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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

Amor sempre....

Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

02 maio, 2025

Riso no chão da sala

Aleatoriamente um toque de poesia
Entrada de diário

Era final de tarde e eu estava exausta. O tipo de cansaço que não vem só do corpo, mas do íntimo arrastada pelos plantões, pelas responsabilidades, pelas saudades que moram em silêncio. Só queria uns minutos de quietude rsrs.

Mas então, um deles veio com um travesseiro na mão. Outro trouxe um cobertor. Em questão de minutos, a sala virou acampamento. Tinha almofada virando barco, tapete sendo mar, e criança pulando como se o mundo fosse feito só de risos.

Sentei no chão. No início, sem querer  cansadinha demais para brincar. Mas aí um deles se jogou no meu colo e riu. Riu com aquele som puro, aberto, cheio de vida. E eu ri também. Do nada. Do tudo. Do riso dele e do alívio que isso trouxe.

A vida tem sido “dura”, sim. Mas meus filhotes têm esse poder de fazer o tempo parar. Naquele chão da sala, entre gargalhadas e almofadas, eu lembrei: ser mãe também é isso. Não só ensinar, cuidar, ajustar. Mas deitar no chão, esquecer o relógio, e rir junto.

Às vezes penso que não estou dando conta. Mas então eles me olham como se eu fosse o mundo.

E por alguns minutos… eu sou.


6 comentários:

  1. Olá, querida amiga Fernanda!
    Como a entendo...
    Seu post me emociona muito, lembro-me dos meus meninos pequeninos e como eu ficava feliz com eles, eram meu tudo.
    Tenho certeza de querer ao mundo deles e eles o meu... mas eles cresceram, voaram e fiquei só... com boa lembranças que me fazem chorar e chorar. Não sei como consegui... três horários de escolas... 200 redações para corrigir no final de semana do segundo grau, não foi nada fácil se não fosse Deus, eu não teria conseguido.
    Restam-nos as lembranças, querida.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos fraternos

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  2. Nossa, Fernanda, que coisa linda… snif. Eu quase esqueci que o caos maternal vinha com trilha sonora de risos angelicais e metafísica de almofadas.

    Enquanto você tava aí sendo promovida a “Deusa do Universo Infantil com superpoderes de transformar tapetes em oceanos”, eu tava lutando pra não ser engolido pela pilha de roupa suja que já atingiu níveis tectônicos aqui.

    Mas sério, essa cena toda me deu esperança. Ou inveja. Ou sono. Difícil dizer. Só sei que agora estou emocionalmente instável e procurando um travesseiro pra jogar em mim mesmo.

    Obrigada por lembrar a todos nós que, mesmo no olho do furacão chamado maternidade, ainda dá pra rir — ou pelo menos fingir que tá tudo bem enquanto uma criança te escala como se fosse o Everest.

    Abração do amigo
    Daniel

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  3. Bom dia:- Muito bonito de ler. Parabéns pela inspiração e gentil partilha.
    .
    “” Feliz Fim de Semana ““
    .

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  4. Nanda, tive 4 filhos em 5 anos . Uma escadinha linda e muito me vi assim... Nada melhor do que brincar com eles, mesmo cansadas... Vale a pena! Adorei te ler! Que barulhinho lindo o do riso das crianças por perto de nós! beijos, chica

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  5. Que fase boa onde não se sabe o que é cansaço de plantão e de perturbações da vida adulta. Uma vida feita de mundos de fantasia onde qualquer coisa pode virar brinquedo. O que nos resta diante de um sorriso assim, de um gesto assim? Nem todo peso do mundo vai nos anular de sermos o mundo para eles.

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  6. Em primeiro lugar muito obrigada pelas palavras que deixou no meu "Ortografia". Vim visitar o seu espaço. E encontro um texto maravilhoso, onde é impossível a uma mãe resistir ao riso das crianças e nesses momentos é para elas como se fosse o mundo. Entendo-a muito bem Fernanda. Que sejam crianças felizes. Sempre. Consigo.
    Tudo de bom.
    Um beijo.

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)