Quando comento um texto, uma frase, ou até mesmo meia frase, gosto de realmente mergulhar no conteúdo. Não sei apenas “gostar” de um jeito leve eu preciso sentir. Muitas vezes vou mais fundo do que o próprio texto parece permitir, talvez porque veja logo a essência escondida entre as linhas.
É como se eu escutasse o que o texto não disse, mas quis dizer. As pausas, os silêncios, as intenções.
E quando tento escrever, costumo me prometer: “Dessa vez, serei breve.” Mas as palavras não me obedecem. Elas chegam em fila, empurrando-se umas às outras, pedindo passagem. E eu, generosa ou teimosa abro a porta e deixo todas entrarem.
Por isso, quem me lê é um herói.
Herói por acompanhar meus desvios, minhas voltas, meus mergulhos. Herói por não se perder nos meus labirintos de ideias.
Posso passar o dia inteiro, a noite toda, escrevendo, comentando, criando, quando não estou trabalhando, tentando traduzir o que o coração sente antes mesmo de eu entender. E ainda assim, fico com a sensação de que sobrou coisa por dizer.
Escrever, afinal, é isso: tentar alcançar o indizível.
E cada um que fica comigo nessa viagem, merece o meu mais sincero agradecimento e um pouco de paciência também.
Às vezes penso que escrever é uma forma de respirar. Há quem respire por instinto; eu respiro por palavras. Quando passo muito tempo sem escrever, começo a sentir uma falta que não é do corpo mas da alma.
Então escrevo. E no instante em que a frase nasce, o mundo volta ao eixo. Não é sobre publicar, nem sobre agradar. É sobre existir por meio da palavra, como quem se entende um pouco mais cada vez que põe sentimento em forma de letra.
Escrevo como quem varre a casa por dentro. Cada texto é um cômodo que arrumo: troco os móveis das ideias de lugar, abro janelas, deixo a luz entrar. Às vezes encontro poeira antiga, às vezes flores novas crescendo entre lembranças.
E quando alguém lê e entende, mesmo que por um fio, sinto que algo se cumpriu. É como se o texto deixasse de ser meu e passasse a ser de quem o toca.
Talvez por isso eu escreva tanto para me encontrar e me espalhar.
Para me descobrir e, ao mesmo tempo, me doar.
E sigo, assim, nesse ofício silencioso e teimoso, com a caneta cansada e o coração aceso.
Porque, no fundo, escrever é o modo mais bonito que encontrei de continuar conversando com o mundo e com Deus.
Hoje mesmo, entre uma xícara de café e outra, me peguei escrevendo no guardanapo da cozinha. A mesa ainda estava molhada, a toalha um pouco torta, e o sol entrava pela janela como quem não quer nada. O barulho do mundo lá fora não me distraía parecia até acompanhar o ritmo das palavras que iam surgindo sozinhas.
Escrevo assim: entre panelas, vozes e silêncios. Entre a vida que acontece, no intervalo do meu trabalho, o que sinto que precisa ser dito antes que escape. Às vezes é só uma frase, um pensamento rápido; outras vezes é uma enxurrada e eu, sem guarda-chuva, deixo chover.
Já tentei me controlar, escrever menos, falar pouco, mas é inútil. As palavras têm vida própria. Elas me acordam, me chamam, me empurram. Querem sair, ver o mundo, encontrar quem as entenda.
E quando alguém chega, lê, e diz que sentiu o mesmo ah, é aí que tudo faz sentido.
Porque escrever é solidão compartilhada. É o modo que encontrei de transformar o que dói, o que encanta, o que me confunde, em algo que possa tocar o outro com delicadeza.
Enquanto houver um amigo, um só caminhando comigo por entre as linhas, eu sigo.
Palavra por palavra, dia após dia, como quem reza devagar.
