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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

Amor sempre....

Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

07 julho, 2025

Textos grandes

Aleatoriamente um toque de poesia



Eu sei.
Você não vai ler.

Ou vai ler até a segunda linha e pensar:
“Ah, muito longo.”
Ou pior:
“Resumo?”

Pois não tem resumo.
Nem bullet points.
Nem reels.
Nem dancinha.

Tem texto.
Tem letra, vírgula, parágrafo. Travessão porque gosto de travessões, eles fazem pausa, respiram.
E tem tempo. Tempo meu, escrevendo.
Tempo seu, decidindo se aguenta ou se pula.

Não escrevo pra tela.
Escrevo pra quem tem olhos que demoram, que tropeçam nas palavras e continuam mesmo assim.
Escrevo pra quem carrega dor e quer ver a dor nomeada.
Pra quem não tem pressa de acabar.…

Obrigada por ler
Você podia ter parado.
Na primeira linha.
No primeiro ponto.
Na primeira respiração que parece exagero e talvez seja mesmo.

Mas ficou.

Ficou mesmo depois da vírgula desnecessária, da frase comprida, da metáfora meio cansada. Ficou mesmo quando eu fui fundo demais, ou lenta demais, ou sentimental demais.
E olha… isso me comove.

Porque escrever é um risco.
A gente entrega o coração, dobra bonitinho e espera que alguém abra com cuidado ou que pelo menos não jogue fora sem olhar.

E você abriu.
Leu.

Talvez não tenha entendido tudo. Talvez não tenha concordado com nada.
Mas ficou. Me acompanhou.
Fez companhia às palavras que, sozinhas, tremem.

Então eu te escrevo isso agora com o que tenho de mais simples e mais inteiro:
obrigada.

Obrigada por gostar de letras que não dançam, por amar frases que não cabem em legenda. Obrigada por não ter pressa de ir embora. Por me deixar entrar aí, na sua leitura. Mesmo que por cinco minutos.

É pouco mas pra mim, é tudo.
Gostei da sua presença.
Ela me escreveu também.




Fernanda






3 comentários:

  1. Boa noite de Paz, querida amiga Fernanda!
    Estou aqui recostada no sofá, no celular... livre, leve e solta...
    Um post assim como me cai bem.
    Como uma pluma em meu coração.
    Acarinha meu ego de forma terna.
    Faz poesia em minha alma.
    Cai feliz como companhia boa.
    Escrevi um Poeminha que você já leu e que conta como me escrevi.
    Fico tão feliz de lhe escrever também.
    Amigos nos escrevem com o passar do tempo, ponto por ponto,vírgula por vírgula, travessão por travessão...
    São eteceteras em nosso viver, amiga.
    Como amo reticências!
    As palavras ditas e escritas por amigos nos escrevem ou nos reescrevem...
    Emojis não me dizem mais nada, são tão mentirosos e imparciais, muitas vezes, mas as palavras se desmascsram e não podem vingar, se forem mentirosas, uma vida toda.
    Obrigada por tudo escrito aqui. Cheira veracidade.
    Tenha uma noite abençoada na nova semana!
    Beijinhos fraternos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. *etcetera
      ** cheira à veracidade...
      Desculpe-me.

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    2. Roselia querida,
      te ler é como encontrar abrigo no meio de um dia qualquer. Teu jeito de sentir as palavras e de deixá-las repousar nos outros é coisa rara, dessas que não se aprendem, apenas se vivem.
      Sim, os amigos nos escrevem. E às vezes reescrevem partes que nem a gente sabia que precisava mudar. Obrigada por me escrever com essa leveza que se apoia no afeto e na verdade. As tuas reticências dizem tanto. Boa noite também a ti… e que a semana venha cheia de travessões e ternuras.

      Com carinho,
      Fernanda!

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)