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29 junho, 2025
Onde a poesia mora?
3 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Boa noite de domingo, querida amiga Fernanda ou Nanda ou Nandinha, seja como for, poeta de alma!
ResponderExcluirVou lhe partilhar a última poesia que li no muro da minha praia:
Você é a prioridade da sua vida?
Em letras garrafais... como grafite.
Eu, indo tomar sol, caminhando pela areia, li e suspirei...
Daquele momento em diante, algo mudou em mim.
Doravante, passei a priorizar mais minha vida.
Acredita que mudou muita coisa e estou mais forte, resiliente?
Creio que poesia é, justamente, aqulo que nos faz ler e mudar devdirecao, uma metanoia no pensar, no sentir e no agir.
Lendo aqui e ouvindo um recital musical do teatro de São Pedro, na tele, lindo, eu me emociono.
Com efeito, ela não mora nos livros.
Quem não é sensível não pode adentrar ou assimar uma poesia.
Não é porvser mau ou má, sim porque o coração está duro demais para fluir nas metáforas da vida.
Parabéns, poeta!
Se achar melhor, poetisa.
Aqui, você me faz jorrar em lágrimas:
"É falar de amor quando ninguém mais acredita, e ainda assim, continuar".
Deus nos ajude a continuar a amar e, amando, poetizar como fez aqui.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos de paz
O poema vive nas pessoas, e quando encontramos a poesia por aí, até mesmo sem saber que é, e se consegue dizer conforme se quer, traduz-se em alívio na alma, boa reflexão. Um abraço, Yayá.
ResponderExcluirÉ bonito como este aprofunda mais o anterior, "Quando eu era só Fernandinha". Este revela uma madura compreensão daquilo que é poesia, já depois do contato com os clássicos, e como ela está inserida em si, e em todos.
ResponderExcluirConcordei com cada verso escrito aqui. Obrigado por compartilhar essa produção.