E quando não houver ainda assim eu sigo com elas também.
porque escrever é ser Fernanda🙏
Fernanda
Oi, Fernanda! Boa noite! Uau, que crônica fascinante, não é mesmo? A poesia parece ter encontrado morada em ti, de maneira tão evidente que me faltam palavras para expressar a profundidade e autenticidade de tuas palavras. Meu blog, por um breve período, estará em repouso. Retornarei após as festividades do final do ano. Esta época é uma verdadeira tempestade de atividades para mim, pois me vejo na necessidade de viajar a outros estados, em visita à casa de minha querida mãe. Eu diria que quem tê é um privilegiado. É o que penso. Assim, te deixo meus votos de festividades repletas de alegria e luz, tanto para ti quanto para os teus. Abraço amiga.
ResponderExcluirLegal, Fernanda. Ficco até um tanto poético. Você tem esse dom e faz bom uso dele.
ResponderExcluirUm abraço, querida.
Oi Fernada!
ResponderExcluirCoisa rara alguém gostar tanto de escrever nos dias de hoje...Parabéns pelo dom!
Respondi assim teu comentário na visita do blog hoje:
Oi Fernanda, obrigada por seu comentário tão lindo e especial!
Meu blog esteve fora do ar um tempo sem que eu percebesse e quase o perdi, porque não paguei o anuidade do dominio: jeitodecasa.com. E por ter quase perdido me deu vontade e saudade do tempo em que os blogs eram só alegrias compartilhadas. Infelizmente la nos primeiros anos da blog eu fiz a besteira de retirá-lo do blogger e hoje tenho que ter esse cuidado.
Sim, eu amo cuidar de plantas e agora terei um espaço para me divertir!
obrigada por sua visita!
abraço
ana
Fernanda querida, já reparaste no tamanho dos meus comentários? Não consigo ser breve...tenho que ler, reler e deixar que o meu coração se liberte de todas as palavras que nele entraram depois de lida uma publicação nos blogues Amigos. Não me considero heroína por ler textos longos, mas considero-me abençoada, quando enchem o meu cantinho de palavras às quais faço questão de responder: fazendo isso parecer uma boa conversa entre quem publica e quem comenta. Continua assim, querida Amiga, pois as tuas palavras são um alento para quem as lê ; nelas há sempre algo de importante que nos faz refletir e que nos enriquece; quantas vezes elas me levam a ir bem fundo ao meu eu interior e a deixar vir cá para fora inquietações e questionamentos que precisam de reflexão da minha parte.
ResponderExcluirObrigada, Amiga e boa noite.
Beijinhos 🔔🔔🎄🙏
Boa noite de toda paz, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirComo me apetece ler um texto assim, todo seu, após chegar em casa de uma Varanda da Poesia Musical onde meu coração está extasiado.
"Por isso, quem me lê é um herói."
Somos heroínas porque nos amamos fraternalmente e lemos por prazer, não por compromisso ou para barganhar comentários... como se isso bastasse para se adentrar num texto em prosa ou em verso e sair repleto de saciedade.
Somos heroínas porque não nos preocupamos em ler textos grandes ou pequenos, num mundo de efemeridades e modismos que se tem que escrever pequeno para se estar na 'crista da onda'.
Sentimos falta de escrever porque é dom, não é para nos dizermos escritoras ou nada similar.
Também eu seguirei e me permita a ousadia de lhe dizer, sinceramente, que , mesmo sem nenhum leitor, eu seguirei escrevendo porque é minha insulina.
Escreva, Amiga, sempre, para nosso enlevo.
Edificar o próximo que precisa de sinceridade muito mais do que soberba.
Obrigada por ser como é e não ligar para opinião ferina de quem não tem como ocupar o tempo com o escrever tão bonito como você.
Vamos encher nossa solidão de palavras,,,
VALE A PENA.
Tenha dias de dezembro abençoados!
