Senhor, hoje nasce o pequeno Jesus,
e, ainda assim, já é grandioso em amor e paz.
É estranho como o céu escolhe sempre o pequeno para ensinar o imenso. Um menino, um colo, uma manjedoura e o mundo inteiro convocado a reaprender a amar.
Venho falar Contigo como quem se senta à beira da cama antes de dormir. Sem fórmulas, sem máscaras. Venho agradecer por nos abraçares sempre como um Pai amoroso e cuidadoso, mesmo quando não sabemos pedir direito, mesmo quando erramos o caminho e fingimos que foi escolha.
Senhor, queria Te pedir algo simples e difícil: fortalece quem anda cansado demais para continuar, encoraja quem tem medo de dar o próximo passo, resigna quem precisa aceitar o que não pode mudar agora. Olhai para os teus filhos com compaixão quando eles não têm direção, quando caminham em círculos achando que avançam.
A Terra está muito doente, Senhor.
A energia dos seres humanos a devastou com orgulho, inveja, ira e descaso. Esquecemos que somos hóspedes e nos comportamos como donos. Ferimos a casa, ferimos uns aos outros, ferimos a nós mesmos e ainda perguntamos por que dói.
Mas Tu sabes, Pai, que há exceções.
Almas silenciosas que ainda cuidam, que ainda partilham, que ainda escolhem o bem quando ninguém está olhando. É através dessas exceções que Te peço: faze brotar sementes. Sementes de humildade onde hoje só há vaidade. Sementes de ternura onde a pressa endureceu os gestos. Sementes de consciência onde a indiferença virou hábito.
Que este Natal não seja apenas memória de um nascimento, mas decisão de renascer. Que cada um de nós se permita ser um pouco mais abrigo, um pouco mais luz, um pouco mais Pai e Filho ao mesmo tempo.
E que, ao final desta conversa, mesmo sem ouvir Tua voz, a gente sinta como sempre que não estamos sós. porque há conversas, Pai, que não terminam apenas elas suspiram.
E sigo aqui, em silêncio por alguns instantes, como quem espera uma resposta que não vem em palavras, mas em sensação. Tu nunca respondeste alto. Tu respondes em paz súbita, em lágrima que cai sem saber por quê, em força que aparece quando tudo dizia que não.
Ensina-nos, Senhor, a escutar melhor.
A perceber que nem toda demora é abandono, que nem todo “não” é castigo, que nem toda dor é inútil. Dá-nos olhos menos duros, mãos menos fechadas, corações menos armados.
Que o pequeno Jesus, hoje deitado na simplicidade, nos lembre que o amor não precisa de trono para ser rei. Que Ele nos ensine a descer do orgulho, da razão absoluta, da necessidade de vencer para que possamos finalmente encontrar o outro.
Cuida das casas onde faltam risos.
Dos lares onde a mesa existe, mas a presença não.
Cuida dos que sorriram o dia inteiro e agora choram no escuro.
Cuida também de nós, quando fingimos força só para não preocupar ninguém.
E se for possível, Pai, fica.
Fica nos dias comuns, nas segundas-feiras difíceis, nas decisões pequenas que moldam destinos de quem lida com vidas. Fica quando o Natal acabar e as luzes forem guardadas, porque é aí que mais precisamos lembrar que Tu nasceste e permaneces.
Amém.
Obrigada 🙏🏻
Fernanda !
FELIZ NATAL!!!