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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

08 agosto, 2025

Zelo pela verdade

Aleatoriamente um toque de poesia



Questionar o mundo em que vivemos não é falta de fé.
É amor demais para aceitar tudo como está.

Quem ama de verdade não se conforma com a dor alheia, não se cala diante da injustiça, não abaixa a cabeça só porque alguém diz que “sempre foi assim”.
Questionar é, muitas vezes, o nosso jeito mais puro de rezar. É dobrar os joelhos diante do que não compreendemos e dizer:
“Senhor, mostra-me o Teu caminho, porque esse aqui parece torto demais.”

Viver sem perguntas pode parecer mais cômodo, mas é um modo de sobreviver anestesiado. E eu… eu não nasci para anestesias. Nasci para sentir, para doer, para perguntar, para insistir no bem, mesmo quando o mundo inteiro aposta no contrário.

Dói ver crianças com fome.
Dói ver o nome de Deus sendo usado como justificativa para o ódio.
Dói ver o perdão sendo transformado em fraqueza, e o amor sendo descartado como ingenuidade.
E diante de tudo isso, como não perguntar?

A fé que não suporta perguntas é frágil.
A espiritualidade que só floresce em respostas prontas é rasa.
E a verdade, essa que buscamos com tanto zelo, raramente se revela num único caminho.
Ela se esconde no detalhe, no intervalo, no incômodo.

Sim, Senhor, eu Te amo.
E por isso Te questiono.
Não porque duvido de Ti mas porque tenho medo de tudo o que inventaram em Teu nome. Porque sei que és amor, mas vejo tanta coisa que fere, que exclui, que mata, e ainda assim carrega Tua assinatura.

Questionar o mundo em que vivemos é parte do nosso zelo pela verdade.
É nossa forma de gritar: “Isso não é justo!”
É nossa maneira de dizer: “O Teu reino ainda não está aqui mas nós estamos tentando, dia após dia, trazer um pedacinho dele.”

Não quero respostas rápidas. Quero profundidade.
Quero a coragem de Jesus quando virava as mesas do templo. Quero a ternura d’Ele quando acolhia quem todos rejeitavam.
Quero a firmeza de quem sabe que fé e consciência não se separam.

Que ninguém nos faça acreditar que perguntar é pecado. Pecado é a indiferença. Pecado é calar diante da injustiça. Pecado é vestir uma fé que nos deixa confortáveis, mas não nos transforma.

Hoje, mais do que nunca, é preciso zelo. Zelo por uma espiritualidade viva, inquieta, honesta.
Zelo por uma verdade que não se impõe mas que nos liberta.

E se a estrada for feita de perguntas, que eu siga mesmo assim. Porque sei que, no fim de cada dúvida sincera, há um encontro com o que é essencial.




Fernanda

6 comentários:

  1. Una entrada muy reflexiva y profunda, querida Fernanda. Estoy de acuerdo contigo, no debemos conformarnos con aguantarnos, ni callarnos, debemos alzar la voz ante las injusticias, para remover la conciencia social. Pero nos hemos vuelto una sociedad cómoda e insolidaria.

    Debemos movernos ante las injusticias sociales. Porque es doloroso ver cómo pasan los niños hambre, o las injusticias de la guerra que quiénes pagan los errores de los mayores son los niños. Y es muy duro que ellos angelitos tengan que sufrir, cuando lo que deberían hacer es jugar.

    Muy entrañable y profunda esta publicación que has escrito, Fernanda, llega al corazón. Tienes toda la razón, porque no debemos callar, debemos hablar, gritar, salir y no conformarnos con las injusticias sociales. Ser valientes y justos, porque hablar no es pecar, sino como bien dices, callar es pecar.

    Gracias por esta entrada tan solidaria y por remover las conciencias, ójala todos fuéramos como tú. 

    No nos callemos, gritemos ante las injusticias.

    Es un placer disfrutar de tu letras.

    Que estés pasando un feliz día.

    Besos enormes



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    1. Querida María,

      suas palavras me tocaram profundamente.
      Obrigada por ler com o coração aberto, por sentir junto, por transformar o que escrevi em algo ainda maior com a sua sensibilidade.
      Você tem toda razão: estamos, sim, vivendo tempos de silêncio perigoso, de uma certa indiferença confortável. Mas não podemos aceitar que a dor alheia se torne invisível, especialmente a dor das crianças esses pequenos anjos que deveriam estar apenas brincando, nunca chorando por fome ou medo. Que nunca nos calemos diante das injustiças. Que tenhamos coragem de gritar, sim, mas também de agir com ternura, com verdade, com compaixão. Recebo com gratidão sua companhia e seu afeto. E sigo aqui, escrevendo, para que a gente continue se encontrando assim com coragem e esperança.
      Um beijo enorme no seu coração, e que o seu dia também seja de luz.

