.

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    1. Eduardo, e é justamente isso que torna a leitura tão viva quando ela alcança a gente por dentro, seja com carinho ou com um soco.
      Texto bom é esse que cutuca, que sacode ou que afaga… mas nunca passa em branco. Obrigada por estar por aqui tua presença também sempre toca.

      Com carinho
      😘

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  3. Lindo teu texto e li com calma ! Pelo menos eu, fico feliz com cada comentário, simples ou longo, sinaliza que alguém perdeu um pouco do seu tempo pra me visitar ! Acho o máximo isso! E seguimos, lendo, comentando nem sempre e tudo bem! beijos, lindo dia,chica

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    1. Chica, é exatamente isso que me encanta também: esse tempo que a gente doa um ao outro, mesmo em pequenos gestos.
      Cada comentário é um abraço escrito e o teu veio cheio de ternura.
      Seguimos, sim, com afeto, mesmo quando o silêncio aparece. Beijo grande e que o teu dia seja tão leve quanto as tuas palavras.

      😘 Nanda

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  4. Ah, que legal Fernanda!
    Estamos falando a mesma língua. Kkkkkkkkkkkkkkkkkk.
    Eu confesso que tenho uma grannde postagem em mente e resolvi dividi-la em algumas partes.
    A primeira já está no blogue.
    Eu não ligo se alguém não lê. O que me deixa bravo, são pessoas que não lêem e comentam.
    Tem uma pessoas ultimamente fazendo uns comentários tão malucos, que não sei se ela não leu ou se ela encherga coisas abstratas. Kkkkkkkkkkkkkkkkk.
    Sempre é bom vir aqui.

    Um abração!!!!

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    1. André, teu comentário me fez rir e pensar do jeitinho que a inspiração gosta de chegar. Adoro quando a gente se reconhece nas entrelinhas um do outro… é como falar a mesma língua mesmo, com sotaques diferentes! Fui lá ler tua primeira parte teu texto: "Vidas sem letras" me inspirou e já fico curiosa pelas próximas.
      Hahaha 😜
      E, olha, te entendo: comentário sem leitura é tipo aplauso fora de hora até assusta! 😂
      Mas que bom que seguimos nos encontrando por aqui.

      Um abraço apertado e inspirador, como tua visita!
      Abraço
      Fernanda!

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    2. Kkkk a grande postagem que vou fazer é sobre a culinária no Brasil.
      Acho que me expressei mal.

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    3. Andréee, entendi, entendi! 😄
      Mas olha… eu me referia à outra postagem, aquela ali de cima, que me inspirou tanto que até criei um texto em cima dela! Essa novíssima aí, cheia de frescor editorial, ainda não comentei não, viu? Tô deixando marinar… como boa receita que precisa de tempo. 😋 Essa sua produção tá tão acelerada que eu já tô me sentindo leitora de folhetim diário! Mal acabo de rir de uma, já chega outra e eu aqui, tentando acompanhar com dignidade e comentários à altura kkkkk
      Mas aguarde, que minha colher de pau ainda vai bater nessa panela!

      Beijinhos cronicados!
      😘

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  5. Fui lendo. Passei da primeira linha ou do primeiro verso e segui lendo as linhas seguintes. Não satisfeito, reli e fechei o seu blog para pensar nas coisas ditas e reiteradas. Voltei hoje para escrever um comentário, mas um texto não pedia um comentário pede, sim, cumplicidade na leitura, ou simplesmente a leitura por inteiro, pois só faz sentido se o lemos na íntegra, sem descurarmos das entrelinhas, travessões, pausas e metáforas gastas. Esse divã que você oferece aos amigos é acolhedor e confortável.
    Beijinhos, amiga!

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    1. Eros,
      o que você escreveu é mais do que comentário é uma presença. Sua leitura é dessas que não passam os olhos: atravessam.
      Quando alguém diz que voltou ao texto no dia seguinte, que o fechou para pensar, que releu… há aí uma delicadeza que já é, por si só, resposta ao que se escreveu. Você entendeu o essencial: há textos que não pedem reação imediata, nem aplauso, nem julgamento. Pedem companhia. E você foi isso um querido que se senta ao lado, em silêncio respeitoso, e só depois fala, com a voz de quem escutou de verdade. Gostei da imagem do divã. Há autores que escrevem para o mundo, outros para si, mas alguns poucos escrevem como quem arruma uma poltrona, serve um café e diz: “senta aqui, lê comigo.”
      Obrigada por essa leitura de corpo inteiro.

