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Eu amo escrever. Escrevo porque às vezes não cabe tudo aqui dentro. Porque há sentimentos que só se organizam quando viram palavras, e pensamentos que só fazem sentido quando dançam na página. Amo também olhar o céu e talvez isso diga tudo. Há quem olhe o céu para prever o tempo, eu olho para prever a mim mesma. Há algo em observar as nuvens, as estrelas ou o silêncio azul que me faz lembrar que existe poesia mesmo nos dias comuns. Este blog nasce desse encontro: entre a escrita e o céu. Vai ser um espaço para dividir pensamentos, contar histórias, guardar pedaços de mim e talvez, de você também, que me lê agora. Obrigada por estar aqui. Que você se sinta à vontade. Que cada texto seja como uma janela aberta, onde o vento entra leve e, quem sabe, traz um pouco de luz também

✿Amor sempre....

✿Amor sempre....
Caminho entre flores. O chão continuará pra nós com outras paisagens. Sou o que sou, porque é tudo que sei ser. E todo meu olhar escrito que você nunca aprendeu a ler, permanecerá no descaso para quem não compreende.

07 dezembro, 2025

Enternecimento

Aleatoriamente um toque de poesia


Há uma força delicada que não se impõe, mas toca. Não é barulho, nem espetáculo. É brisa mansa que atravessa a alma e a faz estremecer de ternura. O nome dela é enternecimento.

O enternecimento nasce quando o coração se abre ao simples: o riso de uma criança, o olhar de um idoso que guarda histórias, a flor que insiste em nascer na rachadura do asfalto. Ele não exige nada, apenas nos lembra que, por trás da dureza da vida, há sempre algo de suave sustentando tudo.

É nesse estado de doçura que nos tornamos mais humanos. O enternecimento não enfraquece, ao contrário: fortalece o espírito porque nos devolve ao essencial. Quem se permite enternecer-se aprende a enxergar com os olhos de Deus, que nunca vê apenas defeitos, mas possibilidades; nunca olha apenas para a dor, mas também para a semente de luz escondida nela.

É preciso coragem para enternecer-se em um mundo tão duro. Coragem para não endurecer, para não reagir com frieza, para continuar escolhendo a ternura em vez do cinismo. Mas é justamente essa escolha que nos salva da indiferença.

Enternecer-se é permitir que a vida nos toque de dentro para fora. É aceitar ser sensível sem se sentir frágil, é acolher sem medir, é amar sem esperar retorno. É, enfim, lembrar que a alma tem raízes de luz.

E quando me enterneço, sinto que estou mais perto do coração divino.


Fernanda

7 comentários:

  1. Oi, Fernanda! Bom dia! Neste vasto e enigmático mundo, onde a indiferença e a ignorância parecem dominar, é evidente a falta de enternecimento que permeia nossas interações. É um fato intrigante e um tanto lamentável, mas essa realidade que envolve a humanidade se torna ainda mais evidente em nossos dias, onde tudo é realizado em uma frenética correria. Poucos são aqueles que se detêm a apreciar o sorriso inocente de uma criança, ou que se permitem desfrutar de uma conversa calorosa com uma pessoa idosa, ou ainda que se encantam com a suave dança da chuva, ou o magnífico espetáculo do nascer e do pôr do sol. E, para aqueles que ainda conseguem ver beleza nesses momentos, frequentemente são rotulados como excessivamente sensíveis, um estigma que, especialmente para o homem, é interpretado como um sinal de fraqueza nesta selva de pedra, dura e competitiva, que a vida se tornou. Lamentavelmente, a evolução do ser humano, tanto como sociedade quanto em sua essência mais profunda, parece estar aquém do desejável, fazendo com que muitos vivam, por assim dizer, em um estado automático, alheios à riqueza das experiências que a alma deveria abraçar, não é verdade. Abraço minha amiga e quero lhe agradecer por sempre comentar em meu humilde blog.

