Nada do que escrevo é invenção. É confissão.
Não conto a vida dos outros porque não a conheço por dentro. Mas da minha, eu sei. E é dela que falo.
Escrevo o que vivi, o que ainda dói, o que me atravessa no silêncio dos dias. Tudo o que você lê aqui sou eu, em carne e palavra.
Uso o blog como um divã. Nunca fiz terapia com outros, mas faço com Deus e comigo. A escrita é o meu modo de conversar com o que não cabe mais no peito. Não invento. Apenas conto poeticamente o que já sangrei em silêncio.
Amo escrever. Tenho história, motivos e memória de sobra pra isso. E, mais do que amor, escrever é necessidade. Como água pra beber, como ar pra seguir. Não escrevo para receber elogios escrevo porque preciso me ouvir.
Os comentários de vocês me tocam profundamente, cada um. Mas minha vinda aqui não é só para partilhar é para existir com inteireza. A escrita é o meu jeito de continuar viva quando tudo em volta parece desabar.
É assim que respiro. E é assim que sigo.
Às vezes me perguntam se não é demais me expor tanto. Mas pra mim, esconder o que sinto é que seria exagero. Escrevo com pudor, sim, mas não com medo. Porque cada linha que deixo aqui me devolve um pouco de mim mesmo que doa, mesmo que seja difícil olhar de frente.
Já calei demais. Hoje, escrevo porque encontrei nas palavras o único lugar onde posso ser inteira sem pedir desculpas. Cada texto é um pedaço do meu caminho, com tropeços, fé, cansaço, esperança e esse amor imenso por viver, mesmo quando tudo parece desandar.
Não espero que me entendam por completo. Mas se alguém se reconhecer no que escrevo, se uma dor minha encostar na dor de alguém e, de alguma forma, confortar então valeu. Escrever, pra mim, não é só um ato solitário. É um gesto de entrega. Um modo de dizer: “estou aqui, ainda tentando, ainda sentindo.”
E seguirei assim contando o que me habita, o que me falta e o que me sobra. Não porque é bonito, mas porque é real. E porque essa é a minha forma de existir no mundo: com palavra, verdade e fé.
Se tem dor, eu escrevo. Se tem alegria, também. Porque não vejo sentido em passar pela vida calada, como se não tivesse sentido nenhum. O que coloco aqui é meu mesmo quando parece “inventado”, mesmo quando nem eu sei se era passado, presente ou desejo. Tudo que escrevo tem um pedaço de mim, mesmo que disfarçado de metáfora.
Não sou escritora de enredo planejado. Sou feita de espanto, memória e fé. Meus textos nascem do que pulsa não de fórmulas. E por mais que a vida me derrube, sei que enquanto eu tiver palavras, terei chão.
É aqui que me encontro quando me sento diante da tela e deixo que a alma escreva o que nem sempre a boca tem coragem de dizer. Esse blog é meu quarto escuro e minha janela aberta ao mesmo tempo. É onde me recolho e onde me exponho.
E enquanto houver coração batendo, vai ter palavra querendo sair. Vai ter história querendo ser contada. Vai ter eu, tentando me entender e seguir.
Porque escrever, no fundo, é isso: uma forma bonita de continuar respirando quando a vida aperta.
Já tentei guardar tudo só pra mim, fingir que dava conta em silêncio. Mas descobri que o que fica dentro demais apodrece. Por isso escrevo: pra não adoecer do que não digo. Escrevo pra abrir as janelas por dentro.
E mesmo que nem todos entendam, mesmo que confundam verdade com exagero ou dor com drama, sigo fiel a mim. Porque o que coloco aqui não é espetáculo é vida real, vivida com intensidade e entrega.
Não estou atrás de aplauso. Estou atrás de alívio.
Não escrevo pra ser lida escrevo pra sobreviver.
Amo a compamnhia de vocês sim, amo ir até vocês comentar.
Mas amo escrever para conseguir respirar.
E se minhas palavras tocarem alguém no caminho como já citei, se servirem de espelho, consolo ou companhia, então agradeço. Mas, antes de tudo meus amigos, escrevo porque preciso.
Esse é o meu acordo com a vida: Enquanto doer, eu escrevo. Enquanto amar, eu escrevo. Enquanto viver, eu escrevo.
E assim, entre verdades e versos, sigo sendo quem sou. Com fé, com falhas, com palavra.Com tudo o que sangra e também com tudo o que me salva.
Obrigada,
Fernanda
Escrever faz muito bem .Falar de alegrias, das dores, dos sentimentos que carregamos... Dá um alívio ao coração e no teu caso, do jeito que escreves, ainda nos encanta! Continua "respirando" assim lindamente! beijos, chica
ResponderExcluirChica, que palavras lindas… obrigada de coração!
ExcluirÉ isso mesmo: escrever alivia, limpa por dentro, dá fôlego pra seguir. E se, além de me curar, ainda consigo tocar o outro como você disse então já valeu cada linha. Seguirei respirando em palavras, sim, enquanto Deus me permitir.
