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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

07 agosto, 2025

Céu noturno

Aleatoriamente um toque de poesia




O céu noturno é o único teto que não pesa.
A gente olha pra cima e, de repente, tudo que era urgente encolhe.

Tem algo no céu da noite que acalma, mesmo quando a alma está em tempestade. Talvez porque, diante da imensidão, a gente se lembre que é só uma parte  pequena, finita, sensível. E, paradoxalmente, isso não assusta. Alivia.

Enquanto a cidade se cobre de luzes artificiais, o céu insiste em sua simplicidade. Um pano escuro bordado de silêncio e estrela. Nenhum alarde. Nenhuma competição. Só presença. Ele está ali, sempre esteve, mesmo quando a gente esquece de olhar.

Gosto do céu noturno porque ele não cobra respostas. Não pergunta se está tudo bem, não exige produtividade, não espera performance. Ele apenas observa, com a paciência das coisas eternas.

Já chorei olhando o céu. Já sorri também. Já pedi sinais. Já agradeci em silêncio. Às vezes falo com meus mortos olhando pra cima. Parece mais fácil acreditar que eles me escutam assim  flutuando entre constelações e saudade.

O céu da noite é o mesmo desde os tempos mais antigos. Foi o teto dos pastores, dos profetas, dos que fugiam e dos que buscavam. Nele, o tempo se dissolve. Ontem e amanhã se confundem. Só o agora importa.

Seja na varanda de casa ou deitada num chão qualquer, há algo sagrado no ato de contemplar o céu à noite. É um encontro.
Entre a gente e o que ainda não sabemos nomear.





 Fernanda

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)