      Com carinho,
      Nanda!

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  6. Sou apreciador de textos que falam sobre si mesmos. No caso, do próprio texto. Tal como o poeta que fala de si mesmo. Como diz a Autopsicografia: "O poeta é um fingidor..."

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    1. Dell, que comentário lindo! Também sou fascinada por esse jogo de se vê o texto que se olha, o poeta que se inventa enquanto se revela. E como não lembrar de “Autopsicografia”? Esse fingimento tão verdadeiro, onde a dor sentida é já arte, e o poeta, ao criar traduz a todos nós. Ler (e escrever) assim é mergulhar num fundo que é sempre mais fundo.

      Abraços

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  7. O teu texto suscita alguma reflexão.
    Começo por dizer que conheço textos brevissimos que me encantam. Condensam toda a beleza e criatividade de uma forma cativante e inspiradora.
    Inversamente, há textor longos que são um verdadeiro suplício, de leitura complicada, escrita confusa e piorde tudo termendamente "chatos"...
    Se estivermos atentos, contatamos isto todos os dias. Do meu ponto de vista a qualidade de um texto náo se avaliz pela sua extenão, mas sim pela clareza de ideias, método e simplicidade na escrita.
    Só assim o seu conteúdo será devidamente apreciado.

    Um abraço com afeto Fernanda!

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    1. Albino, querido, que comentário lúcido e necessário! Concordo plenamente contigo a beleza de um texto não mora no tamanho, mas na clareza com que ele alcança quem lê. Já me emocionei com três linhas e me perdi (ou fugi!) em páginas que não diziam nada.
      Gosto dessa tua defesa da simplicidade como potência. Porque escrever bem, no fundo, é isso: dizer o essencial com leveza, com método, como tu bem disseste mas sobretudo com alma.

      Um abraço cheio de admiração,
      Fernanda

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  8. Ah, essa postagem está excelente, começando por aqueles que não leem e comentam, isso se chama "catar comentário!"
    Nanda, só comento se realmente leio. Não posso ser falsa numa das coisas que mais gosto: Blogs e amigos - e ter um comportamento assim.
    Pois bem, tem texto muito longos na internet para blog, sim! Mas são "raros!" Minha opinião é que para ficarmos sentados na frente de uma tela, horas e horas lendo sentados, não é bom. Em livros sim, lemos no sofá, na cama. Tenho lido postagens de tamanho muito bom, não acho longos.
    Nanda, eu escrevo como aprendi e como é meu espírito, não forço nada, e aí está o prazer de escrevermos, ser como somos.
    Acho que aprendemos bem. Meu pai além de sua profissão era escritor, e peguei muito coisa dele. Quanta emoção li dele, quanta coisa bem escrita. Casei e ele ainda escrevia...
    Gostei muito desta postagem de hoje, vem do coração e da razão.
    Aqui, eu e Pedro já vimos muitos vezes que a Fernanda escreve lindo, com emoção, humor na medida certa! Achamos lindo demais o que você escreve, menina!
    Beijinhos daqui do Pampa Gaúcho.

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    1. Tais, querida, que comentário mais verdadeiro e cheio de sentir. Sorri, com o “catar comentário” sim, a gente percebe quando a leitura foi só de título, né? Mas o que me encanta mesmo é essa tua entrega: você lê com atenção, responde com o coração e ainda compartilha histórias que são joias, como essa do teu pai escritor… imagino a beleza e a força dessas palavras herdadas.
      Também concordo contigo: escrever deve ser expressão do espírito, não performance. Quando a escrita nasce de dentro, ela encontra o outro com mais verdade e é exatamente isso que você faz, sempre.
      E que honra receber esse carinho teu e do Pedro! Obrigada, viu? Palavras assim aquecem até os cantinhos mais tímidos da alma da gente.
      Beijinhos afetuosos daqui do DF- pro Pampa Gaúcho!

      😘

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)