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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

19 dezembro, 2025

O que tem feito pela sua consciência?

Aleatoriamente um toque de poesia



Este ano está quase terminando e você…
foi um bom menino ou uma boa menina?

A pergunta chega simples, quase infantil, mas carrega um peso que atravessa a alma. E então alguém pergunta: Mas, Fernanda, o que seria ser um bom menino ou uma boa menina?

Eu explico: ou tento.
Não tem a ver com obediência cega, nem com a aparência de bondade.
Não é sobre agradar aos outros, nem colecionar aplausos silenciosos.
Ser um bom menino, uma boa menina, é saber exatamente quem você é.
É olhar para dentro sem maquiagem, sem desculpas, sem personagens.

E aí a pergunta muda de tom: O que você tem feito pela sua consciência?

Tenho pensado muito nisso.
Vivemos dias em que o vazio se disfarça de ocupação, a futilidade se veste de opinião, e a falsidade aprende a falar bonito.

Eu pedi ao Pai em silêncio, com o coração quase em súplica  que jamais eu seja uma pessoa vazia.
Que eu não me acostume ao raso. Que eu não negocie a verdade para caber em lugares onde minha essência espiritual não cabe.

Pedi que, mesmo falha, eu seja inteira. Que meus textos carreguem o que sinto e o que vivo,
não o que esperam de mim.
Porque escrever, para mim, é um ato de consciência.

E você?
O que tem feito sobre a verdade?
Tem sustentado o que acredita quando ninguém está olhando?
Ou tem preenchido o vazio com distrações para não escutar o que dói?

A consciência não grita.
Ela sussurra.
E quem foge do silêncio, foge dela.

No fim, talvez ser um bom menino ou uma boa menina
seja apenas isso:
não trair a própria, essência, 
não abandonar o que é essencial, não mentir para si mesmo.

Porque quando tiramos todas as máscaras,
quando atravessamos o vazio, quando escolhemos a verdade, mesmo custando
descobrimos algo maior habitando em nós.

Não fora.
Não distante.
Mas vivo, pulsante, silencioso e firme.

O Cristo em nós.


Fernanda

18 dezembro, 2025

Escolher outro caminho

Aleatoriamente um toque de poesia



Hoje, na hora do cafezinho, a conversa descambou para um tema antigo como o mundo: a vingança. Uma das meninas contava, exaltada, sobre o quanto sonhava em “dar o troco” em quem a havia magoado. A roda se animou todo mundo tem uma história dessas escondida em algum canto do peito.

Eu, ouvindo mais do que falando, soltei devagar, entre um gole e outro:
Sabe? A melhor vingança é nenhuma.

Silêncio. Desses que não pesam, mas fazem pensar.
Depois completei: Se cure, siga em frente e jamais se torne igual àqueles que te machucaram.

Não era uma lição era apenas o que aprendi, na marra. Porque a vingança, por mais saborosa que pareça no pensamento, sempre deixa um gosto amargo na alma. Ela não apaga a dor, só a repete com outro nome.

Curar-se, ao contrário, é um ato de coragem. É dizer: “não vou carregar o veneno do outro em mim”. É sair do campo da disputa e escolher o da liberdade. Quem se cura não precisa provar nada. E quem perdoa ainda que em silêncio já venceu.

Lembrei de uma frase que ouvi certa vez: “A vingança é um prato que nunca deveria ser servido.” E é verdade. Porque enquanto a vingança fere o outro, o perdão liberta a nós mesmos.

No fundo, é simples e ao mesmo tempo, imensamente difícil. Requer desapego, humildade e fé na justiça da vida, essa que não falha, mesmo quando parece demorar.

Quando o café terminou, ninguém mais falava em revanche. Ficamos todos quietos, mexendo a xícara como quem remexe pensamentos.

Acho que, por um instante, todos sentimos a força mansa de escolher outro caminho o da paz, que é sempre a mais bela resposta.
E quando levantei, para voltar ao trabalho ouvi:

Obrigada Fê!

E eu, foi um prazer ajudar.




