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07 dezembro, 2025
Enternecimento
7 comentários:
depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)

Oi, Fernanda! Bom dia! Neste vasto e enigmático mundo, onde a indiferença e a ignorância parecem dominar, é evidente a falta de enternecimento que permeia nossas interações. É um fato intrigante e um tanto lamentável, mas essa realidade que envolve a humanidade se torna ainda mais evidente em nossos dias, onde tudo é realizado em uma frenética correria. Poucos são aqueles que se detêm a apreciar o sorriso inocente de uma criança, ou que se permitem desfrutar de uma conversa calorosa com uma pessoa idosa, ou ainda que se encantam com a suave dança da chuva, ou o magnífico espetáculo do nascer e do pôr do sol. E, para aqueles que ainda conseguem ver beleza nesses momentos, frequentemente são rotulados como excessivamente sensíveis, um estigma que, especialmente para o homem, é interpretado como um sinal de fraqueza nesta selva de pedra, dura e competitiva, que a vida se tornou. Lamentavelmente, a evolução do ser humano, tanto como sociedade quanto em sua essência mais profunda, parece estar aquém do desejável, fazendo com que muitos vivam, por assim dizer, em um estado automático, alheios à riqueza das experiências que a alma deveria abraçar, não é verdade. Abraço minha amiga e quero lhe agradecer por sempre comentar em meu humilde blog.
ResponderExcluirLindo,Nanda! Vejo tanto para nos enternecer pelos caminhos: crianças sorrindo, brincando como crianças, cachorrinhos alegres , passarinhos que chegam à nossa janela, minha TARTA que ao seu modo, sabe comunicar-se conosco... Tantas delicadezas na natureza ! Então, ainda bem elas contrabalançam com as durezas e asperezas...
ResponderExcluirVamos que vamos, né?
beijos, tudo de bom,chica
Uma flor nasce onde menos se espera e isso nos enternece. Uma criança que ri, um idoso que conta de forma simples as histórias de uma vida, tudo isso nos enternece. É como diz: o enternecimento devolve-nos o essencial e fortalece-nos neste mundo onde a dureza do sofrimento e das guerras se impõe. Porque o enternecimento pode dar-nos coragem e salvar-nos da indiferença ao que se passa neste mundo cruel e desumanizado. Bonita e bela a sua reflexão, minha Amiga Fernanda.
ResponderExcluirUma boa semana.
Um beijo.
Essa flor para mim tem o nome de margarida.
ResponderExcluirEra margarida que tinha no jardim da vizinha, dona Tereza.
E eu não consigo entender porque as flores mudaram de nomes.
Ontem, o Google quase me enlouquece.
Não me deixava ler nem comentar.
Estava me desconhecendo.
Beijo,
Amiga tão querida, boa tarde!
ResponderExcluirVenho de um retiro espiritual, sinto-me enternecida sim...
"A vida nos toque de dentro para fora."
Foi assim que, mais uma vez, o Senhor Deus me tocou, com suavidade e renovou minhas forças.
Realmente a ternura não é bruta em nehuma circunstância.
O 'morde e assopra' não vem de Deus...
Aqui, é preciso ser radical, todo amor é radical. Não se vai com meio-termo...
Não precisa de grandes vultos ou somas, só enternecimento autêntico, sincero.
Amar sem esperar retribuição é possível, enganar não.
Há como se ser fiel e autêntico em todos nossos atos.
Gosto demais de tudo que escreve e nos partilha com tanta fluidez e sinceridade.
Tenha dias de dezembro com enternecimento na alma!
Beijinhos fraternos
E como me enterneceu este belo texto, tocou-me do mesmo modo quando colho a nuvens na varanda do meu apartamento, ou quando me detenho numa vegetação leve e fico a olhar passarinhos. Depois desta leitura cheguei a pensar quanto seria interessante chamar os amores não alcançados para passar uma noite clara comigo.
ResponderExcluirNanda, seus textos são sempre um convite à reflexão e muito agradecido pelo lúcido comentário e cumplicidade com as minhas pantufas.
Abraços, querida amiga!
Só se enternece que tem sensibilidade á flor da pele.
ResponderExcluirUma abençoada semana, Fernanda.