      😘🙏🏻

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  2. A espiritualidade e a fé sem saber em quê, é burra.
    Também sou da opinião de que temos que questionar.
    Porque as coisas acontecem, como acontecem?
    A gente as vezes questionamos isso. Questionamos a injustiça.
    Onde está Deus que não vê isso?
    Ele está no mesmo lugar... E por amor a nós, nos deu o livre arbítrio e não interfere, a não ser que peçamos socorro.
    Mas é difícil entender isso.
    Eu também vivo ME questionando e me perguntando se eu estou entendendo as coisas e o mundo.
    As vezes não olhamos ao nosso redor e ficamos com pena dos pandas do Himalaia, enquanto os cachorros do nosso bairro passam fome.
    Aí o cachorro olha pra gente e pergunta?
    — Esses himanos não me vêem sofrer?
    Será que Deus as vezes está olhando para os pandas do Himalaia?
    Se a gente que é muito mais limitado faz essas coisas...

    Um abraço minha amiga.
    Desculpe acho que divaguei demais.

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    1. André,

      que texto necessário. Não, você não divagou demais. Eu digo nos amigos o que penso. Porque aprendi a dizer o que sinto com verdade. Você fez perguntas que muitos de nós guardamos por vergonha, medo ou cansaço.
      Questionar a fé não é sinal de fraqueza, é sinal de que estamos vivos por dentro. E eu também me pergunto, tantas vezes, se estou mesmo entendendo as coisas… ou se estou apenas tentando suportá-las.
      Essa imagem do cachorro olhando pra gente e perguntando “vocês não me veem?” é quase um reflexo. Porque, no fundo, estamos todos querendo ser vistos por Deus, pelas pessoas, por nós mesmos.mas creio que o Pai está cuidando de tudo e não entendemos.
      E talvez a resposta não venha em voz alta. Talvez venha num gesto, num olhar, num cachorro que nos obriga a sair do automático.
      Obrigada por me fazer pensar. Seu texto não é só uma reflexão: é um chamado à consciência.
      Um abraço com afeto desses que não respondem tudo, mas permanecem.

      Fernanda

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  3. Boa tarde de paz, querida amiga Fernanda!
    Até a Virgem Maria questionou...
    "Como se dará isso?"...
    Por temperamento, sou questionadora desde pequenina, só parei de perguntar às pessoas erradas, ainda que fossem da família, porque não tive respostas adequadas.
    Sim, tem toda razão, o mundo anda de pernas para o ar e brigam em nome da religião... um disparate tremendo.
    Não dá para entender um monte de injustiças reinantes e nem na nossa própria vida onde plantamos 'morangos do amor' e colhermos aqueles petrificados que nem dá para mordermos, kkk...
    (descontraindo um pouco num assunto sério).
    Por temperamento também, ainda bem que tento me aprender, sou avessa às injustiças.
    Ou seja, sou questionadora e não adepta às injustiças não por mérito próprio, mas por temperamento, o que é herdado, porém trabalhado.

    "Pecado é a indiferença. "

    A cada caminhada pela manhã, olho ao lado e vejo gente dormindo com os pés encardidos, no chão frio, coberto por uma manta que algum bem-aventurado cedeu... tem como ser totalmente feliz atualmente?
    A gente tenta minimizar tristezas várias para não desgastar o ânimo nem o convívio, mas quando sozinhas, no silêncio do coração, vem as interrogações mil... e não há chá de melissa que dê jeito no sono não descansado ao acordar.
    Que seja em palavras, por aqui, vamos afirmando o mundo injusto e cheios de questionamentos plausíveis.
    No mais, é ir fazendo o que podemos para ajudar o bem perto de nós como podemos visto que a política pública nem está aí, muitas vezes.
    Tenha um final de dia abençoado!
    Beijinhos fraternos de paz





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  4. Querida Roselia,

    suas palavras tocam com delicadeza e verdade. Também acredito que questionar é um jeito profundo de amar. Porque quem se pergunta, sente. E quem sente, não se acomoda.
    A imagem dos “morangos petrificados” me arrancou um sorriso triste porque é exatamente isso, às vezes. A gente planta com amor e colhe o silêncio, ou a pedra. Mas seguimos, porque é da natureza do amor insistir.
    E como você bem disse, não tem chá que resolva certas dores. Mas tem partilhas como a sua, que aquecem, confortam e nos lembram que ainda há gente vendo, sentindo, se importando.
    Que bom te ler. Que bom te encontrar por aqui.
    Um beijo com carinho e paz no coração ♥️

    😘🙏🏻

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)