Fernanda

16 dezembro, 2025

Quem me lê é um Herói

Aleatoriamente um toque de poesia



Quando comento um texto, uma frase, ou até mesmo meia frase, gosto de realmente mergulhar no conteúdo. Não sei apenas “gostar” de um jeito leve eu preciso sentir. Muitas vezes vou mais fundo do que o próprio texto parece permitir, talvez porque veja logo a essência escondida entre as linhas.

É como se eu escutasse o que o texto não disse, mas quis dizer. As pausas, os silêncios, as intenções.

E quando tento escrever, costumo me prometer: “Dessa vez, serei breve.” Mas as palavras não me obedecem. Elas chegam em fila, empurrando-se umas às outras, pedindo passagem. E eu, generosa ou teimosa abro a porta e deixo todas entrarem.

Por isso, quem me lê é um herói.

Herói por acompanhar meus desvios, minhas voltas, meus mergulhos. Herói por não se perder nos meus labirintos de ideias.

Posso passar o dia inteiro, a noite toda, escrevendo, comentando, criando, quando não estou trabalhando, tentando traduzir o que o coração sente antes mesmo de eu entender. E ainda assim, fico com a sensação de que sobrou coisa por dizer.

Escrever, afinal, é isso: tentar alcançar o indizível.
E cada um que fica comigo nessa viagem, merece o meu mais sincero agradecimento e um pouco de paciência também.

Às vezes penso que escrever é uma forma de respirar. Há quem respire por instinto; eu respiro por palavras. Quando passo muito tempo sem escrever, começo a sentir uma falta que não é do corpo  mas da alma.

Então escrevo. E no instante em que a frase nasce, o mundo volta ao eixo. Não é sobre publicar, nem sobre agradar. É sobre existir por meio da palavra, como quem se entende um pouco mais cada vez que põe sentimento em forma de letra.

Escrevo como quem varre a casa por dentro. Cada texto é um cômodo que arrumo: troco os móveis das ideias de lugar, abro janelas, deixo a luz entrar. Às vezes encontro poeira antiga, às vezes flores novas crescendo entre lembranças.

E quando alguém lê e entende, mesmo que por um fio, sinto que algo se cumpriu. É como se o texto deixasse de ser meu e passasse a ser de quem o toca.

Talvez por isso eu escreva tanto para me encontrar e me espalhar.
Para me descobrir e, ao mesmo tempo, me doar.

E sigo, assim, nesse ofício silencioso e teimoso, com a caneta cansada e o coração aceso.
Porque, no fundo, escrever é o modo mais bonito que encontrei de continuar conversando com o mundo  e com Deus.

Hoje mesmo, entre uma xícara de café e outra, me peguei escrevendo no guardanapo da cozinha. A mesa ainda estava molhada, a toalha um pouco torta, e o sol entrava pela janela como quem não quer nada. O barulho do mundo lá fora não me distraía  parecia até acompanhar o ritmo das palavras que iam surgindo sozinhas.

Escrevo assim: entre panelas, vozes e silêncios. Entre a vida que acontece, no intervalo do meu trabalho,  o que sinto que precisa ser dito antes que escape. Às vezes é só uma frase, um pensamento rápido; outras vezes é uma enxurrada e eu, sem guarda-chuva, deixo chover.

Já tentei me controlar, escrever menos, falar pouco, mas é inútil. As palavras têm vida própria. Elas me acordam, me chamam, me empurram. Querem sair, ver o mundo, encontrar quem as entenda.

E quando alguém chega, lê, e diz que sentiu o mesmo ah, é aí que tudo faz sentido.
Porque escrever é solidão compartilhada. É o modo que encontrei de transformar o que dói, o que encanta, o que me confunde, em algo que possa tocar o outro com delicadeza.

