eu e as crianças no supermercado
Hoje entrei no supermercado como quem entra numa guerra santa: eu, armada com uma lista só de itens saudáveis, e eles duas criaturinhas cheias de energia e esperança determinados a enfiar no carrinho tudo o que pisca, grita ou promete virar unicórnio na barriga.
Logo na entrada, o primeiro ataque: Mãe, o biscoito do dragão que cospe fogo!
Sem hesitar, disparei minha arma secreta: Esse não. Sabe por quê? Porque o dragão comeu isso aí e perdeu todos os dentes. Virou o primeiro dragão que só soprava ar quente. Virou até meme no mundo mágico. Eles me olharam com olhos arregalados, o mais velho soltou um “sério?”, e desviamos rumo à seção das verduras como quem foge do perigo.
Na prateleira dos iogurtes coloridos com glitter alimentício: Esse aqui é o iogurte das sereias!
Justamente. Sereias que nadavam lindamente até tomarem isso e ficarem tão pesadas que afundaram.
Mãe, sério? Está no jornal das águas. Circula entre os golfinhos. Pausa dramática. Carrinho segue.
Na seção de frutas, virei uma narradora épica.
Essa maçã aqui? É a maçã da força. Comi uma quando era criança e ganhei o campeonato de corrida da escola. Qual escola? Uma escola mágica que só abre quando a gente dorme cedo. Eles mastigaram a maçã como quem mastiga superpoderes. Um deles até flexionou o braço.
Na fila do caixa, o desafio final: balas coloridas brilhando sob a luz fluorescente como armadilhas de desenho animado. Mãe, só um pacotinho?
Essas? Ah, essas são as balas que fazem a gente esquecer os nomes dos amigos. Já viu o Joãozinho da pracinha? Não lembra nem da própria mãe desde que comeu três dessas.
Eles arregalaram os olhos. O menor apertou minha mão.
Melhor não, né mãe?
Saí do supermercado com abacates, espinafre, maçã, aveia e a sensação gloriosa de ter vencido a rodada. As crianças, ilesas. E eu, me sentindo a própria fada da nutrição, disfarçada de mãe com sacolas.
Amanhã, claro, eles vão descobrir que o dragão existe mesmo é na imaginação.
Mas até lá… missão cumprida.😉
Olha aí, Nanda, a criatividade pediu passagem em nome da boa alimentação, da saúde nutritiva , ainda rendeu bela histórias para as crianças. Além das belas histórias contadas para sustar alimentos contraindicados, ir às compras com as crianças é também saudável, pois se tem a oportunidade de conversar sobre alimentos nutritivos e a possibilidade de instrui-las sobre outras coisas que despertam o interesse delas. A vida está sempre para uma boa pedagogia. E o anjos agradecem quando nos saímos bem diante dos desafios sob o seu olhar protetor.
ResponderExcluirUm abraço, Nanda!
Eros,
Excluirvocê disse tudo com essa frase: a vida está sempre para uma boa pedagogia.😉
É nesse vai e vem entre o improviso e a intenção que a gente vai criando caminhos. História pra convencer, ora escutando o que eles mesmos ensinam com uma lógica tão viva e surpreendente.
Ir às compras com crianças é mesmo um campo fértil: ali se conversa, se negocia, se imagina… e, às vezes, até se educa (com sorte!).
E que bom saber que os anjos estão por perto, atentos aos nossos tropeços e às nossas pequenas vitórias diárias.
Obrigada por sempre me ler com tanta sensibilidade.
Um abraço grande e cheio de gratidão,
Nanda!
Boa tarde, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirTive que rir muito do seu conto bem contado, verídico, por certo.
Fez-me lembrar de uma vez que insistia com a pequena a comer cenoura, inventei que o coelhinho iria ficar feliz, o que ela, prontamente contestou:
-Mãe, então come você, para ele ficar contente.
Nunca me esqueci daquele momento de inocência dela e de se safar da minha sugestão com jeito.
Sabe de uma coisa que tenho aprendido? Eles se casam, esquecem de tudo que ensinamos, quando têm filhos, voltam a fazer o mesmo que nós, rs...
Confesso que você tem queda para contos infantis, criatividade aqui não faltou em elaborar tratado de vida saudável. Muito bom e alegre com toda riqueza que merece o tema.
Já pode dizer como Paulo:
"Combati o bom combate."
Deve ter dito, no coração, ao sair do mercado: Ufa!
Porque até eu, lendo, disse assim...
Anteontem, entrei numa loja de brinquedos infantis que recém inaugurou aqui, de primeiro mundo, fiquei encantada, que dirão as crianças!
Os atrativos do marketing cumprem seu papel.
Tenha um entardecer abençoado!
Beijinhos fraternos de Paz
Roselia, querida amiga,
Excluirri aqui com a resposta da sua filha que delícia essas pérolas da infância! A lógica deles é imbatível e, às vezes, desarma até a pedagogia mais bem-intencionada. 😂
E você tem toda razão: eles crescem, esquecem, e um belo dia, na hora do “abre a boca pro aviãozinho”, se veem repetindo exatamente o que diziam que nunca fariam. A vida dá voltas e nos devolve com juros e afeto. Fico feliz demais com seu olhar carinhoso sobre o texto. Escrever esses contos do cotidiano é como espiar o mundo pela fresta da infância: tudo vira encanto, desafio ou poesia
(às vezes os três juntos!).
