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28 outubro, 2025
Resenha do livro : A complexidade das coisas banais, de Albino Santos
4 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)
Boa noite de paz querida amiga Fernanda e poeta Albino!
ResponderExcluirConheci o poeta pela nossa amiga em comum Olinda Melo.
Pelos seus poemas ou prosas poéticas no blog dele, se antevê como serão seus livros.
A descrição que faz da obra dele revela a preciosidade dela e a delicadeza sua como leitora agradecida pelo enlevo.
Cá entre nós, amiga!
Se o mundo fosse gentil como você é com todos, seria um paraíso.
Imagine que já ofertei livros a muitos e nenhum registro é feito. Às vezes, nem um obrigada.
Como gostamos de compartilhar por amor, continuaremos à medida do possível
Afinal, a dádiva é melhor do que o agradecimento que mais revela do que recebe o mimo.
Sua delicadeza me inspira a ser melhor.
A Palavra de Deus diz que por um justo, Ele salva a cidade toda...
Parabéns a ambos!
Tenha dias abençoados!
Beijinhos fraternos
P.S. Hoje foi dia da tarde alegre do coral.
Querida Roselia,
ExcluirQue comentário mais bonito e generoso o seu repleto de luz, ternura e verdade. É admirável como você transforma até uma simples mensagem em bênção: suas palavras acolhem, inspiram e fazem lembrar que a gentileza é, de fato, uma forma de oração.
Você tem razão: a dádiva verdadeira está no gesto, não na resposta. O amor que se oferece sem esperar retorno é o que realmente ilumina o caminho e sua presença aqui é exatamente isso, uma dádiva silenciosa e rara.
Que bom seria se o mundo tivesse mais corações como o seu, que enxergam beleza na partilha e fé nos pequenos gestos. Que a alegria do coral siga ecoando também nas suas palavras, que já são, por si, um canto de paz.
Com carinho e gratidão,
🙏🏻😘
Oi, Nanda, gostei dessa iluminura, desse jeito de revelar o jeito de Albino desvelar a complexidade das coisas banais. Aguardo o momento de descobrir como o poeta se constrói ou constrói o prazer de se lidar com as coisas banais.
ResponderExcluirNa minha agenda,
Um abraço,
Querido Eros,
ExcluirQue bonito isso que você escreveu “a complexidade das coisas banais”. É exatamente aí que a poesia se manifesta: na revelação do simples, no toque quase imperceptível que transforma o cotidiano em algo luminoso.
0 amigo Albino, tem mesmo esse dom de fazer o banal respirar, e é uma alegria ver que você o percebe com tanta sensibilidade. Sua leitura é um gesto de cumplicidade poética desses que unem quem escreve e quem lê num mesmo clarão.
Um abraço com gratidão 🙏🏻 🤗