Beijos com carinho e gratidão!
Beijo,
Nanda!
Como é bom sabê-lo, Nanda, de forma tão contundente. Não cometerei este engano outra vez. É que você escreve tão bem que cometi este erro de leitura. Tenho certeza de que minha justificativa atenua o meu erro.
ResponderExcluirUm abraço, bom domingo!
Eros, não houve erro houve leitura com afeto, e isso já me basta. Se escrevo bem, é porque escrevo com a alma à flor da pele. Às vezes parece invenção mesmo… mas é só a vida, vestida de palavras. Fico feliz com seu olhar atento e com essa troca tão generosa.
ExcluirUm abraço grande, e que seu domingo seja leve e bonito!
Querida amiga Fernanda, se pudesse lhe dizer, em palavras, como a entendo, como vibro com cada palavra dita por você aqui, como me identifico com tudo, e se isso lhe desse mais força para continuar, eu faria sem pestanejar.
ResponderExcluirNão vou tópico por tópico, porque TUDO aqui é perfeitamente colocado e bate em meu coração como luva de pelica.
Gosto de lhe dar um eco do que me calou a alma, entretanto.
Sabe, querida, tanto na sociedade como aqui, as pessoas tendem a se fazer de algo que não são de verdade dentro de casa, criam um personagem fictício de bons moços, pessoas perfeitas que não têm preconceitos, e outros.
Aliás, hoje a Homilia foi exatamente sobre o assunto de se fazer de algo que não se é... até os mais humildes cobrem uma parede com uma toalha e fazem filmagens para encobrirem os tijolos não rebocados, já viu? Tudo pelo teatro social...
Se quiséssemos ser autênticos, não teríamos vergonha de escrever quem somos no real. Além de desopilarmos o coração, ainda teríamos preces de pessoas que nunca saberíamos o que nos seria extremamente benéfico.
"Da minha, eu sei. E é dela que falo."
Eu também... Aliás, desde que voltou a blogar, eu falo para você que as pessoas nos taxam de vítimas... é tão fácil... por isso se faz à torta e á direita assim, aceitar dar trabalho, quem quer?
Eu leio com calma e paz tudo que escreve, é só identificação e leveza que vejo em suas palavras. Conheço o teor do seu escrito na pele... não tenho esforço algum em lhe entender nem me molesta. Só me releio e cresço.
"Não sou escritora de enredo planejado."
Comentei com meu padrinho que crê em mim e agora com você: parece que algo superior pega em minhas mãos e zás! Tipo psicografado, entende, eu sei. Eu posso chamar de Inspiração e é, claro, mas tem algo que é meu eu real que me domina, como um vício bom, ou seja uma virtude.
"As grandes naturezas produzem grandes vícios, assim como grandes virtudes".
(Platão)
Vamos no Dom que Deus nos presenteou de nos curarmos de dores inúmeras do passado, presente....
"Não estou atrás de aplauso. Estou atrás de alívio.
Não escrevo pra ser lida, escrevo pra sobreviver."
Eu também respiro por aqui nos blogs... e como.
Creio que somos uma, duas ou talvez milhões...
Continuemos por amor.
Quem sabe de nós é Deus.
Atrás de cada blogueiro ou escritor está uma pessoa que se deixa revelar ou não ou que disfarça suas próprias dores para manterem posturas sociais aceitáveis e irreverentes.
"Na minha fraqueza que sou forte"
Como disse Paulo.
Tenha uma nova semana abençoada, querida, com céu azul ou como estiver aí, mas feliz!
Beijinhos com carinho fraterno de gratidão e estima
Roselia, minha amiga de alma, ler você é como ser abraçada por alguém que entende sem precisar explicar. É acolhimento em forma de palavra.
ExcluirVocê captou cada pulsar do que escrevi como quem lê com o coração antes dos olhos. E isso, minha querida, não tem preço. É raro. É bênção. Também acredito que há algo maior que nos toma pela mão e escreve com a gente. Não é vaidade, não é invenção é fé transformada em verbo. É dor virando caminho. É amor doído, mas vivo.
Sim, somos “julgadas, tachadas, mal interpretadas” às vezes… mas cada um tem uma maneira de percepção e está tudo certo. Seguimos.Porque sabemos que escrever é, muitas vezes, o único modo de não adoecer por dentro.
E que bom saber que há você aí essa alma generosa, que não tem medo de dizer que sente, que se reconhece, que se mostra sem disfarces. Seguiremos, sim, por amor. Por fé. Por sobrevivência. Porque há um Deus que conhece nossos bastidores e é com Ele que conversamos enquanto escrevemos.
Obrigada, de verdade, por ser esse carinho limpo.
Um braço com afeto e gratidão,
Fernanda
Ora, que bonita confissão!
ResponderExcluirEscrever pode mesmo ser tudo isso que você escreveu. É tarapêutico. É chamar as palavras para perto e usá-las como meio.
No meu caso, gosto de escrever porque as ideias me brotam e então é preciso pari-las em algum lugar. Se alguém as ler e gostar, melhor ainda!
