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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

30 outubro, 2025

Guardar palavras pra quê?

Aleatoriamente um toque de poesia

Outro dia me perguntaram por que não publico um livro. Aliás, duas editoras já perguntaram  com propostas, contratos, capa, tudo no jeitinho. E eu disse não. Um não manso, mas decidido.
E não por desamor. Mas por amor demais.

É que livro, pra mim, não é vitrine. É parto. E parto só se faz quando o corpo pede, quando a alma suporta, quando há urgência verdadeira  daquelas que ardem e empurram de dentro.

As palavras não me faltam. Mas o momento, sim.
Porque publicar não é só escrever  é colocar as palavras no mundo com a força de quem banca o que sente. E eu ainda estou no tempo de sentir. De amadurecer silêncios. De escrever sem precisar encadernar.

Guardar palavras, pra quê?
Se elas nascem para tocar, para circular, para abrir caminhos?

Mas veja  há uma diferença entre guardar e apressar.
Não publiquei livro porque não é hora. Mas também não tranquei as palavras numa gaveta. Elas andam por aqui, livres, em blogs, bilhetes, crônicas, conversas noturnas. Elas vivem. E viver já basta.

Às vezes acho que publicar um livro seria como colocar salto alto num texto que só quer andar descalço. E eu respeito isso.

Respeito que nem tudo que é bonito precisa virar produto.
Respeito o tempo da semente  que brota quando quiser.
Respeito meu coração que ainda prefere o contato íntimo do blog, 
a resposta singela de um leitor só, do que o alvoroço de uma prateleira qualquer.

Já me disseram: “Você tem que aproveitar.”
E eu penso: aproveitar o quê?
Se o que me move é a leveza, e não a pressa?

Prefiro assim, por enquanto:
Uma vida de palavras soltas, oferecidas ao vento.
Um texto por vez.
Um sim à liberdade.
E um não à obrigação de caber no molde do mundo editorial.

Quem sabe um dia, eu queira.
quem sabe um dia,eu volte atrás e deixe
o livro sair as prateleiras
Mas por enquanto, escrevo.
Sem guardar. Sem lançar.
Apenas sendo palavra viva e livre.
Sem generalisar😜



Fernanda

Um comentário:

  1. Boa noite de paz, querida amiga Fernanda!
    Tem toda razão, eu só publiquei com 55 anos.
    Sempre escrevi, porém só etendi o desejo na maturidade.
    E não foi por querer próprio, uma religiosa me pediu para escrever a vida dela, assim fiz e não parei mais.
    Fui pela obediência, não mais.
    Achava que ser escritor era algo elitizado demais e não é verdade. É DOM.
    Assim que você está certa, deixa Deus dar o toque.
    Ele fez assim comigo e ninguém me impede porque é missão que Ele me deu através de uma religiosa.
    Temos que estar atentas ao sinais, porque pode ser que a humildade nos tolha o dom.
    Boas palavras são sempre para serem lidas e, por aqui, seu blog está repleto delas.
    Tenha uma noite abençoada!
    Beijinhos fraternos

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)