Crônica
Nestas miniférias, preferi ficar na família sem intervalos, sem pausas, sem planos mirabolantes. Só nós. Sabe? O médico tem uma vida muito corrida, e muitas vezes a família é “sacrificada” um pouco. É o preço da escolha, dizem. A responsabilidade é enorme, e quem leva a sério o que decidiu ser, precisa se aplicar de corpo e alma.
Mas eu procuro, sempre que posso, estar presente. Nas histórias antes de dormir, nas conversas pela manhã, nos almoços cheios de risadas e nos silêncios confortáveis que só a intimidade permite. Quando estou em casa durante o dia, ou quando não tenho plantões, ninguém fica sem carinho, sem atenção e, claro, sem Fernanda. 😊
Então, nestas mini-férias, fui tudo isso: mãe, filha, esposa. E um pouco de menina também, porque a alegria deles me rejuvenece. A rotina no trabalho recomeça no sábado, e neste sábado já tenho plantão.
Logo nossa volta para casa é na sexta-feira.
Você pode perguntar: “E você, Fernanda, descansou?” Nem tanto. Mas, para quem é atenta a tudo, o descanso tem outro nome: presença.
Doar-me a cada criança e adulto, a cada história e riso, foi um descanso da alma e foi demais de bom.
Obrigada, Senhor do alto, por estes dez dias de miniférias que terminam nesta sexta. Obrigada porque todos ainda estão amando tudo e cientes do retorno com alegria também.
As crianças estão radiantes, meus pais, as bisas e até fizemos novas amizades por aqui.
André está mais apaixonado 😊 palavras do meu pai, viu? e eu também, moçada.
Acho que é isso o que acontece quando a gente escolhe amar de perto: o coração bate no compasso certo sempre, mais alegria, as batidas viram um samba romântico 🥰 haha 🤣
Eita vidão de Deus!🤣
Fernanda
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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)