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07 julho, 2025
Precisamos uns dos outros
11 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Sempre precisamos uns dos outros e saber que podemos ajudar ou com alguém contar se precisarmos faz bem! beijos, linda semana!chica
ResponderExcluirChica, querida,
ExcluirÉ isso mesmo… Saber que temos a quem recorrer, ou que podemos ser esse porto pra alguém, dá sentido à caminhada. Ninguém se fortalece sozinho o afeto compartilhado é o que sustenta a alma.
Obrigada pela presença sempre tão doce por aqui.
Um beijo grande e uma semana de luz!
Nanda!
Boa tarde de Paz, querida amiga Fernanda!
ResponderExcluirTive dois finais de semana convivendo com amigos na Serra.
Foi um exemplo típico para entrar em seu post e respirar aliviada.... ah!
A convivência sadia me encanta, apesar de ser seletiva na vida real, não me adéquo a qualquer ambiente, ou melhor, se estou com as pessoas sem distinção inicial e vejo que não estou configurada ao estilo de vida delas, saio de fininho...
Caso contrário, cada encontro vira uma festa linda.
Inclusive, acabei de receber uma ligação para outro convite.
É tão bom saber que somos requisitadas pela companhia, não mais.
Gosto de estar com as pessoas que gostem de estar comigo.
Graças a Deus, Ele me põe sempre em bom convívio!
Gosto muito do seu estilo de prosa poética bem escrita e afinada com o meu sentir.
Apesar de gostar muito de silêncio e retiros, Deus me chama à Missão, muitas vezes. Conviver é também missão.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos
Roselia, querida,
ExcluirQue coisa linda o que você escreveu! Também acredito que conviver é missão daquelas que exigem coração inteiro, presença verdadeira e um toque de sabedoria pra saber quando ficar e quando sair de fininho. Adorei a imagem da convivência como festa. Quando é leve, vira celebração mesmo. E você tem esse dom raro de fazer do simples um encontro sagrado.
Beijinhos com carinho,
Fernanda
Fernanda, minha nova amiga blogueira.
ResponderExcluirTem uma série documentário na Netflix, que se chama Zonas Azuis.
O que são Zonas Azuis? São os lugares no mundo onde existem mais pessoas que vivem acima dos 100 anos.
Essa série foi a cada um desses lugares para ver o que eles tem em comum, e o que esses centenários tem em comum.
Alimentação balanceada e com pouca carne, vida ativa, com exercícios leves, vida ativa na família, onde não são tratados como vovô e isolado de canto e o principal, que achei muito bacana: Todos os velhinhos com mais de 100 anos, se reúnem com amigos, quase todos os dias para jogar conversa foar e dar risada.
Isso vai bem de encontro ao seu texto.
Um abração!!!!
André, meu novo amigo cronista. Adorei saber da série Zonas Azuis! Já coloquei na minha lista com a pressa de quem quer viver até os cem😌 ou pelo menos rir como se tivesse todo esse tempo. Esse detalhe dos encontros diários entre os idosos me emocionou de um jeito quase infantil. Porque no fundo, é isso que todos queremos: continuar pertencendo. Seu comentário me fez pensar numa frase que nunca escrevi, mas sempre senti: que a verdadeira longevidade não está só na vida longa, mas na vida leve. E leveza, como bem disseram esses centenários, mora no riso partilhado, na conversa solta, no carinho sem prazo de validade.
ExcluirSabe, quando escrevi sobre mudanças dentro dos presídios, eu pensava justamente nisso: em como a convivência pode curar. Em como o riso, o trabalho, o reconhecimento e o afeto são remédios que não se vendem em farmácia, mas curam feridas mais profundas que qualquer bisturi alcança. Você trouxe um sopro de esperança com esse comentário e um lembrete bonito: viver bem não tem a ver com evitar a morte, mas com saber viver entre abraços, risos e vínculos reais. Um abraço enorme, desses que já contam como mil passos leves em direção à longevidade.
Com afeto,
Fernanda
Penso muito junto de Arthur Schopenhauer, que acreditava na Compaixão do Amor pelos outros, inspirado em uma visão de Jesus e do Budismo, pois todos somos "camaradas de sofrimentos". Estamos aqui sem ter pedido e sem saber o motivo.
ResponderExcluirDell,
Excluirtua lembrança de Schopenhauer me tocou fundo. Essa imagem de sermos “camaradas de sofrimentos” me parece uma das mais belas e honestas formas de falar da condição humana e do amor possível entre nós.
Estamos mesmo aqui sem manual, sem pedido prévio, às vezes sem chão.
E o que nos salva, se algo pode nos salvar, é essa ternura entre desconhecidos que reconhecem a dor um do outro sem precisar explicar.
Eu, como você, também penso muito nisso.
No que significa amar a partir da compaixão.
Não esse amor romântico e inflamado que o mundo nos vende, mas o amor quieto, que escuta, que respeita, que acolhe sem dominar.
A filosofia quando atravessa a vida assim, como um gesto simples de bondade, deixa de ser ideia e vira prática. E talvez o que tenhamos de mais nobre seja isso: a chance de ser abrigo mesmo num mundo que não nos perguntou nada. Obrigada por partilhar.
Foi bom pensar junto contigo.
Fernanda
Concordo com suas ponderações. Agradeço pelo texto.
ExcluirOuvi tantas vezes a música Saltimbancos e a representação em palco que não deixei de me lembrar dela ao ler o eu poema que nos convida a repensar. Elas reconhecem, minhas filhas, que tiveram um banco escolar em casa proveitoso. E apreenderam a letra como lição de vida. "Todos juntos somos fortes / Somos flecha e somos arco / Todos nós no mesmo barco / Não há nada pra temer //
ResponderExcluir- Ao meu lado há um amigo / Que é preciso proteger / Todos juntos somos fortes / Não há nada pra temer.!//
As lições de vida nunca serão esquecidas.
Afetuoso abraço, Nanda!
Eros, teu comentário é quase um segundo poema daqueles que a gente lê com o coração em mãos.
ExcluirA lembrança dos Saltimbancos me emocionou porque, sim, há algo de muito bonito nessa pedagogia afetiva que acontece em casa, no chão da sala, entre canções e olhares atentos. Que privilégio o das tuas filhas: crescerem com um banco escolar feito de amor, música e palavras que não esquecem.
“Todos juntos somos fortes” nunca foi só verso infantil é ensinamento político, ético, humano. E como é bom saber que ele segue forte nos gestos cotidianos, nas memórias que viram raiz.
Obrigada pelo abraço. Recebo como quem acolhe um velho amigo que sabe ouvir e lembrar.
Com carinho,
Nanda