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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

28 dezembro, 2025

Horizonte

Aleatoriamente um toque de poesia



Oi, tempo.

Olhando o horizonte, penso como tudo é tom.
Tom do céu que muda de humor, tom da maré que respira,
tom do meu peito que às vezes é grave, às vezes sussurra feito flauta.

Você, tempo, é o maestro de cada cor que me atravessa. No seu compasso, os dias não são só dias:
são partituras vivas, onde cada segundo é nota
e cada ausência, um silêncio que compõe.

Tenho tentado aprender a te ouvir. Nem sempre entendo quando você acelera,
quando empurra meus passos antes que eu queira,
quando diz que é hora de soltar o que ainda dói segurar.

Mas hoje, olhando o horizonte, percebo:
nada é só branco ou só azul é mistura, nuance, intervalo.
É o dourado tímido que anuncia o fim da tarde,
o cinza que carrega chuva e promessa, o lilás que aparece sem avisar, feito encanto.

E talvez seja isso que você quer dizer, tempo:
que viver é acolher os tons, mesmo os dissonantes,
sem tentar repintar o que já não cabe na tela.

Eu sei, eu sei…
Ainda insisto em perguntar “por quê” quando você me leva alguém; ainda peço “espera” quando você pressiona; ainda digo “vai devagar” quando a vida, impaciente, me chama.

Mas hoje, tempo, eu não peço nem reclamo.
Só digo oi.
Oi com as mãos abertas.
Oi com o olhar descansando no horizonte.
Oi aceitando a paleta inteira
da sombra à luz, do começo ao recomeço.

Se tudo é tom,
que eu seja mistura.
Que eu seja gradação.
Que eu seja infinita possibilidade de cor.

Com afeto,


Fernanda

Um comentário:

  1. "Se tudo é tom,
    que eu seja mistura.
    Que eu seja gradação.
    Que eu seja infinita possibilidade de cor"

    é isso!

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)