Beijinhos fraternos
Fernanda, você nasceu para escrever, você tem esse dom que Deus lhes deu e você o personificou, o transformou e nos faz felizes apenas em espalhar as palavras que tanto precisamos ler.
ResponderExcluirSempre aprendo um pouco por aqui: primeiramente em parar e respirar...Deixo o mundo correndo lá fora e me concentro em seus textos, em cada palavra, em cada parágrafo e confesso que é como adentrar um campo florido ou sentir o cheirinho da chuva ( me causa profunda paz).
Por isso continue, persista, é um dom e você nem precisa aperfeiçoá-lo pois já está PRONTA!!
Beijos querida e desejos de um Feliz e lindo Natal a si e toda a família!! :))))
Despacio y lentamente voy saboreando, cada frase, cada oración, cada renglón que compone tu obra, mientras siento sumergirme en esa atmósfera especial que posee tu narrativa, pues sobre tus letras, además de talento, pones sentimiento, arte, emoción, sinceridad, transparencia. Incluso, en los breves segundos que dura tu lectura, puedo sentir tu presencia y sin necesidad de haberte visto nunca puedo describirte tal y como eres… culta, fina, transparente, inteligente, sensitiva, observadora, de visión analítica, intuitiva, de buen gusto, de corazón grande y con un alma de igual medida (solo hay que leerte para conocerte).
ResponderExcluirAutora, en cada pincelada que plasman tus relatos, no solo acuñas tu arte, tu personalidad, tu sentir, también tu credo y tu filosofía de vida.
¡Tú no escogiste el camino de las letras… las letras te eligieron a ti!
¡Gracias por compartir!
Minha querida Fernanda
ResponderExcluirLer os seus textos é como respirar ar puro, uma lufada que entra na nossa alma. Eu venho aqui para estar e me imbuir das coisas lindas que nos diz e sobre as quais encontro afinidades. Chego, sento-me, ponho-me à vontade e por aqui fico maravilhada, sentindo-me tocada pela mão de uma criatura que veio para nos trazer calma e fazer ver que o mundo ainda tem muito para nos dar em termos de amor e solidariedade. E vou lendo, um e outro artigo do seu blog, deixo comentário em ou outro, e saio apaziguada pronta para o que me espera lá fora.
Minha amiga, eis o que é ser heroína: É ter esse dom de comunicar, de trazer até nós as palavras que lhe saltam do peito e de fazer o milagre de tocar muitos de nós.
BOM NATAL!
Beijinhos
Olinda
É simplesmente maravilhoso o que escrever Fernanda.
ResponderExcluirComo tu dizes, escrever é muito mais que organizar palavras numa sequência lógica. É traduzir a alma, abrir o coração e dar voz às emoções.
E a tua escrita, não nasce do vazio. Ela brota das emoções silenciadas, dos sorrisos esquecidos, dos gestos contidos e das lágrimas que aprenderam a esconder-se atrás de olhares distantes. Cada palavra tua, carrega não apenas um significado, mas uma história, um gesto de humanidade, um toque de transcendência e de Fé.
Os teus textos não pedem licença para entrar em quem te lê — ele se derrama, ocupa os espaços, ressoa nas entrelinhas do que não foi dito. É uma escrita que busca não apenas tocar, mas transformar.
Quando escreves, procuras fazer um mergulho dentro de ti mesma, buscas enxergar, como num espelho, as emoções e pensamentos que, muitas vezes, se escondem no silêncio do coração.
Além disso, a tua escrita tem um compromisso com a autenticidade. Não escreves para agradar, mas para revelar. Não moldas histórias para que sejam confortáveis, mas para que sejam reais. E, em meio a essa verdade, há sempre um olhar para o sagrado. O divino está presente, não como um conceito distante, mas como uma presença que habita cada linha, cada pausa, cada respiro.
É para mim um prazer imenso ler tudo o que escreves querida Fernanda!
Tem um dia abençoado.
um abraço, com todo o meu carinho.