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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

Amor sempre....

Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

29 junho, 2025

Onde a poesia mora?

Aleatoriamente um toque de poesia



Já li Drummond, Vinicius e Guimarães. Poetas que atravessam o tempo com suas palavras afiadas e ternas. Gente que transforma pedra em caminho, amor em eternidade, sertão em alma.
Deles, herdei essa mania bonita de enxergar o mundo de lado, de procurar sentido no que escapa, de duvidar das verdades que vêm prontas.

Drummond me ensinou a pedra,  não só a tropeçar nela, mas a olhá-la como quem vê o próprio coração.
Vinicius me mostrou o amor em estado bruto, feito de música e exagero, doçura e tragédia. E Guimarães… ah, Guimarães! Me soprou que viver é sempre travessia,
que as palavras também têm cheiro de terra e gosto de rio.

Mas não foram só eles.
Li poetas anônimos nos muros da cidade,
ouvi versos no suspiro da vizinha ao entardecer,
encontrei poesia na fila do pão, na canção que insiste em tocar quando a gente já ia embora.

Ser poeta é mais que escrever,  é sentir, acolher, traduzir o que não cabe em prosa. É escutar a dor do outro e dar-lhe forma, é colher do mundo o que ele nem sabe que oferece.
É falar de amor quando ninguém mais acredita, e ainda assim, continuar.

Por isso hoje, ao virar mais uma página da vida,
não penso apenas nos nomes eternizados nos livros. Penso na menina que escreve no caderno escondido, no senhor que declama no bar da esquina, na mãe que inventa cantigas no meio da louça, no rapaz que faz rima pra suportar a saudade.

Porque no fundo, poesia não mora só nos livros.
Ela mora em nós.

A todos nós, poetas 
que mesmo sem aplausos, seguimos escrevendo o mundo com o coração.




Fernanda!

3 comentários:

  1. Boa noite de domingo, querida amiga Fernanda ou Nanda ou Nandinha, seja como for, poeta de alma!
    Vou lhe partilhar a última poesia que li no muro da minha praia:

    Você é a prioridade da sua vida?

    Em letras garrafais... como grafite.
    Eu, indo tomar sol, caminhando pela areia, li e suspirei...
    Daquele momento em diante, algo mudou em mim.
    Doravante, passei a priorizar mais minha vida.
    Acredita que mudou muita coisa e estou mais forte, resiliente?
    Creio que poesia é, justamente, aqulo que nos faz ler e mudar devdirecao, uma metanoia no pensar, no sentir e no agir.
    Lendo aqui e ouvindo um recital musical do teatro de São Pedro, na tele, lindo, eu me emociono.
    Com efeito, ela não mora nos livros.
    Quem não é sensível não pode adentrar ou assimar uma poesia.
    Não é porvser mau ou má, sim porque o coração está duro demais para fluir nas metáforas da vida.
    Parabéns, poeta!
    Se achar melhor, poetisa.
    Aqui, você me faz jorrar em lágrimas:

    "É falar de amor quando ninguém mais acredita, e ainda assim, continuar".

    Deus nos ajude a continuar a amar e, amando, poetizar como fez aqui.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinhos fraternos de paz




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  2. O poema vive nas pessoas, e quando encontramos a poesia por aí, até mesmo sem saber que é, e se consegue dizer conforme se quer, traduz-se em alívio na alma, boa reflexão. Um abraço, Yayá.

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  3. É bonito como este aprofunda mais o anterior, "Quando eu era só Fernandinha". Este revela uma madura compreensão daquilo que é poesia, já depois do contato com os clássicos, e como ela está inserida em si, e em todos.

    Concordei com cada verso escrito aqui. Obrigado por compartilhar essa produção.

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)