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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

29 dezembro, 2025

Não se pode culpar Deus, pela maldade dos homens

Aleatoriamente um toque de poesia
Refletindo


Outro dia ouvi alguém dizer, quase num desabafo cansado:
“Se Deus existe, por que tanta injustiça?”
E a frase ficou repetindo  em mim. Não porque eu nunca tivesse pensado nisso, claro que já, mas porque hoje entendo a pergunta por outro ângulo.

A gente cresce ouvindo que Deus é pai, é amor, é cuidado.
E é.
O problema é que confundimos cuidado com controle. Como se Ele tivesse a obrigação de nos proteger até de nós mesmos. Como se Deus pudesse impedir toda crueldade humana com um simples estalar de dedos e, se não o faz, então é culpado.

Só que não se pode culpar Deus pela maldade dos homens. O livre-arbítrio existe justamente pra nos lembrar que amadurecer é escolher. E que escolhas têm consequências.
Deus deu a direção, mas cada um segura o volante.

É como entregar uma casa pronta para um filho e dizer:
Aqui está seu lar. Cuide. Cresça. E o filho, com as próprias mãos, decide se constrói jardim ou muro, se abre janelas ou fecha tudo por dentro.Se quebra o vaso ou planta uma rosa.

A crueldade não é castigo divino; é escolha.
A injustiça não é plano de Deus; é interferência humana no que Ele sonhou.
Ele não nos criou para arrancar pedaços uns dos outros, mas para transpor obstáculos.
Se transformamos estruturas em muros, o erro não é d’Ele.

A verdade amarga é que Deus não faz por nós o que cabe a nós fazer.
Ele não vai impedir a mão que levanta a ofensa.
Mas pode inspirar quem a levanta a desistir da violência. E pode consolar quem sofreu dela.

O mundo não se perde porque Deus nos “abandonou;”
o mundo se perde quando a gente abandona Deus dentro da gente.

E veja quando digo Deus, não falo da estátua, do altar, ou da imagem pintada.
Falo da centelha.
Da ética. Do amor que sentimos quando cuidamos.
Da paz que nasce quando fazemos o certo.
Do agasalho que o perdão dá ao peito.

Se cada um carregasse essa centelha com o respeito que ela merece, não haveria “por que Deus permite?”.
Porque a permissão é nossa. Somos nós que autorizamos a violência quando nos calamos diante dela.

Somos nós que alimentamos a injustiça quando fingimos que não vemos.

Somos nós que perpetuamos o ódio quando escolhemos vingança em vez de compaixão.

A responsabilidade é humana. A resposta, divina.

Às vezes imagino Deus observando, com aquele olhar de quem torce, esperando o momento em que finalmente vamos entender que Ele não é o autor da dor, mas o bálsamo. Como um pai que assiste o filho cair da bicicleta sabendo que poderia segurá-lo, mas que, se o fizesse, ele nunca aprenderia a manter o próprio equilíbrio.

E é aí que a fé se torna adulta: quando paramos de exigir que Deus seja babá, e começamos a ser responsáveis pela nossa porção de mundo.

Então, da próxima vez que alguém perguntar:
“Se Deus existe, por que tanta maldade?”
Talvez a resposta seja só a luz.

Porque Ele nos deu liberdade e a gente ainda não aprendeu a usar com amor.

No fim das contas, Deus é o amor que aponta o caminho.
Os passos, porém, são nossos.



Fernanda


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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)