E sim, saí do mercado dizendo Ufa! e com vontade de um troféu invisível de sobrevivência materna.
Obrigada, sempre, por sua presença tão cheia de luz.
Um entardecer abençoado pra você também!
Beijinhos com carinho e paz
rsssssssss...ADOREI! E além de mãe temos que ser super criativas para driblar em certos momentos. Eles assistem na TV as propagandas e ac=reditam nos milagres... Muito bom que conseguiste vencer dessa vez... Sabe-se que logo eles mesmo passam a comprar e escolhwer...Se errarem nas escolhas, tua parte foi feita! Tentaste!
ResponderExcluirbeijos, chica
Chica, querida, que delícia te ler! 😄
ExcluirÉ bem isso mesmo: ser mãe é também virar roteirista de improviso! A gente inventa, encena, convence tudo para escapar das armadilhas publicitárias que grudam nos pequenos feito chiclete no sapato. E adorei tua frase: “se errarem nas escolhas, tua parte foi feita!” é um alívio e uma verdade profunda! Porque a gente tenta, tenta, e uma hora eles é que vão ter que lidar com a própria lista de compras e as próprias escolhas… Que bom saber que nessa aventura de ser mãe, estamos todas no mesmo barco (ou melhor, no mesmo carrinho de supermercado!).
Risos…
Um beijo grande, e obrigada pelo carinho de sempre!
Nanda!
Que texto tão inspirador e envolvente! 💙 A forma como retratas a missão da saúde, entre desafios e conquistas, transmite força e esperança. Faz-nos refletir sobre o importância de cada pequeno gesto e escolha no cuidado de nós próprios e dos outros.
ResponderExcluir💜 Desejo-te uma excelente semana!
Com carinho,
Daniela Silva
🔗 https://alma-leveblog.blogspot.com
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Daniela, que comentário bonito o teu!
ExcluirFico profundamente tocada por saber que o texto te inspirou assim essa troca de sentidos e afetos é o que dá razão à escrita. A saúde, com tudo que carrega de luta e entrega, precisa mesmo ser contada com mais humanidade… e saber que isso chegou até ti como força e esperança é o maior presente. Obrigada por ler com o coração aberto.
Um abraço cheio de
carinho
Esta tua crônica está adorável, querida Fernanda! Eu sei o que é ir no Super com criança! Ficam maluquinhas, pedem tudo, até brinquedo!
ResponderExcluirEssa sua saída, falando do que poderia acontecer, achei adorável! Convenceu eles!!! Um dia resolveram me ajudar, quando vi chegaram com um monte de coisas, resolveram brincar de Mercadinho!
Então fiquei com algumas coisinhas que eles viram que eu sempre comprava, e não quis estragar a ajudinha deles... E foram coisas que eu sempre levava.
Um beijinho, deixei um comentário no post da moça de cabelos compridos, Serenata!
Uma feliz semana!
Tais, você me fez sorrir aqui! 😄
ExcluirAhhh essas aventuras no supermercado com crianças… são quase um gênero literário à parte, né? E o que seria da gente sem um pouco de criatividade e jogo de cintura nessas horas? Adorei saber da tua história do Mercadinho que fofura! E que delicadeza tua em acolher a ajuda deles, mesmo que viessem com o carrinho cheio de surpresas. No fim das contas, o amor está nesses pequenos gestos, até mesmo na escolha do biscoito ou do sabão em pó.
Obrigada pelo carinho de sempre! Já vou correndo ler teu comentário por lá que é pura serenata mesmo
Uma linda semana pra você também!
Com afeto,
Fernanda
Mais uma ótima Pedagogia com as crianças. Excelente o uso da narrativa e imaginação com os pequenos. O mundo das crianças é sempre fantasia. Tudo é brincadeira. Por isso, os adultos devem ensinar com uso desse recurso. Infelizmente a maioria dos pais não aprende a desenvolver essa habilidade - e nenhum, ou quase nenhum, foi ensinado a educar brincando junto. A maioria dos adultos esquece que até pouco tempo eram também crianças.
ResponderExcluirDell, que comentário necessário e tão bem colocado! É verdade: o mundo das crianças é feito de símbolos, de invenção, de jogo e quando o adulto aprende a entrar nesse universo com respeito e imaginação, nasce ali uma ponte afetiva poderosa, que ensina mais do que qualquer regra imposta.
ExcluirFico feliz que você tenha destacado isso, porque é exatamente esse o convite: educar sem quebrar a leveza, ensinar sem apagar a fantasia. E sim, muitos de nós não fomos ensinados a brincar junto fomos cobrados a crescer, a endurecer. Mas ainda dá tempo de reaprender. Basta olhar de novo para dentro… e lembrar que também fomos criança um dia.
Obrigada por esse olhar generoso e tão lúcido.
Com afeto e esperança,
Beijinhos