✿Aguarde os próximos capítulos...✿

Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

06 agosto, 2025

Enquanto a cidade dorme

Aleatoriamente um toque de poesia


Enquanto a cidade dorme,
meus olhos seguem acesos.
Não por insônia,
mas por ofício.
Por cuidado.
Por amor.

A moça da recepçao
 algumas vezes busca
 um cafezinho pra nós.
E o tic tac das horas caminha...

O silêncio das madrugadas tem peso e voz,
tem suspiros que não se ouvem,
tem histórias esperando por colo,
tem almas em pausa,
esperando recomeços.

No branco das paredes,
a poesia escuta comigo
o som dos passos contidos,
os choros que se calam,
os cansaços que não dizem nada,
mas tudo dizem.

E enquanto a noite parece longa demais,
há uma chama pequena, teimosa,
dentro do peito 
ela não se apaga.

É fé.
É presença.
É um “vai passar” que eu não digo em voz alta,
mas penso para cada um que passa por mim.

E quando o sol enfim nascer,
ninguém verá o poema que escrevi com o corpo,
com o olhar atento,
com a alma estendida entre uma porta e outra.

Mas eu saberei.
E a poesia também.

6 comentários:

  1. Boa tarde de paz, querida amiga Fernanda!
    Um post poema emocionante...
    Muitas vezes, não temos compaixão dos que nos cuidam no silêncio da noite, podem ser médicos, enfermeiros, pessoal de limpeza e higienização dos hospitais e clínicas. Quando digo compaixão é no sentido literal mesmo: com + paixão...
    Tanto a poesia como a profissão, seja ela qual for, há que se debruçar com paixão. Inclusive a gratidão precisa ser precedida de paixão.
    A medicina precisa se humanizar cada vez mais, muito progresso já temos tido.
    Não fossem os capacitados em nos atender e curar, o que seria de nós?
    A poesia vem adoçar a vida de todo ser humano e conscientizar das responsabilidades sociais.
    Você faz bem assim.
    Continue, querida!
    Que bom o sol nasceu e vimos agora seu poema noturno cheio de intensidade e sagacidade!
    Tenha dias e noites de plantões abençoados!
    Beijinhos fraternos de Paz e Saúde

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querida Roselia, que resposta linda, generosa e cheia de luz! Fico profundamente tocada com teu olhar, sempre tão atento à alma das coisas como enxergas a compaixão não só como sentimento, mas como uma presença ativa, encarnada em cada gesto silencioso dos que cuidam de nós, dia e noite.
      Tens toda razão: tanto a poesia quanto o cuidado seja na medicina, na escuta ou no simples gesto de limpar um chão exigem essa entrega com + paixão. E que bonito tu lembrares que até a gratidão precisa vir dessa chama viva. Obrigada, de coração, por essa troca tão rica. Tuas palavras sempre chegam como bênção. Que nossos dias e noites sigam sendo atravessados por essa ternura que, como disseste tão bem, também é forma de consciência.

      Beijinhos com gratidão e paz no coração,

      Excluir
  2. Qué bonito poema, querida Fernanda. Escribir versos mientras la ciudad duerme, en el silencio de la noche, y tú despierta, atenta a todos, por amor, y además, escribiendo este precioso poema.

    Los destellos de la noche te iluminan en inspiración, y hasta haces poesía entre esas horas que van marcando el reloj y que a veces se hacen tan largas, y ese silencio de la mañana despertando el día para comenzar desde el cansancio de la noche.

    Qué duras son algunas profesiones, como la que imagino que tienes tú, especialista en medicina, para cuidar de quiénes están enfermos. Y tanto dais. Esa profesión es entrega, dedicación y amor.

    Me ha encantado leerte, querida Fernanda.

    Que pases una feliz noche y hoy puedas descansar bien.

    Besos enormes con cariño.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querida María, que alegria receber teu comentário tão cheio de ternura! Tu compreendeste com tanta delicadeza o espírito do poema essas horas silenciosas em que a cidade dorme e o coração, mesmo cansado, continua desperto por amor, cuidado e palavras. É verdade… algumas profissões pedem da gente uma vigília constante, mas quando somos atravessados pela poesia como tu bem disseste até o cansaço vira matéria de beleza.
      Te agradeço de coração por tua leitura sensível, e por esse carinho que atravessa fronteiras com a leveza da alma generosa que tu tens.
      Te envio também meus melhores desejos de paz, poesia e descanso profundo.

      Besos enormes con cariño y gratitud,
      😘🙏🏻

      Excluir
  3. Sempre fico paralisado com o brilho das tuas palavras, Nanda, parece simples escrever, e para você estou convencido de que o é, há sempre ternura e poesia se espalhando.
    Quem diz:
    E quando o sol enfim nascer,
    ninguém verá o poema que escrevi com o corpo,
    com o olhar atento,
    com a alma estendida entre uma porta e outra.
    Quantas coisas poderíamos mudar se pudéssemos ver deste mirante que você ergue para que possamos descortinar este mundo que o seus olhos apreendem.
    Fico com meu carinho, Nanda!
    Obrigado pelo terno poema!
    Abraços, .

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eros,

      Te ler é como receber de volta o que escrevi, mas agora embrulhado em generosidade e poesia. Obrigada por me enxergar com essa doçura como quem lê não só as palavras, mas os intervalos entre elas.
      Talvez eu só escreva porque há olhos como os teus, que acolhem. E, se há um mirante, é porque algumas almas, como a tua, sobem comigo e ajudam a ver mais longe. Recebo teu carinho como se recebe o sol da manhã: com gratidão silenciosa e alma aquecida.
      Um abraço com afeto, sempre.

      😘🙏🏻

      Excluir

depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)