Enquanto houver um amigo, um só caminhando comigo por entre as linhas, eu sigo.
Palavra por palavra, dia após dia, como quem reza devagar.
E quando não houver ainda assim eu sigo com elas também.
porque escrever é ser Fernanda🙏




Fernanda

Um colo que nos encontra

Aleatoriamente um toque de poesia
Crônica 



Estes tempos eu estava sem tempo para escrever.
Não por falta de vontade, mas por excesso de trabalho, ainda está assim.
Mas quando consigo então é como um extravasar e eu amo.

O cotidiano muitas vezes chega em ondas altas, e eu, muitas vezes, apenas aprendo a respirar entre um plantão e outro. Há rascunhos espalhados pelo blog na edição, textos começados e interrompidos, ideias ainda quentes esperando um colo. Mas, eu queria escrever algo vivo, pulsante, algo da hora mas a hora nunca sobrava.

Foram dias de muitos atendimentos dentro e fora da clínica. Escutas profundas, histórias que se agarravam à gente mesmo depois que a porta se fechava. Há cansaços que não moram no corpo, mas na alma. E quando a alma cansa, o silêncio se torna a única língua possível.

Eu estava exausta.
Mas connseguindo conciliar um pouco agora.

Num desses dias, entre um compromisso e outro, fui ao refeitório. Queria apenas um café forte, desses que tentam acordar o que já está além do despertador. Sentei-me por um instante. Só um. E o corpo, traindo qualquer disciplina, desligou. Adormeci ali mesmo, vencida pelo cansaço.

E foi nesse espaço mínimo entre o sono e o esgotamento que o céu me visitou.

Sonhei com Nossa Senhora. Não uma imagem distante ou solene, mas a mesma que, quando eu era pequena, afirmava com convicção infantil e fé absoluta: ela é a minha mãe. No sonho, ela vinha até mim com passos leves, como quem não quer assustar quem já sofreu demais. Seu olhar tinha aquela calma que não pergunta nada, apenas acolhe.

Ela acariciava meu rosto.
Beijava-me com ternura.
Chamava-me de filha.

Não havia palavras longas, nem sermões, nem explicações. Só presença. Só aquele amor que não cobra, não exige, não pesa. Um amor que sustenta. E ela me abençoava não como quem faz um gesto, um  ritual, mas como quem cobre alguém com um manto de cuidado.

Acordei devagar, como quem retorna de um lugar sagrado. E antes mesmo de organizar os pensamentos, percebi o ar diferente. Um cheiro. Um perfume suave e inconfundível de rosas. Tão bonito, tão real, que por um instante pensei que ainda estivesse sonhando.

Mas não estava.

Olhei ao redor. Outras pessoas também perceberam. Não fui só eu quem sentiu. O Céu , quando quer, se faz testemunho. E naquele refeitório comum, sem altar nem velas, algo extraordinário havia acontecido.

Naquele momento entendi que nem sempre o descanso vem em forma de sono longo, férias ou pausas planejadas. Às vezes, ele vem como visita. Vem como lembrança antiga. Vem como mãe que chega quando a filha já não consegue pedir ajuda.

Escrever pode esperar.
O mundo pode aguardar alguns minutos.
Mas a alma, quando chama, precisa ser atendida.

Naquele dia, aprendi que mesmo exausta, mesmo sem tempo, eu não estava só. Fui cuidada. Fui lembrada de quem sou. E voltei diferente mais inteira, mais serena, mais filha.

E talvez seja isso a fé:
um colo que nos encontra exatamente quando a gente adormece de cansaço.
Então com a ajuda da mãezinha, surgiu este texto.



Fernanda

15 dezembro, 2025

Minas de mim

Aleatoriamente um toque de poesia



Há lugares em mim
que ainda não toquei.
Cavernas silenciosas
onde a dor virou som
e o amor aprendeu a esperar.

Sou feita de minas 
umas de ouro,
outras abandonadas,
outras perigosas
que só se atravessam com fé.

Carrego explosões contidas
em forma de calma.
Quem me vê inteira
não imagina
quantas vezes precisei
me reconstruir em pó.

Mas sigo.
Porque até do fundo da terra
nasce água.
E até de mim, cansada,
brota luz
quando escolho continuar.


Fernanda