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  2. Lindo,Nanda! Vejo tanto para nos enternecer pelos caminhos: crianças sorrindo, brincando como crianças, cachorrinhos alegres , passarinhos que chegam à nossa janela, minha TARTA que ao seu modo, sabe comunicar-se conosco... Tantas delicadezas na natureza ! Então, ainda bem elas contrabalançam com as durezas e asperezas...
    Vamos que vamos, né?
    beijos, tudo de bom,chica

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  3. Uma flor nasce onde menos se espera e isso nos enternece. Uma criança que ri, um idoso que conta de forma simples as histórias de uma vida, tudo isso nos enternece. É como diz: o enternecimento devolve-nos o essencial e fortalece-nos neste mundo onde a dureza do sofrimento e das guerras se impõe. Porque o enternecimento pode dar-nos coragem e salvar-nos da indiferença ao que se passa neste mundo cruel e desumanizado. Bonita e bela a sua reflexão, minha Amiga Fernanda.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  4. Essa flor para mim tem o nome de margarida.
    Era margarida que tinha no jardim da vizinha, dona Tereza.
    E eu não consigo entender porque as flores mudaram de nomes.

    Ontem, o Google quase me enlouquece.
    Não me deixava ler nem comentar.
    Estava me desconhecendo.
    Beijo,

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  5. Amiga tão querida, boa tarde!
    Venho de um retiro espiritual, sinto-me enternecida sim...
    "A vida nos toque de dentro para fora."
    Foi assim que, mais uma vez, o Senhor Deus me tocou, com suavidade e renovou minhas forças.
    Realmente a ternura não é bruta em nehuma circunstância.
    O 'morde e assopra' não vem de Deus...
    Aqui, é preciso ser radical, todo amor é radical. Não se vai com meio-termo...
    Não precisa de grandes vultos ou somas, só enternecimento autêntico, sincero.
    Amar sem esperar retribuição é possível, enganar não.
    Há como se ser fiel e autêntico em todos nossos atos.
    Gosto demais de tudo que escreve e nos partilha com tanta fluidez e sinceridade.
    Tenha dias de dezembro com enternecimento na alma!
    Beijinhos fraternos


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  6. E como me enterneceu este belo texto, tocou-me do mesmo modo quando colho a nuvens na varanda do meu apartamento, ou quando me detenho numa vegetação leve e fico a olhar passarinhos. Depois desta leitura cheguei a pensar quanto seria interessante chamar os amores não alcançados para passar uma noite clara comigo.
    Nanda, seus textos são sempre um convite à reflexão e muito agradecido pelo lúcido comentário e cumplicidade com as minhas pantufas.
    Abraços, querida amiga!

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  7. Só se enternece que tem sensibilidade á flor da pele.
    Uma abençoada semana, Fernanda.

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depois que a letra nasce
não há silêncio
há um choro que só eu ouço
e um medo que ninguém vê
o medo de mostrar demais
de sangrar diante de estranhos
de ser lida com desdém
ou pior: com pressa
porque parir palavras
é também deixar o peito aberto
num mundo que não sabe lidar
com quem sente fundo
a escrita respira fora de mim
e eu, nua, assisto
alguns dizem que é lindo
outros nem leem até o fim
há quem tente vestir meu poema
com a própria assinatura
como se dor fosse transferível
como se parto tivesse atalho
e é aí que mais dói
quando roubam o nome da minha filha
e fingem que nasceu de outra boca
quando arrancam o umbigo do texto
e dizem: “isso é meu”
não é
eu sei cada madrugada que ela levou
cada perda que empurrou esse verso
cada lágrima que virou frase
não quero aplauso
mas exijo respeito
porque minha escrita
anda no mundo com meu rosto
meus olhos, minha história
e quando alguém a toma como se fosse nada
está me dizendo:
“você também é nada”
mas eu sou tudo
o que ninguém teve coragem de escrever
e continuo parindo
mesmo ferida
porque escrever é a única forma
que conheço de sobreviver
(Fernanda)