E como diria um certo apresentador, eu aumento mas não invento...rs
Eduardo, que bom te ler!
ExcluirSim, escrever é um parto às vezes dolorido, às vezes iluminado, mas sempre necessário. As palavras me visitam como se quisessem casa… e eu dou abrigo.
Adorei seu “eu aumento mas não invento”. Aqui é assim: minha vida em texto, mas a emoção ganha contornos mais largos, mais fundos.
Que bom encontrar gente que entende esse impulso de escrever não só com a cabeça, mas com o coração inteiro.
Obrigada pela presença e pelo olhar generoso!
Volte sempre.
Que texto inspirador! A forma como descreves a escrita como elemento essencial à vida, quase como um respirar profundo da alma, é profundamente tocante. É como se cada palavra nasça da necessidade de existir. Obrigada por partilhares essa intimidade e sensibilidade.
ResponderExcluir💙 Desejo-te uma excelente semana!
Com carinho,
Daniela Silva
🔗 https://alma-leveblog.blogspot.com
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Querida Daniela,
ExcluirMuito obrigada pelas tuas palavras generosas. Escrever, para mim, é isso mesmo: uma forma de existir com mais verdade, de transformar o que pulsa por dentro em algo partilhável.
Que bom saber que essa partilha encontrou morada em ti.
Uma semana luminosa, daquelas obrigada!🙏🏻
Escrever como quem fala da própria vida, como quem respira, como quem partilha as emoções sejam elas alegria ou mágoa. Entendo-a muito bem porque é assim que também falo do que sinto e do mundo que me rodeia. E lembro Miguel Torga: "a poesia é o espaço imaterial que o poeta habita para ser livre". Como se as palavras nos absolvessem das nossas fragilidades.
ResponderExcluirUma boa semana.
Um beijo.
Querida Graça,
ExcluirQue resposta bonita e tão próxima do que também sinto. Escrever, sim, é esse gesto de partilha íntima feito de alegria, mágoa, memória e esperança. Um modo de respirar por dentro, de dar forma ao que, às vezes, só o silêncio conhece.
E que escolha certeira a de Torga… Também acredito que as palavras nos oferecem esse espaço de liberdade e alívio onde podemos ser inteiros, mesmo nas nossas fragilidades.
Uma boa semana também para ti.
Um beijo com carinho,
🙏🏻
Não há volta a dar, você está "condenada" a escrever em qualquer circunstância da vida. E isso é muito bom, a Fernanda pode continuar a respirar bem e a viver o mais próximo de você mesmo. A vida é muito curta e, assim, deve fazer o que mais gosta. Gostei da sua "confissão", onde despiu a sua alma com uma clarividência total. E a sua alma é linda, continua a mostrá-la.
ResponderExcluirBoa semana querida amiga Fernanda.
Um beijo.
Querido Jaime,
ExcluirRi com ternura da tua “condenação” e aceitei-a de bom grado. Escrever, para mim, é isso mesmo: um destino que se cumpre quase sem escolha. É onde respiro melhor, onde me escuto com mais clareza, onde me reconcilio com o que sou. Tuas palavras tocaram-me profundamente. Saber que a minha “confissão” encontrou conotações em ti, dá sentido a tudo o que coloco no papel. Que bom é poder partilhar a alma com quem a lê com tanto respeito. Obrigada, de coração. Uma excelente semana também para ti.
Um beijo com carinho,
Fernanda
Escrever é respirar com palavras, é dar forma ao que sentimos, eco ao que calamos, rumo ao que somos.
ResponderExcluirCada frase é um gesto de permanência num mundo que nos passa depressa.
na folha em branco ou na tela, cabem memórias, sonhos, perguntas, silêncios e luz..
Escrevemos para lembrar, para compreender, para tocar o outro sem sair de nós. Porque há coisas que existem quando ganham nome.
E escrever... é nomear o invisível!
Desejo-te uma éptima semana
Com toda a estima,
albino santos
Querido Albino,
ExcluirQue beleza as tuas palavras ficaram a ecoar em mim como um sussurro necessário. Sim, escrever é isso tudo que tão bem descreveste: um respirar com palavras, um modo de habitar o que sentimos e de deixar que o outro nos toque, mesmo de longe.
Também acredito que há coisas que só passam a existir quando ganham nome. E nomear o invisível… talvez seja uma das formas mais profundas de amar a vida, com tudo o que ela contém mesmo o que não se vê. Obrigada pela tua generosidade de sempre.
Desejo-te também uma excelente semana, com inspiração e calma.
Com carinho e estima,
Fernanda
Sempre com excelentes produções textuais. Eu me encontrei bastante nessas linhas.
ResponderExcluirQuerido Dell,
ResponderExcluirQue alegria saber que te encontraste nessas linhas talvez seja esse o maior sentido da escrita: criar sintonia silenciosas entre o que sentimos e o que o outro também vive.
Obrigada pelo carinho de sempre e pela leitura atenta.
Um abraço cheio de estima!